domingo, 21 de julho de 2019

“ O convite “ 08

O carnaval chegou. Estou em Belo Horizonte com Talita, Lorena e Gabi. Me hospedei na casa de Gabi junto com minha cunhada.

- Olha só, ficou maravilhosa! - Talita disse, após ver o resultado da maquiagem que fiz em Lorena.

- Quero ver. - Lorena levantou-se rapidamente e quando se olhou no espelho, soltou um grito. - Maravilhoso! - Disse em êxtase.

- Sua louca! - Gabi disse rindo. Estamos todas na casa dela, nos arrumando para irmos ao primeiro show que Gabi vai fazer no carnaval.

- Eu tava morrendo de saudade de ter a Lavínia aqui! E não era por causa das makes. - Ela disse, piscando o olho e nós rimos.

- Ah não né?! Sei. - Falei. - Vem, Talitinha. - Chamei minha cunhada, que será a próxima. Ainda são 15hrs, Gabi se apresentará em um trio, que promete lotar, com várias outras atrações. Gabi atendeu o celular, que começou a tocar pela milésima vez. É uma loucura! Logo que ela desligou, lhe perguntei: - É essa loucura sempre?

- Não. - Ela riu de leve. - É carnaval, muitos amigos vão. Minha assessoria fica me relembrando vários detalhes. Inclusive, o Victor vai. - Olhou para Lorena.

- Quem é Victor? - Perguntei, concentrada na maquiagem de Talita.

- O assessor pessoal da Gabi. - Lorena disse, pegando o celular, evitando de nos olhar.

- Ele assumiu esse cargo já tem um ano. Lorena e ele se pegam as vezes.

- Por que você nunca me disse? - Perguntei.

- Ah, é só mais um cara. - Deu de ombros. Olhei Gabi e vi ela negar com a cabeça, como quem não acredita no que Lorena diz. Franzi a testa, sem entender por que ela nunca disse nada.

- Já ficam durante um ano? - Voltei a perguntar.

- Sim. Mas não é uma coisa rotineira. As vezes, bem as vezes. - Lorena se explicou e então eu fiquei calada. Pô, ela fica com um cara já faz um ano e não me disse nada. Voltei toda minha atenção para Talita e todos ficaram calados. - Lavínia, para com isso.

- O que? - Continuei o meu trabalho em minha cunhada.

- Eu te conheço. Sei que tá chateada, você nunca sabe disfarçar. - Parei com Talita e voltei a olhar pra ela.

- Isso já tem um ano e você nunca, nunca falou sobre ele. Enquanto eu, até essa coisa doida com o Luan, eu dividi com vocês. Porque vocês são minhas melhores amigas. - Desabafei.

- Desculpa, eu sei. Mas teve todo esse lance com o Bernardo, eu não queria te encher com coisas bobas. - Suspirou e imediatamente eu entendi. Meu último ano foi todo para Bernardo. Somente pra ele.

- Eu sei. Mas você sabe que pode contar comigo, não sabe? - Reforcei.

- Claro que sei. Eu amo você. - Soltou beijo.

- Eu também. - Sorri de lado.

- Que lindas! - Gabi bateu palmas, empolgada e todas nós rimos.

- Idiota. - Eu disse.

- Lavínia é muito sentimental, gente. - Talita comentou. E logo todas se juntaram para expor todo o meu jeito.
Terminei todas as maquiagens e quando isso aconteceu, a equipe da Gabi chegou. Nós vamos de van, todos juntos. Eles começaram a nos apressar e eu ainda nem me vesti. Foi uma pequena correria, mas no fim deu tudo certo. Saímos atrasadas, mas deu certo. No trajeto, conheci todos eles. Inclusive o tal Victor. Ele não demorou a puxar papo com a Lorena, enquanto Gabi recebeu algumas orientações da sua equipe. Eu aproveitei para conversar um pouco com Talita e também para postar a foto que bati rapidamente antes de sairmos:
“ golden butterfly 🦋✨“

Logo me deparei com a foto de Lorena:
“ Uma Carmem Miranda carnavalesca 💃🏾Make: @laviniableasby “
Comentei com um emoji: 😍

Vi também uma publicação de Luan, nela ele diz que estará se apresentando em Salvador, no trio da Anitta. Não nos falamos muito desde sua ligação. Apenas vez ou outra respondemos stories um do outro, rolou aquela pergunta clichê “ tudo bem? “, somente o básico mesmo. Não sei como definir isso, muito menos o que está rolando.

