domingo, 12 de dezembro de 2021

“ Juntos em um dia chuvoso “ 89

Logo que chegamos ao apartamento começou a chover. O dia em São Paulo estava muito fechado, a chuva era só questão de tempo.

- Acho que vai chover muito. - Comentei, quando ele abriu a porta.

- Acho que sim. - Deu espaço pra eu passar, entrou em seguida. Vi tudo arrumadinho e cheiroso. Ele pagou alguém pra limpar tudo. Ainda nem tá morando aqui.

- Quando cê vem morar aqui? - Perguntei, o testando. Caminhando para a cozinha, ele me respondeu:

- Dentro de umas semanas. Só preciso acertar tudo do que vou trazer, do que vou deixar. Roupas, objetos… essas coisas. - Abriu a geladeira e eu sentei no banquinho próximo ao balcão. - Tudo abastecido por aqui. - Ele me olhou sorrindo, mostrando a geladeira cheia. - Aqui também. - caminhou até o armário e me olhou igual um menino. Todo sorridente. Acabei rindo de leve.

- Bom né?! Não vamos morrer de fome.

- Claro que não. Você e nosso bebê merecem o melhor. - Piscou um olho e eu revirei os olhos. Mas confesso que gostei do seu cuidado e atenção. Parou de frente pra mim, do outro lado do balcão e sorriu. Ele tá claramente empolgado. - Você não fica feia de jeito nenhum né?! - Ele fez careta, ainda sorrindo. Eu corei.

- Luan, eu tô normal. Moletom, cabelo rabo de cavalo e rosto natural. Nada que você não tenha visto antes.

- É que eu não me canso de ver, nem de admirar. - Inclinou a cabeça pro lado e me olhou penetrante. Corei mais e senti meu corpo respondendo facilmente. Corpo traidor!

- Certo, o que vamos fazer agora? - Eu mudei de assunto, levantando. Não podemos ir por esse caminho.

- O que você tem em mente?

- Não sei, uai. Por mim assisto filme, durmo… essas coisas de quem não tá fazendo nada. - Dei de ombros.

- Larga de ser reclamona. Daqui a pouco cê completa os quatro meses, daí vai ficar tudo bem, se Deus quiser. - Caminhei para a sala, sentei no sofá.

- Amém. - Suspirei. Quero meu pequeno feijão em segurança. Ele sentou-se ao meu lado.

- Podemos ver um filme ou série. - Ele deu de ombros.

- Tá, mas tem que ser algo que você nunca assistiu.

- E você também. - E então, ele pegou o controle e ligou a TV. Demoramos longos minutos até que escolhemos uma série de casos policiais. - Comprei oreo pra você. - Ele disse, me olhando. Ele sabe que é o biscoito que eu mais gosto.

- Sério?! De chocolate?

- Claro, pô. Cê acha que eu ia errar o sabor? - Sorriu e eu saltei do sofá, indo saltitante até o armário. Ouvi a gargalhada dele.

- Ah, para de rir! - Reclamei, mas também sorrindo. Abri porta por porta, finalmente achando o oreo. - Luan, você não me ajuda na dieta, poxa. - Reclamei novamente, já voltando.

- Dieta pra que, meu amor? Você tá linda. - Me olhou com afeto e eu desacreditei das suas palavras. Ultimamente minha autoestima anda lá embaixo. E eu sei que com o passar dos meses, vou me sentir pior. Sentei ao seu lado. - Posso dar play?

- Pode. - Eu disse, então ele deu play e com outro controle uma espécie de cortina automática desceu sob todas as janelas, fechando tudo ao redor, deixando a sala escura. O frio, barulho de chuva e ele. Para minha surpresa, senti como se fosse a combinação perfeita.

Se passou-se pouco mais de 10 minutos da série, então ele começou a se aproximar mais.

- Luan, eu tô vendo você. - Falei, olhando a TV e ele riu.

- Larga de chatisse. Tá frio. - Ele me olhou, enquanto eu acabo de devorar meus biscoitos. Ele descaramento se aproximou mais, passando a mão em volta da minha cintura, enterrando o rosto no meu pescoço. Cheirou e eu me arrepiei.

- Ou, cê não vai assistir a série não?! - Cutuquei suas costelas e ele se encolheu todo, enquanto teimosamente beija meu pescoço. Sua mão saiu da minha cintura e segurou meu maxilar. Ele continua me beijando. Eu me remexi, tentando mostrar incômodo. Na verdade, eu tô muito afetada por ele.

- Você não sente falta do meu beijo, não?! - Sussurrou. Olhei pro teto, pedindo força aos céus.

- Luan, não faz meia hora que estamos aqui e você já tá me atacando. Bora assistir a série, poxa. - Segurei seu braço, mas ele com a mão em meu maxilar virou meu rosto em sua direção e com os olhos bem perto dos meus, disse:

- Fala pra mim que cê não sente falta. - Disse olhando minha boca. Meu coração pulando dentro do peito. Senti o calor me tomando e a sensação de ar faltando, o nervosismo no finalzinho da barriga. Desviei o olhar. 

- Sinto, mas você não merece minha saudade. - Assumi e ele riu de leve, se mantendo muito próximo.

- Por que eu não mereço? - Ele disse, ainda olhando minha boca. Evitei contato visual, olhando para um ponto aleatório atrás dele.

- Nós estamos separados. - Relembrei.

- Só você quis isso. E eu tô morrendo de saudade. - E então, ele voltou ao meu pescoço. Eu senti os últimos resquícios de resistência indo embora, foi quando eu levantei. E ele me olhou assustado.

-Aquieta! Sério! - Pedi meio desesperada e ele jogou a cabeça contra o sofá. Fechou os olhos e grunhiu.

- Beleza. Desculpa. Não fica irritada. Vem, vamos assistir. - Me chamou com a mão. 

- Vou ficar na outra ponta do sofá. - Falei, ainda emburrada e ele riu.

- Cê tá brincando né?! - Desacreditou.

- Não! - Caminhei até o extremo do sofá e sentei.

- Não precisa disso.

- Precisa sim. Você não fica quieto, cara. - O olhei irritada. -

- Beleza. Não toco mais em você. - Me olhou ofendido e eu suspirei. Voltei minha atenção para a TV, e o ignorei. Com Luan só funciona assim. No mínimo de abertura, ele vem com tudo. Vi ele cruzar os braços e ficar sério. Ficou emburrado. Paciência, muita paciência.

Minutos se passaram e eu percebi ele estranhamente quieto, quando olhei pro lado, ele tinha pegado no sono, agarrando a almofada. Sorri sozinha. Ele madrugou pra ir me buscar, isso na realidade dele. Olhei as horas e vi que já são cerca de 11:00 da manhã. Como passou rápido! A série é realmente muito boa. Decidi levantar, segui para a cozinha e vou preparar um almoço pra nós dois. Tudo abastecido por aqui, então fica mais fácil.

Cortei verduras, decidi fazer um peixe de forno com legumes. Fiquei distraída em minha tarefa, sem me dar conta de quanto o tempo ia passando. Preparei o arroz e um purê de batata doce. Quando virei, vi ele sentado no banquinho, apoiado no balcão, me observando.

- Você dormiu. - Eu sorri.

- É, acordei cedo. - Sorriu de lado. - O cheiro da comida me acordou.

- Ta cheirando né?! - Falei empolgada e ele concordou. - Tô pensando em fazer uma sobremesa rápida.

- Esse almoço tem algo especial? - Ele estranhou.

- Não, uai. Eu só quis cozinhar. - Dei de ombros. 

- Nosso primeiro almoço no nosso cantinho. - Ele sorriu encantado.

- Verdade. - Falei como se não tivesse nem pensado nisso.

- Tem vinho aqui. Comprei. Você não pode beber, mas eu posso. - Ele riu e eu bufei, lamentando não poder. Levantou-se e rapidamente pegou o vinho e taça. Voltou a sentar no banquinho, enquanto chove muito lá fora. Passou a mão por seus cabelos longos, então colocou vinho na taça, bebendo em seguida. Os olhos em mim. Aquela intensidade toda. Senti um frio delicioso na barriga. Virei de costas. - Tem sorvete aí, amor. - Ele disse. - Já serve de sobremesa, mas se você quiser muito fazer, pode fazer. Tem tudo que você imaginar aí. Pedi que minha mãe fosse junto com a ajudante dela e comprasse tudo que durasse pelo menos um mês. Em pouco tempo venho pra cá, já resolvi esse ponto. - Meu coração acelerou. Ele vem mesmo!

- Então vou fazer brownie. É rapidinho e a gente come com o sorvete. - O olhei rapidamente e vi o mesmo olhar de antes. Como ele consegue me desconcertar tanto? Eu o odeio por isso. 

- Do jeito que você quiser. - E então, bebeu o vinho novamente. Resolvi esquecer que ele está me observando e segui para a sobremesa. Foi rapidinho e em poucos minutos estava pronta. Porém, nesse meio tempo ele tomou umas duas taças e já estava no início da terceira.

- Você vai ficar bêbado. - Alertei.

- Tô bem, loira. - Piscou um olho e eu suspirei silenciosamente. Ele me ajudou a ajeitar a mesa, fizemos isso em um silêncio confortável. Sentamos e começamos a nos servir.

- Queria discutir algo com você.

- Pode falar. - Disse se mostrando muito disponível.

- Eu quero fazer chá revelação. - Ele me olhou com um sorrisinho bobo. Eu amo quando ele sorri assim pra mim.

- Cê acha mesmo que a Bruna não ia fazer isso acontecer? - Eu ri. Sua irmã realmente está bem empolgada e já falou bastante sobre um possível chá.