- Amiga, Luan vai tá comigo amanhã. - Gabi falou e eu franzi a testa. Porra, como ela sabe que eu estava pensando nisso?

- É? Aonde? - Perguntei, tentando passar o máximo de naturalidade possível, mas confesso, senti um frio na barriga.

- No show que vai rolar no Rio. - Gabi olhou sua assessora de imprensa.

- Vai ser no sambódromo mesmo. Os shows vão acontecer antes de as escolas entrarem. Vai passar um trio no sambódromo, enquanto todos ficam das arquibancadas assistindo. - Suelen explicou.

- Que legal, amiga! - Falei, ouvindo a risadinha da Talita.

- Pois é. Devia falar com ele. - Ela deu de ombros. Sei que está sugerindo um encontro. Ri de leve, um pouco nervosa.

- É, acho que vou. - Falei, mas na verdade, acho bem difícil eu ir falar com ele. No mesmo instante a van parou e nós descemos. Gabi foi convidada para participar do trio do Léo Santana. Ela entrará antes dele, vai dividir o palco com Luíza Sonsa, eu ouvi poucas músicas dela. Mas parece ser boa. Meu celular tocou e logo vi que é meu primo. Alguns primos disseram que viriam pra cá hoje. Atendi animada enquanto caminhamos com ajuda de seguranças, para que sejamos deixadas no lugar certinho. Um porta se abriu na parte de baixo do trio e eu me surpreendi com a estrutura. Lá fora a lotação já toma conta, enquanto um homem canta em cima do trio. Continuei falando com meu primo, marcando de nos encontrar. Quando ficou tudo acertado, eu desliguei. Vi Lorena batendo a foto de Gabi e então voltamos a caminhar. Mais uma porta e um pequeno camarim.

- Isso é ainda mais impressionante por dentro. - Talita falou.

- Eu também achei. - Ri de leve.

- Amiga, retoca minha maquiagem? - Gabi pediu e eu prontamente atendi. Trouxe minha maleta. A equipe de Gabi começou a se espalhar, cada um com seus afazeres e grande parte saiu do camarim.

- Gabi, o Léo vai vir aqui. Dentro de uns cinco minutos, pra te receber. - Victor disse, após desligar o celular. Procurei Suelen e não encontrei.

- Tá. - Minha amiga respondeu.

- Ei! Você aí! Me da um dinheiro, aí. Me da um dinheiro aí. - Lorena começou a cantar, olhando Victor. Ele negou com a cabeça, com um sorriso, enquanto ela continua pulando e repetindo a mesma parte da musica, nos fazendo rir. Victor aproximou o celular do ouvido novamente e ela passou os braços em volta do pescoço dele.

- Eu tô trabalhando, sua maluca. - Ele falou enquanto ela continua a cantar. Me concentrei em Gabi novamente, enquanto Lorena agora pegou Talita e as duas estão cantando. Bateram na porta e logo um baixinho abriu, esqueci o nome dele.

- Luiza Sonsa. - O baixinha anunciou e Victor ficou ainda mais sério. Ele é muito charmoso. Tem os cabelos um pouco abaixo das orelhas, liso, ele é sexy. Eu entendo Lorena.

- Gabi? - Ele olhou minha amiga e ela assentiu. - Pede pra entrar, Cláudio. - Logo a cantora apareceu. E eu finalizei o retoque em minha amiga. Luiza é uma mulher linda! Logo exalou simpatia e não demorou a começar uma conversa conosco. Acabamos dançando sua música, seguindo a coreografia dela. E então, não parou de entrar gente. Alguns amigos de Gabi, que eu ainda não conhecia. Todos foram apresentados. Léo Santana foi um exemplo de simpatia e humildade. Ouvi muito falar dele. Sua companheira também esteve no camarim e isso já me deixou bastante animada. Chegou a hora do show, subimos. Ficamos em cima do trio, curtindo o animado show das duas. Foi impossível não cantar famosas músicas de carnavais, outras mais atuais. Logo mais desci e encontrei meus primos. E aí, mais risadas, mais diversão. Eu me joguei muito e não lembro a última vez que me diverti assim. Subi novamente, já a noite, ouvimos Léo Santana. Finalizou a festa com mais de duas horas em cima do trio. Tudo começou cedo, então acabou cedo também. Tudo se encerrou a pouco mais de meia noite. Eu bebi um pouco, mas não estou bêbada. A mais alterada é Talita. Alguns caras chegaram em mim, mas todos levaram um não. Minha reação não seria outra. Nem Luan conseguiu, mesmo com um fim de semana juntos, sendo extremamente bacana e me deixando terrivelmente atraída. Não vai ser um cara bêbado, com papo furado, que vai conseguir. Eu ainda sou muito ligada à Bernardo, não é segredo.