- Você tem razão. Mas o que você acha? - E então, ele parou de se servir, voltando toda atenção pra mim.

- O que você decidir, meu amor. - Disse delicado e meu coração ficou igualzinho uma geleia. Coração trouxa.

- Certo. - Sorri de lado.

- O que cê acha que é?

- Eu acho que é menino. - Ri de leve.

- É?! Eu tô torcendo pra ser menino. Num aguento se vier uma cópia sua. - Franziu as sobrancelhas.

- Por que?

- Não dá, pô. Meu ciúmes não aguenta não. - Ele me olhou como quem está sofrendo e eu ri.

- Larga de bobagem.

- Tô falando muito sério. - Me olhou tentando passar seriedade. Neguei com a cabeça.

- A gente não falou sobre nomes também. - Mudei de assunto. - Você tem alguma preferência?

- Eu não tenho nenhum nome em mente. Você tem? - Eu assenti, ainda de boca cheia e ele sorriu de lado. Os olhinhos apaixonados, esperando eu conseguir falar.

- Quero que pelo menos o primeiro nome seja Maria e se menino, seja Antônio. 

- Por que?

- Nome da minha avó materna e do meu avô paterno. Quis homenagear. - Dei de ombros. - Você concorda? - Ele riu de leve. 

- Parece que a gente tá falando sobre um contrato. Mas sim, eu concordo. Significa pra você. Mas eu tenho uma condição.

- Pode falar. - Falei, voltando a comer. A comida tá deliciosa!

- Pode ser nome composto? Gostaria de homenagear meus avós paternos. Você sabe, eles significaram muito pra mim.

- Claro! - Falei de imediato, ainda com a boca cheia. E ele sorriu.

- Então fica decidido. Se for menina, vai ser Maria Manuela. Se for menino, vai ser Antônio José.

- Decidido. - Sorri, me sentindo feliz pelo momento. Decidimos os nomes e foi tão simples e tão significativo. E o melhor: nós dois estivemos juntos nisso, concordando e resolvendo de uma forma muito leve.

- Sua comida tá uma delícia. - Elogiou e eu corei, me sentindo levemente tímida.

- Obrigada. Eu também acho. - Fui sincera e ele gargalhou diante da minha sinceridade. Então, ficamos em silêncio. Porém, logo voltamos a falar sobre o anúncio da gravidez que deve acontecer em pouco tempo, logo que eu estiver fora de risco.

- E sobre a nossa separação. - Puxei o assunto. - Quando você vai anunciar?

- Não vou anunciar, Lavínia. - Me olhou sério. O olhei séria também, negando com a cabeça. - Nós vamos formar uma família, pô. Não vou anunciar término coisa nenhuma.

- Você quer que eu faça isso? - Ergui as sobrancelhas, desafiando-o.

- Não faça isso. Não agora. - Pediu.

- E quando, Luan? Quando? 

- Eu te quero de volta. Você, nosso neném. Eu quero morar aqui, ou em qualquer outro lugar com vocês. Dormir sentindo teu cheiro que eu sou apaixonado. - Ele disse com muita naturalidade.

- Mas eu já disse que não quero mais.

- Você não me quer mais? - Me olhou desconfiado.

- Não quero tudo isso que acontece quando estamos juntos.

- Não vai mais ter esse tipo de coisa, poxa. Vou mudar de número, zero contato com mulheres do passado. Trabalhos que te incomodam, não serão cogitados. Eu quero assumir a postura de um homem comprometido.

- Não quero que faça isso por mim, se no fundo você não quer.

- Eu não quero? Tudo que eu mais quero é você. Nunca senti tanta saudade de alguém como eu tenho de você. Chega a ser uma dor física. Não tem sido dias fáceis e tudo que eu mais quero é a paz que você me trás.

- Vou pegar a sobremesa. - Fugi do assunto intenso, levantando. Vi ele terminando de comer, enquanto eu preparo nosso brownie. As palavras ecoando na minha cabeça e logo me senti dentro de uma confusão de sentimentos. Decidi expulsa-los por agora e voltei para a mesa com as sobremesas. - Você lava a louça.

- E você seca.

- Não! Eu já fiz tudo, uai. - Protestei.

- Se eu lavar e secar, eu tenho direito a um pedido. - Ele ergueu as sobrancelhas.

- Não. Luan, seja justo.

- Você que não tá sendo justa.

- Eu? - Fiquei boquiaberta. - Você é impossível mesmo!

- Posso fazer o pedido?

- Não! - Disparei. - Isso não é negociável.

- Você é tão malvada! - Reclamou, começando a comer e para meu alívio, ficou em silêncio. Terminamos em silêncio e começamos a desfazer a mesa. Eu o ajudei a levar a louça para lavar. Entre idas e vindas, ele me barrou. Parando de frente pra mim. Desviei e ele veio junto. Tentei para o outro lado e ele impediu.

- Luan, da licença. - O olhei séria e vi um sorriso sapeca em seus lábios. Ele adora me tirar do sério!

- Uai, pode passar. - Desviei de novo e ele me impediu. Lhe acertei um tapa na ombro, ficando irritada e ele riu. Me agarrou pela cintura, e eu só estava com o jogo de guardanapos na mão. - Larga de ser braba! - Ele disse, ainda rindo.

- Você faz de propósito. - E então, ele desfez o abraço.

- Eu amo ver você brabinha. Mas quando fica brabona… - Fez careta e eu tive que rir.

- Vai lavar sua louça. - Eu disse e então me virei, já saindo da cozinha.

- Ou, onde cê vai?

- Vou organizar minhas roupas no quarto. - Ele fez uma carinha de coitadinho, espontaneamente.

- Não vai dormir comigo? Só dormir mesmo. - Juntou as sobrancelhas e eu respirei fundo pra resistir.

- Não. Você dorme no seu e eu durmo no meu.

- Você não tem medo de trovão, relâmpago? - Neguei com a cabeça, mesmo ele já sabendo a resposta sobre isso. - Toda mulher tem, só a minha que não. - Virou-se para a louça. - Eu tô lascado de verdade. Segui para o quarto e desfiz minha mala, colocando tudo em seu devido lugar e isso me roubou muitos minutos. Fiquei imaginando como será quando nosso bebê estiver aqui. Me peguei imaginando o rostinho. Será que vai parecer com ele? Se tiver o sorriso, vai ser meu fim. Uma batida na porta me assustou.

- Loira? - É ele.

- Oi. - Respondi.

- Cê não terminou ainda? - Fui até a porta e abri.

- Já tô acabando. E você?

- Já lavei, sequei e guardei. - Ele caminhou até a varanda, onde o tempo está realmente fechado. A chuva somente diminui a intensidade, chega a parar uns minutos, mas logo volta.

- Muito bem. - Zoei e ele me olhou feio.

- Cê não tá falando com seu cachorro. - Reclamou e eu gargalhei. Ele sentou-se na cama. - Isso aqui é tão espaçoso, eu poderia dormir aqui sem problemas.

- Não, sem condições.

- Você não resistiria né?! - O olhei com desdém, enquanto ele me olha com intensidade.

- Você se acha muito, esse é seu problema.

- Você gosta assim que eu sei. - Dei uma falsa risada e ouvi ele rir. - O que vamos fazer agora?

- Não sei, uai. Não tem muita coisa pra fazer em um dia chuvoso, dentro de um apartamento.

- Eu tenho várias ideias… - Falou malicioso e eu o olhei.

- Você não se cansa?

- De me humilhar pra você? Pelo jeito não. Faltou vergonha na cara. - Ele fez careta e eu sorri.
- Idiota.

- Não, não fala assim. - Disse manhoso. Meu coração se aqueceu, relembrando o quando eu amo ele.

- Bora, levanta. Sai do meu quarto. - Ele levantou-se, me olhando sem entender.

- O que cê vai fazer?

- Dormir. - Dei de ombros. Eu peguei o terrível costume de dormir após o almoço. Na verdade, eu durmo a maior parte do tempo.

- E eu?

- Você arruma algo pra fazer, uai. - Coloquei minhas mãos na cintura.

- Me deixa ficar aqui. Só pra ficar perto de você. Não vou te tocar, não depois do fora que cê me deu mais cedo no sofá. - Me olhou com uma certa mágoa. Ele realmente ficou chateado com aquele momento? Ergui as sobrancelhas.

- Jura que vai ficar quieto? - Cruzei os braços.

- Juro, general. - Bateu continência e eu não consegui ficar séria.

- Beleza. Mas na primeira gracinha, você vaza. - Avisei e ele assentiu.

- Vou pegar meu livro. Tô lendo um muito massa. - Disse e já saiu animado para pegar o livro. Suspirei, avaliando novamente o quanto ele está se esforçando. Voltou rapidamente, entrando sem bater, enquanto eu já me encolho debaixo do edredom. Mesmo com a minha roupa quentinha, gostaria de ficar mais agasalhada. - Você tá mesmo com frio. 

- Tá tudo bem? - Me olhou rapidamente preocupado.

- Tá sim, relaxa. - Sorri. - Vem.

- Oh, cê não me chama assim não… - Ele sorriu de lado, falando malicioso e eu ri. Que bobo mais lindo! Não desliguei as luzes, afinal, ele vai ler. Porém, me aconcheguei no travesseiro. Sentindo o cheiro dele mesmo de longe, eu não demorei a dormir.

(…)
horas depois…

Quando eu acordei, já não vi ele na cama. Me arrastei até onde ele estava deitado e cheirei seu travesseiro. A chuva parou, mas ainda está muito fechado o tempo e posso ouvir trovões. Inalei seu cheiro, sentindo uma paz surreal. Como é bom, como é cheiroso! Sorrindo, eu decidi levantar.

Quando cheguei na sala, senti um cheiro bom. Comida?