Já na van, Victor convidou:

- Bora curtir na minha casa? - Falou alto e logo todos se animaram.

- Vamos, vamos sim! - Lorena bateu palmas, animada. Não vi eles trocando beijo, mas também não vi ela beijando minguem. A única da turma que eu vi beijar, foi Talita. Minha cunhada se jogou muito, aproveitou mesmo. Carnaval tem esse poder mesmo.

- Uhuuuuuu!!! Eu quero tequila! - Talita gritou e abraçou Lorena, que está ao seu lado. Eu ri das duas. São doidinhas.

- Cê ainda quer, amiga? - Gabi, que está sentada ao meu lado, perguntou.

- Sim, vamos. - Sorri e ela também.

- Eu te vi muito animada hoje. Você não imagina minha felicidade por isso. - É, todos sabem do meu drama com Bernardo.

- Eu sei. Te amo. - Beijei sua bochecha.

- Vai falar mesmo com Luan? - De novo? Suspirei.

- Não sei. - Ri de leve.

- Por que?

- Porque não sei. - Dei de ombros e abri o Instagram. Ela parou de perguntar, percebeu que não quero falar. Vi sua foto de cara:
“ Apostei em pouco brilho haha “

Sorri com a legenda e comentei: hino de mulherrrrr “
Seguimos para a casa de Victor, direto, sem parada pra nada. Grande parte da equipe topou a continuação da festa, poucos foram pra casa.

Ao chegarmos ele nos acomodou num espaço próximo à piscina, totalmente coberto e com sofás, cadeiras. Parece que foi feito exatamente pra receber pessoas.

- Quero uma foto aqui. - Talita disse e já foi me dando seu celular. Fez pose e eu bati algumas. - Vou postar agora. - Sentou-se na cadeira e eu ouvi Victor acertar com outros meninos sobre bebidas e comidas. Eles vão providenciar tudo.

- Cadê o funk? - Lorena perguntou.

- Calma aí, loira. - Victor falou e eu sorri. É a primeira vez que eu ouço ele demonstrando, de certa forma, afeto por ela publicamente.

- Barbie! - Talita berrou e me mostrou sua foto. - Ficou boa?
“ Mulher solar ☀️“

- Ficou ótima. - Respondi

- Maravilhosa! - Ela reforçou, de forma embolada. Começou a tocar funk e Lorena puxou ela. As duas começaram e eu ri, olhando-as. Logo as bebidas chegaram e nós começamos a beber novamente, dançamos e então eu pude ver em alguns momentos, Lorena e Victor trocando beijos.

O sol já estava bem presente, quando os dois sumiram e mesmo alteradas, Gabi e eu deduzimos que eles foram transar.

- É sempre assim, amiga.

- Se ele sai junto com a gente, ela não fica com ninguém, nem ele. No fim, acabam ficando. Mas nunca passa disso, eu não sei bem porque.

- Talvez eles não estejam numa fase pra namorar. Ela é atriz, tem uma vida corrida quando faz alguma novela, ou peça. Ele vive com você. E você vive pelo mundão.

- É, tem razão. As vezes eu paro pra pensar e percebo que cada uma de nós tomou um rumo na vida né?! - Sorri, assentindo.

- Eu lembro que eu queria ser médica. Agora sou maquiadora e gerencio uma loja. - Nós rimos e eu olhei Talita dormindo. É, ela não aguentou tanta bebida e dormiu.

- Eu sempre quis ser cantora. - Gabi disse e eu concordei. Minha amiga sempre foi talentosa.

- Lorena queria ser modelo. - Nós rimos.

- Do tamanhinho que nasceu. - Gabi negou com a cabeça.

- Venham dançar, porra! - Um dos meninos da equipe disse, muito bêbado.

- Vamos. - Gabi levantou, já rebolando ao som do funk. Fiz o mesmo e então meu celular tocou. Me surpreendi ao ver o nome do Luan. Foi impossível o meu coração não reagir.