- Acordou, dorminhoca? - Ele disse, animado.

- Você tá fazendo o que? - Fui até a cozinha.

- Lanchinho pra nós. Já são 17:00 horas. - E eu arregalei meus olhos. Dormi isso tudo? Sem condições!

- Poxa, não sabia que tinha dormido tanto.

- Acho que nosso bebê tá fazendo isso com você. - Ele riu, enquanto eu me apoiei no balcão. Observando ele que acabou de tirar uma omelete do fogão.

- Acho que ele vai puxar a você. - Comecei, amarrando meus cabelos. Ele tá com uma calça de moletom cinza e com uma camisa fazendo o conjunto, e parece que tomou banho.

- Você quis dizer o que com isso? - Me olhou com os olhinhos brilhantes. O jeito que ele me olha é tão singular! Parece que tá olhando pro que tem de mais valioso no mundo.

- Você é dorminhoco! - Falei cheia de razão e ele gargalhou.

- Vem, bora comer. - Disse, caminhando até a mesa. Sentamos frente a frente. Ele continua me olhando daquele jeito. Senti meu rosto esquentando.

- O que foi?! - Perguntei.

- Nada. - Sorriu de lado. - Trouxe uns vídeos que quero te mostrar. - Ergui as sobrancelhas achando que seja algo sobre o clipe.

- Não quero saber. - Fui ácida e ele me olhou sem entender. Comecei a me servir. Ficou uns segundos me olhando e pareceu entender tudo.

- Não é sobre o clipe, loira. São vídeos de quando eu era bebê. Nunca te mostrei, agora quero que veja. Que a gente possa imaginar um pouco mais nosso menino. - De repente, me senti ridícula.

- Ah. Tá bom. - Falei, ficando muito sem graça.

- Larga de paranóia. - Suspirou. - Nem tô lembrando disso e você não consegue esquecer. - Apenas respirei fundo. Ele tem razão. Ficou em silêncio pelo restante do tempo que ficamos comendo. Ele tá chateado comigo, claramente. Droga!

- Pode deixar que eu lavo. - Disse, quando ele levantou.

- Não, eu lavo. Relaxa. - Falou sem me olhar e foi em direção da pia. Suspirei inaudível, me sentindo insatisfeita comigo mesmo. Senti meus olhos querendo lagrimejar e mesmo depois de terminar, continuei sentada à mesa. A chuva voltou, começando com seu barulho terrivelmente alto. - Cê terminou? - Ele se aproximou e desta vez me olhou, porém sem expressão. Assenti e ele pegou tudo que sujei. Voltou e rapidamente lavou.

- Podemos assistir? - Sugeri. Querendo amenizar minhas ações idiotas.

- O que você quer ver? - Ele disse, já caminhando em minha direção.

- Não sei. - Dei de ombros.

- Um filme? - Sugeriu, apoiando os braços na mesa. Como pode ser terrivelmente lindo? Me senti afetada.

- Pode ser. Ou você me mostra seus vídeos de quando era bebê. - Sorri. - A gente pode deitar no sofá. - Sugeri e ele me olhou estranho. Eu quero me redimir.

- Nós dois? No mesmo sofá? - Falou incrédulo. 

- Você não quer ficar perto de mim? - Ergui meu queixo e ele riu.

- Você me quer perto de você? - Ele ergueu as sobrancelhas.

- Luan, é só pra deitar. Você deitou comigo na cama. - Revirei os olhos, tentando manter um pouco de indiferença.

- Beleza. - Ele deu de ombros. Caminhou até a sala, eu o segui. Vi ele conectar o celular à TV, de pé. Deitei no sofá e quando ele terminou me olhou. - Você ocupou o sofá inteiro, pô.

- Tem espaço pra você aqui, uai.

- Onde, Lavínia? - Ele negou com a cabeça. - Eu sento na poltrona, pode ficar a vontade.

- Não! Vem pra cá. - Quase implorei e eu detestei meu tom. Eu só quero acarinhar ele um pouco depois de tantas atitudes ridículas nessas poucas horas juntos. - Você deita entre as minhas pernas. - Vi um início de sorriso, mas ele segurou-se. Assentiu e eu afastei minhas pernas. -

- Não vai esmagar nosso bebê? - Me olhou preocupado.

- Claro que não, Luan! - Revirei os olhos, sorrindo. Ele então se aconchegou. Deitando-se de bruços entre minhas pernas, ficando com a cabeça na altura do meu peito. Meu coração acelerou tanto! Eu esqueci de respirar. O calor do seu corpo próximo ao meu nunca foi tão bom.

- Vou apertar o play. São vários vídeos, não sei se você vai ter paciência.

- Claro que vou. - Falei e comecei a acariciar seus cabelos. Ele suspirou longamente. Como eu amo! Meu coração doeu. Eu nunca amei tanto. E meu coração doeu de novo. Minhas pernas abraçando as dele.

- Não vou falar nada, nem fazer nada. Por mais que eu queira. - Ele disse e eu sorri.

- Acho bom. - Tentei parecer durona. E então, o vídeo começou a rolar. É ele ainda bebê, dentro do berço e chorando muito. Enquanto sua mãe grava e conversa com ele. Eu sorri boba, observando que a covinha dele já dava sinais por ali. O segundo vídeo é ele dando o primeiro passo e sua família celebrando. No vídeo aparece sua avó e ele fez questão de narrar tudo que achava importante.

- Nunca mostrei esses vídeos pra mulher nenhuma. Você é a primeira a ver isso, e enquanto vê isso, tá gerando nosso bebê. - E então ele ergueu a cabeça e me olhou. - Você é o grande amor da minha vida, loira. Nada, ninguém… só você. - Ele me olhou nos olhos e eu coloquei a mão em seus olhos. Ele riu. Não aguento esse contato! - Ou! - Reclamou e eu tirei a mão.

- Me abraça. - Pedi e ele sorrindo o fez. Se mexendo, seu rosto alcançou meu pescoço. A grandiosidade em meio a simplicidade desse momento, tocou o fundo do meu coração.

- Te amo. Muito. Muito. Nosso bebê vai ser lindo. Nosso Antônio José. - Ele disse contra meu pescoço.

- Ou não, hein?! - Ri de leve. - Pode ser uma menininha. Maria Helena. 

- Ah, não! - E ele me olhou de novo. - Não dou conta. - Seu rosto tá bem próximo e seus olhos caíram para minha boca e eu mordi meu lábio inconscientemente. Os olhos dele mudaram. Vi a chama neles. Mordeu os lábios também. - Tô precisando de muito autocontrole agora. - Ele disse baixinho, engolindo seco.

- É, eu sei. - Falei, olhando sua boca também. Eu estou completamente afetada. Acariciei suas costas e ele olhou em meus olhos.

- Amor… - Disse como quem pede permissão e eu nem precisei dizer nada. Ele apenas sabe. Ele apenas conhece. Seus lábios tocaram os meus e fogos explodiram dentro de mim. Dei espaço para a sua língua. E só consigo ouvir o barulho da chuva, a risada dele em mais um vídeo que tá rolando e as batidas aceleradas do meu coração. Sua mão procurou meus cabelos e ele aprofundou o beijo, deixando mais intenso porém ainda lento. Isso me mata! É um beijo tão perfeito que devia ser proibido no mundo! Sua proximidade toda, minha saudade é minha carência fizeram meu corpo ascender. Sua língua maravilhosa agindo em minha boca, fazendo refletir tudo entre minhas pernas. Eu apenas não consigo parar, nem ao menos pedir pra ele se afastar. Eu quero beijar. Eu quero sentir.





OLAAAAAA! com o final desse capítulo espero que vocês tenha esquecido todo ódio que acumularam no coração enquanto eu sumi. Desculpa, gente!!! Esse capítulo simplesmente não fluía nunca! Fora a correria da vida… Foram mais de 500 visualizações no últimos capítulo!!! Sei que não tenho isso tudo de leitoras, então, isso só mostra o quanto vocês estavam ansiosas querendo mais. Fico feliz!!! Espero voltar aqui antes do finalzinho do ano. Então não vou desejar feliz natal, nem feliz ano novo. Quero voltar logo! Agora me digam TUDO que acharam sobre o capítulo. Foram vários acontecimentos entre os dois em poucas horas juntos, lembrando que serão mais 2 dias!! E aí, o que acham que vai acontecer??? 

Tentei responder os comentários, mas o blogger da bugando! Não consegui 🥺 Mas obrigada por cada um!!! Me incentiva demais, vocês ao incríveis ❤️❤️
Bjs, Jéssica ❤️

domingo, 7 de novembro de 2021

“ Cumprindo o acordo “ 88

Quando a gravação acabou o relógio já marcava mais de 2:00 horas da manhã. Tudo que eu mais queria era ver ela, dar um cheirinho e sentir a presença dela. Meu coração ficou apertado, pedindo e implorando. Eu sei, é muito saudade nesses últimos tempos. Porém, sabendo que não vou conseguir realizar minha vontade. Fui para casa e decidi dormir logo, apesar de me sentir empolgado com os resultados de hoje. Foram horas de trabalho, mas sinto que vai ficar incrível!

Tive a sensação de dormir apenas cinco minutos. Porém, coloquei o celular pra despertar bem cedo. Quero ir até Lavínia, convencer ela de ir comigo ver os dois apartamentos. Tomar café com ela e matar essa saudade que meu peito tanto reclama. Peguei meu carro, após encontrar a casa toda em silêncio. Ainda é cedo realmente. Segui meu caminho até o apartamento dela, no trajeto parei numa padaria e consegui ajuda de um funcionário para levar um pão recheado com queijo que eu sei que ela ama. Levei um brownie também. Levei pães comuns, queijo, presunto e porções de salgadinhos. As meninas ainda estarão em casa., muito provavelmente.