- Venho já. - Falei pra Gabi e apontei para o celular. Me afastei um pouco da música e atendi. - Oi.

- E aí, loirinha. Te acordei? - Sorri.

- Não. Eu ainda nem dormi.

- Eu também não. - Ele riu de leve. - Te liguei porque acabei de saber que a Gabi e eu vamos estar no mesmo show hoje. Cê vem com ela pro Rio de Janeiro?

- Eu vou. Eu já tava sabendo que vocês dois iriam cantar no mesmo trio, no sambódromo.

- E nem pra me ligar, loirinha? - Sorri novamente. Ele me chama assim, as vezes.

- Fiquei sabendo pouco antes do show de ontem, não tive tempo desde então.

- Entendi. Curtiu muito? - Ele perguntou, com certa curiosidade.

- Sim. E você? Fez bom show?

- Fiz. Fiz sim. A gente se vê mais tarde? - Mordi os lábios pensando na possibilidade.

- Uhum, nos vemos.

- Você tá bêbada?

- Alterada. - Ri e ouvi ele rindo também.

- Vem passar o dia comigo. - Pediu e minha barriga se contraiu. Porra!

- Não sei, tenho que ver com a Gabi.

- Tá com ela aí?

- Tô.

- Deixa eu falar com ela rapidinho.

- Luan...

- Passa pra ela, por favor. - Revirei os olhos e gritei por Gabi que logo veio correndo.

- Luan quer falar com você. - Lhe dei o celular e logo ela atendeu. Falaram pouco e vi ela concordar com algo muito empolgada, em seguida desligou.

- Nós vamos pro Rio o mais rápido possível. Vamos passar o dia com o Luan e a galera dele. - Isso me atingiu muito. Agora é certo. Eu vou encontrar ele de novo, vamos passar mais horas juntos. Suspirei e assenti. Vamos lá, a tentação me espera no Rio.






Oiiiiiii meninas! Cheguei com um capítulo e tanto heinnnn?! O que acharam??? Nem preciso perguntar qual foi o auge desse capítulo. Parece que vai ter um encontrãooo aí. Será que Lavínia vai mesmo? O que vai rolar? Será que o beijo sai? O que achammm? 🤭
Comentários respondidos.
Bjs, Jéssica ❤️

domingo, 7 de julho de 2019

“ Ligação na madrugada “ 07

Fiz o show da noite, me sentindo exausto, e hoje já completam três dias longe de casa. Vou passar duas longas semanas longe da minha família. Entre shows, entrevistas e trabalhos com algumas marcas. Não falei mais com Lavínia depois do dia em sua casa, não sei se devo, nem como devo. Mas tenho vontade. Jamile falou comigo mais cedo. Em um semana ela estará em São Paulo. Está com algumas parcerias por aqui, vem a trabalho e quer me ver. Eu também quero ver ela. Além de tudo, ela é uma grande amiga. Cheguei no hotel, que mais parece uma pousada. O gerente nos ofereceu churrasco, tomei um banho rápido e já fui encontrar com toda a equipe, todos já estão comendo, bebendo... Edgar, Arleyde, Wellington, Márcio, Max que é meu tio e um grande amigo. Ele também trabalha comigo. 

- Já tão em ação? - Sorri e cumprimentei o cara que está responsável por cuidar de todo o churrasco.
 
- Já, viado. Experimenta essa. - Max me ofereceu um pedaço de carne. 

- Cadê o gerente, pensei que ele tivesse por aqui. - Falei já pegando a carne. 

- Quis deixar a gente a vontade. - Edgar disse. 

- Só falta uns modão hein?! - Negão disse. 

- Nem trouxe o violão. - Fiz careta. 

- A capela mesmo. - Arleyde disse e então eu sorri. Ela nunca pede pra eu cantar, então já que até ela insistiu é porque realmente quer me ouvir.

- Diz uma aí, marcião. - Ele logo falou uma bem antiga e então eu comecei, aproveitando o momento com essas pessoas que são uma segunda família pra mim. A banda está em outro hotel, se estivessem aqui, a farra estaria triplicada. É inevitável a angústia, saudade, culpa que estou sentindo... não sei. Eu ri, cantei, brinquei, mas pensei em Lavínia durante todo o tempo. Ela já vem me perseguindo nos meus pensamentos faz uns dias. Até eu estou me estranhando. Acho que, pelo fato de com ela ser uma situação diferente, acaba mexendo mais comigo.
- Continua aí, preciso fazer uma ligação. - Falei me afastando, já pegando meu celular. É madrugada, mas eu preciso falar com ela. Eu agi feito um babaca. Sumi, quando ela me pediu pra me manter próximo. Rapidamente liguei, chamou, chamou, chamou e então ela atendeu. 

- Alô? - A voz sonolenta e logo eu me senti aliviado. Que negócio estranho e bom. 

- Tava dormindo? - Perguntei sorrindo. 

- Luan? - Sua voz ficou um pouco mais grave, como quem está realmente surpresa. 

- É. - Ri de leve. - Apagou meu número? 

- Não. É que eu acordei atordoada, nem vi quem era. Tá tudo bem? Aconteceu alguma coisa? - Falou imediatamente preocupada. Eu sou um idiota mesmo. 

- Não. - Suspirei, sem saber direito o que dizer sem parecer esquisito. - É que esses dias foram corridos, não consegui falar com você. 

- Ah, sim. - Ela suspirou também. Sentei na grama, enquanto todos continuam a cantar, olhando para o pequeno lago a minha frente. 

- Como você tá? 

- Eu tô bem. Pensei que tinha te assustado tanto no outro dia, que você não quisesse mais falar comigo. 

- Não, que isso Lavínia. - Comecei a pegar nos matinhos . - Eu realmente não tive tempo. Se eu tiver incomodando por ligar agora, ou se for muito inapropriado, pode me falar. 

- Relaxa. Amanhã é domingo. Vou passar o dia em casa. 

- Folguinha  né? 

- Merecida. - Riu de leve. - E você? Tá tudo bem? 

- Tá sim. Tô numa espécie de pousada, olhando pra um lago muito bonito, com uma lua mais bonita ainda e falando com você. 

- Olha só como você tem sorte. - Disse convencida e eu ri. Ela é tão leve, logo me deixa assim também. 

- Eu me sinto com sorte. - Ela ficou calada do outro lado. - Como vão os negócios? - Mudei de assunto. 

- Bem. Cansativos, mas bem. Acredita que nós fechamos uma parceria semana passada, já com evento marcado pra duas semanas? Aqui tá tudo uma loucura, menino. - Ela disse com um pouquinho do sotaque de Belo Horizonte e eu sorri, mordendo meu lábio inferior. 

- Mas você e sua equipe vão mandar ver. 

- É, eu também acredito em nós. E você? Alguma novidade? 

- Nada. Correria de sempre, dormir tarde, acordar mais tarde ainda, shows, trabalho... - Ouvi sua risadinha. 

- Mas cê é feliz assim. 

- Muito. - Respirei fundo. - Tô sentindo saudade. 

- Do que? - Ela pareceu realmente não entender. 

- De você. - Ela riu. 

- Para de graça. 

- É sério, pô. Cê sabe que mexe comigo. 

- Oi? A ligação cortou. - Ela disse e logo riu. Tá se desfazendo de mim. 

- Palhaça. - Neguei com a cabeça. - Mas se sabe, num sabe? 

- Você diz né... - Falou desacreditada. 

- Você sabe que mexe comigo. - Ela riu e logo mudou de assunto: 

- Vai passar o carnaval aonde? 

- Mudando de assunto, mas tudo bem. Eu vou trabalhar e você? 

- Viajar. 

- Rio? 

- Na verdade, vai ser uma pequena loucura. Vou acompanhar a Gabi em alguns shows. Junto com mais uma amiga nossa e também com a minha cunhada. - Suspirei ao perceber que ela insiste em chamar a Talita de cunhada, mesmo não sendo mais isso. Sei também que ela se refere à sua melhor amiga, Gabi Martins. Ela me falou sobre sua amizade, durante uma de nossas conversas.
Massa. Cê já sabe por onde vai passar? 

- Vou pra Belo Horizonte, pro Rio e depois aqui em São Paulo. 

- Eu também vou tá no Rio e em Sampa. 

- Quem sabe a gente se ver né?! 

- Quer me ver? - Não escondi um sorriso sapeca. 

- Quero, você é legal as vezes.

- Legal? As vezes? Sua cara de pau! - Falei e ela gargalhou, me fazendo gargalhar também.
 
- Você sabe. - Ela disse, após conter a risada.

- Sei o que? 

- Você sabe, Luan. - Disse sem graça, acho que ela está falando sobre eu saber que isso é brincadeira e o que ela pensa sobre mim é totalmente diferente. 