O porteiro liberou minha subida e chegando lá, toquei no pequeno botão. Esperei e então, Clarissa abriu a porta.

- Oi, Luan! - Sorriu animada.

- Trouxe o café da manhã. - Mostrei as sacolas. - Vocês não fizeram nada ainda né?! - Fiz careta.

- Nada! Lavínia tá fazendo café, Talita terminando de se vestir. Entra. - E assim fiz. Seguimos até a cozinha e encontrei ela somente de pijama. Shortinho rosa listrado com branco e a camiseta com a mesma estampa.

- Marco, foi você que me levou ontem né?! Eu apaguei, tava com tanto sono. - Ela disparou a falar, enquanto permanece de costas pra mim. Larguei as sacolas na bancada e encostei nela em seguida, cruzando os braços e observando. Meu coração já agradeceu. Clarissa riu e então Lavínia se virou sorrindo, mas logo mudou de expressão quando me viu.

- Bom dia, dorminhoca. - Eu sorri e ela virou-se novamente.

- O que você tá fazendo aqui? - Seus cabelos estão desgrenhados, o que torna ela ainda mais linda. 

- Vim tomar café com você, uai. - Dei de ombros e Clarissa riu. Então, Talita apareceu.

- Bom dia, bom dia! - Disse animada e então me viu. - 

- Cunhado! - Lavínia quase matou ela com o olhar. Já trazendo o café para a mesa.

- Tudo bem, Talitinha? - Sorri.

- Tudo! Você por aqui tão cedo. Caiu da cama? - Ela disse, já sentando na cadeira da mesa.

- Quase isso. Vim tomar café aqui e convencer Lavínia a ir visitar os apartamentos comigo. - Falei, pegando as sacolas e Clarissa foi me ajudando a colocar cada coisa em um recipiente.

- Já disse que não vou. - Lavínia falou, sentando-se também. Ela tá bem brava. Olhei Clarissa que está atrás dela e li seus lábios dizendo “ ela tá com ciúmes “. Então, segurei o sorriso entendendo tudo. As gravações de ontem fizeram essa cabecinha fértil imaginar um trilhão de coisas.

- Eu trouxe aquele pão recheado que você gosta. - Eu disse, lhe dando o pão embrulhado. Ela pegou, mas continuou emburrada.

- Vamos sentar, Luan. - Clarissa convidou e eu fiquei de frente pra Lavínia e ao lado de Talita.

- E aí, como tá o trabalho? - Olhei Talita, enquanto coloco café na xícara.

- Corrido. Nós vamos ter uma viagem… - E então, Lavínia interrompeu:

- Esse assunto, Talita? - Disse irritada. Franzi a testa, ficando curioso.

- O que houve? - Olhei Lavínia, esperando uma explicação.

- Nada que te interessa, Luan.

- Por que você tá tão grossa? - E ela me olhou pela primeira vez.

- Tô normal. Tô falando que não interessa porque não inclui o bebê. Coisas de trabalho. - Tentou justificar.

- Clarissa. - Ergui as sobrancelhas, cruzando os braços.

- Parem de falar como se eu não estivesse aqui! Você não tá me ouvindo? Acabei de explicar! - Ela esbravejou.

- Você fica calma. Não pode tá se estressando. Eu quero entender o que tá acontecendo, só isso. - Falei sério.

- Nós vamos viajar daqui uns quatro dias. Lavínia vai ficar aqui, ela não pode tá viajando. É isso. - Clarissa explicou, ficando numa saia justa.

- Você fica comigo esses dias. - Dei de ombros.

- Tá vendo só?! - Ela levantou. - Eu não sou criança! Parem de me tratar como se eu não pudesse decidir nada por conta própria! Inferno! - Esbravejou e saiu, porém voltou os passos para pegar seu pão e café. Sumiu em direção ao quarto. Respirei fundo.

- Ela tá assim desde quando?

- Desde anteontem. - Talita disse.

- O clipe tá deixando ela… insegura e essas coisas. Eu me sinto péssima de tá entregando ela assim, mas você precisa entender o que tá se passando e a situação de vocês já tá tão difícil. - Clarissa se justificou.

- A gente fica no meio do fogo cruzado. - Talita suspirou. - Ela vai se fechar mais, Luan. Você precisa de paciência com essa cabeça-dura. - Talita me olhou. 

- Eu sei. - Suspirei. - Essa mulher vai me deixar louco. - E então, continuamos conversando. Elas me falaram sobre as datas da viagem e vai coincidir com minhas folgas. Não vou deixar ela sozinha.

Nós comemos e em seguida, fui atrás da esquentada. Bati em sua porta.

- Loira, abre aqui. - Pedi com jeito.

- Luan, eu não vou visitar os apartamentos. Pode ir. E larga de insistência!

- Abre aqui. Tenho uma coisa pra você.