- Não sei não, pô. - Ri de leve. 

- Cê vai ficar fazendo isso mesmo? - Ouvi sua risada. 

- Certo, eu sei. - Falei sorrindo. - Você não quer ir dormir? você precisa descansar. - mudei de assunto, com medo de estar incomodando muito.

- Não tenho problema em ficar acordada mais um pouco. - Ergui as sobrancelhas e meu sorriso ficou ainda mais largo. 

- Ah! Então você quer falar comigo. 

- Nossa, que convencido! - Eu soltei uma risada e ela me acompanhou.

- Quando a gente vai se ver de novo? - Mordi os lábios. 

- Não sei. Talvez quando você estiver por aqui. 

- Quando eu tiver por aí, cê topa sair comigo? 

- Como amigos? - Gemi frustrado. 

- Lavínia! - Ela riu. 

- Pode parar, uai. - Mais uma vez o sotaque lindo. 

- Tá, como amigos. - Me rendi.

- Jura?

- Juro. 

- Então tá, a gente se ver. 

- Combinado. Me conta, tá tudo bem com o casal? - Continuei puxando assunto. 

- Vão bem, aquela paixão toda que cê viu. Não falou mais com o Marco? 

- Ah, falei sim. A gente sempre conversa. 

- Entendi. - Logo ela puxou mais assunto e quando me dei conta, já estava quase uma hora conversando com ela. Só desliguei depois que Max e Edgar começaram a pegar no meu pé, me deixando sem privacidade.

Lavínia, 8:30
Acordei cedo, mais tarde que o normal, mas ainda assim, cedo. Poderia ter dormido mais e ainda me sinto cansada. Luan me fez ir dormir bem tarde e logo após sua ligação, eu fiquei feito uma bobona, mas também refleti sobre um pequeno deslise que ele deu. Disse que não me ligou por falta de tempo, mas disse também que sempre fala com o Marco. Ou seja, ele estava sem tempo pra mim. Isso é uma merda. Eu sei, sou complicada, mas eu pedi pra ele não se afastar e ele passou dias sem dar nenhum sinal de vida. Eu gosto dele. Tenho carinho. Luan foi extremamente compreensivo comigo, amigo, engraçado. Foi a primeira pessoa que eu conheci aqui em São Paulo depois de Marco. Quando digo conhecer, quero dizer ter mais proximidade. Afinal, meus vínculos de amizade por aqui são pouquíssimos. Na verdade, nunca tive muitos amigos. No exterior apenas alguns amigos de escola e faculdade. Temos sim muita história pra contar, mas meus melhores amigos sempre foram minha irmã, minha cunhada, Gabi e Lorena. Bernardo era um dos melhores amigos que já tive também. Sinto sua falta. Suspirei e olhei a hora novamente. Se passaram cinco minutos desde que comecei com meus pensamentos aleatórios. Vi algumas mensagens no grupo da família e também vi uma mensagem de Lorena. Ignorei e peguei meu notebook. Comecei a trabalhar logo cedo. Mesmo em casa, administrar uma loja suga meu tempo. Minha mãe me auxilia muito, é uma das pessoas que mais falo no dia. Mas tem muitas burocracias envolvidas. Talita, Clarissa e eu temos reuniões quase todos os dias e acabamos passando um pouco do horário comercial. Conferências acontecem para que haja sempre inovação e qualidade em nossos produtos. Minha mãe está cada vez mais em expansão com sua marca, temos que trabalhar duro para que o crescimento seja continuo. Me concentrei na planilha de lucros e gasto da loja e então sobressaltei quando ouvi meu celular tocar. Meu pai. 

- Oi, príncipe. - Atendi com um sorriso.

- Oi, meu amor. Tudo bem? - Ele fala português muito bem. Se não disse ainda, ele é australiano. Morou no Brasil após se casar com minha mãe, acabamos voltando pra Sidney, sua cidade natal e permanecemos lá desde então. 

- Tudo sim. E com você?

- Vou bem. Com muita saudade de vocês, mas bem. Já liguei pra Clarissa, caso contrário ela iria falar sobre isso durante uma semana. - Eu ri. Clarissa sempre foi mais dramática. 

- Uma semana só, pai? - Ele riu. Que saudade dele. - Sinto sua falta. 

- Quando vamos nos ver de novo? 

- Já disse que não sei. - Ri fraco. 

- Se demorar muito, eu largo aqui e vou aí ver vocês. 

- Eu sei que você é bem capaz disso, mas você tem responsabilidades.

- E saudade das minhas filhas também. 

- Eu sei. - Suspirei, morrendo de saudade. 

- Sua irmã está apaixonada mesmo né? - Sorri. Ele fala tudo muito corretinho, eu acho isso adorável. 

- Tá. Ele é muito legal, pai. Também já te falei sobre isso. Não precisa se preocupar.
 
- Como não? Ela é minha bebê mais novinha. - Eu ri.

- Isso é ridículo. 

- Você também é minha bebê.

- Pai! - Reclamei e ele riu. 

- E você? Só trabalhando?

- Sim, muito. Mas vou viajar com a Gabi, Lorena e Talita no carnaval.

- Ah, o Brasil para quando chega o carnaval. Qual o destino de vocês?
BH, Rio e São Paulo. 

- Três? Vão viajar muito hein?! E sua irmã? 

- Vai viajar com o namorado. Vão pra um lugar tranquilo no Rio de Janeiro. Não lembro ao certo o nome da praia. Mas é uma praia. 

- Sei. Ela me disse mesmo. Vocês se cuidem tá? Carnaval é uma bagunça só. 

- Eu sei, já sou grandinha.

- Pra mim nunca vão crescer. - Eu ri. Ele começou a contar acontecimentos do seu dia a dia, coisa boba, e ficamos conversando durante longos e adoráveis minutos. Quando ele desligou, eu voltei minha atenção ao computador. 

- Lavínia! Larga o trabalho! - Talita gritou do outro lado da porta. Como ela sabe? Eu ri sozinha.

- Sai! - Gritei de volta.

- Sai nada. Vamos a praia? Abre essa porta, Lavínia. - Levantei e assim fiz. - Desde que cheguei aqui vocês não me levaram a praia. Que tipo de amigas são vocês? - Eu ri.

- Oi, Talita. Bom dia! Dormiu bem? Eu dormi, obrigada. - Ela me deu um tapa no ombro e me mostrou seu sorriso lindo. 

- Vamos? 

- Vamos. - Aceitei na hora. - Clarissa vai? 

- Aquela parece que tá morta. Chamei, chamei...

- Ela tem o sono pesado. 

- Chegou já pela manhã. Eu ouvi ela tropeçando am alguma coisa. Depois fala de você. - Caminhamos até a cama. 

- Ficou à noite toda fora? 

- Sim, com o Marco. Eu nunca vi ela assim antes. 

- Eu também não. - Fechei o notebook.

- O que foi? - Franziu a testa.

- O que? - A olhei. 

- Você aí, tá estranha. Te conheço, Barbie. - Respirei fundo. 

- Luan me ligou nessa madrugada. - Ela arregalou os olhos.

- Não era ele que tava sumido? Por que cê num disse: oi sumido! - Ela disse, toda irônica e eu ri 

- Você é muito debochada. Já te disseram isso?

- Já. Várias vezes. Me diz, o que ele queria?

- Conversar. Disse que sumiu porque estava sem tempo, mas eu não acredito muito nisso. 

- Será que ele é um babaca? - Fez careta.

- Eu acho que não. O problema sou eu, tô confusa comigo mesma e nem eu sei lidar com isso, imagina ele. 

- Já te disse o que acho. Você deve ser mais leve, relaxar. Aproveitar mais. Segue sua vida. 

- Tô seguindo. - Sorri de lado. - Vamos acordar aquela garota? - Levantei.

- Bora. - Ela levantou também e então depois de tentar bastante, conseguimos acordar Clarissa. Ela topou a praia e acabamos passando boas horas lá. Luan foi assunto, por conta da ligação, Marco foi assunto, por conta de Clarissa estar muito apaixonada. A mudança para o Brasil foi assunto, afinal, Talita chegou a pouco tempo. Entre tanto outros assuntos e risadas. Eu amo tanto essas duas. Sou doida por elas e mais ainda por nós, quando estamos juntas.





Oiiiiiii! Demorei né?! Mas olha, esses dias foram corridos. Mas já cheguei com capítulo pra vocês. O que acharam? Luan ligou, eles tiveram uma conversa muito fofinha né?! A cada capítulo fica mais difícil não shippar né?! Lavínia percebeu que Luan se contradisse... e aí? O que acham que vem pela frente? 🤫
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