- Não quero, caramba! - Respirei fundo.

- Chocolate, loira. - Tentei, segurando o brownie.

- Pode deixar lá, depois eu pego.

- Eu quero te ver, poxa. - Pedi manhoso.

- Não tem nada de diferente. Eu só tô cada vez mais inchada. - Ela disse um pouco melancólica e então abriu a porta. Vestindo um shortinho e uma camisa minha. Ela pegou quando a gente só ficava e se apossou. Eu sorri.

- Camiseta bonita. - Elogiei e só então ela se deu conta.

- Ah, é que é confortável. - Se justificou. Está somente com um coque. Continuei sorrindo e lhe entreguei o brownie. Ela pegou.

- Posso entrar? - Lhe olhei com a carinha mais doce que eu poderia.

- Pode. - Disse baixo, se rendendo. Me deu espaço e então, fui até sua cama. Vi ela pegando umas roupas na poltrona e levando até o closet. Fiquei acompanhando com os olhos. Como é gata! 

- Bora comigo, amor. - Inclinei minha cabeça pro lado, observando ela voltar.

- Amor, Luan? Cê acha que isso tá certo? - Ela pegou um perfume no criado mudo.

- Tá sim. Você é meu amor. - Sorri e ela bufou.

- Quando você vai anunciar nosso término?

- Não vou anunciar. Larga de coisa. Seus pais nem sabem a verdade, esqueceu? - Ela suspirou, indo até o closet de novo.

- Infelizmente. Eles não receberam bem a notícia da gravidez, enlouqueceriam ao saber que eu engravidei e separei, tudo em dois meses de namoro. - Ela disse e então, apareceu novamente.

- Só tá assim porque você quer. - Lhe olhei intensamente e ela desviou. Eu adoro flertar com ela.

- E então, você já me viu. - Ela me expulsou. Eu ri de leve.

- Você é tão grossa. Vem cá, senta aqui. Você não parou desde que entrei.

- Minha atividades domésticas. Pelo menos organizar meu quarto, eu posso. - Resmungou.

- Vem cá. - Chamei de novo. Que vontade de abraçar e beijar bem muito essa minha coisinha pequena e impossível. Ela suspirou e então, veio em minha direção. Sentou-se. - Como você tá? - Olhei seu rosto de pertinho e meu coração se aqueceu.

- Tô bem. - Deu de ombros.

- Pode ser bem detalhista. - Eu ri de leve.

- Tô bem. Não enjoei, só me senti um pouco tonta. É isso. O último enjoo tem três dias já. E eu acho que minha barriga cresceu um pouquinho. - Eu fiquei fascinado, enquanto ela me falava.

- Foi? Me mostra. - Pedi.

- Eu acho que você não vai perceber. - E então, ficou de pé e levantou a camiseta. E eu não achei diferença. - Tá conseguindo perceber? - Me olhou.

- Não, amor. - Falei intrigado. - Vem mais pra perto. - Chamei e ela se aproximou.

- Não é nada de muito diferente, Luan. Só um tantinho de nada. Parece que eu comi e tô de barriga cheia. - Eu ri com seu exemplo. Segurei sua cintura e trouxe ela mais pra perto, virando-a de frente pra mim, ficando entre minhas pernas. Acariciei a barriguinha pela primeira vez. E foi mágico. O fruto do nosso amor tá aqui. Beijei sua barriga repetidas vezes, carinhosamente. Percebi ela arrepiar.

- Cê vai ficar tão linda com um barrigão. - Sorri, olhando ela e pousando minhas mãos em seus quadris. Ela apenas suspirou, como quem não acredita muito no que eu falo. - Vai sim. - Reforcei. - E vai ficar mais linda se deixar de ser tão braba. - Ela bufou, se afastando, mas eu segurei sua mão antes. - Sabe a primeira coisa que eu quis fazer depois das gravações ontem? Vir aqui. Te ver, te cheirar… meu coração implorou. Fui dormir angustiado, porque eu sinto sua falta. - Ela ficou me olhando sem expressão nenhuma.

- E aí, beijou muito? - E de tudo que eu falei, ela só focou no clipe. Eu ri, levantando e segurei as laterais do seu rosto.

- Por que você é tão ciumenta? - Falei entredentes, enquanto sorrio. Ela revirou os olhos. - Só quero beijar uma boca. - E então, me aproveitei do momento e abracei ela. Afastando seus cabelos antes, cherei seu pescoço, enchendo meus pulmões com seu perfume delicioso. Meu corpo todo reagiu. Tanto tempo sem ela! Senti ela entregue e então beijei seu pescoço repetidas vezes, demoradamente. Ela pousou as mãos na minha cintura e eu já sabia que iria me afastar.

- Para. Você é aproveitador demais! - Reclamou, indo em direção a porta e eu sorri, acompanhando ela.

- Cê vai comigo ver os apartamentos?

- Você vai passar o dia me enchendo? - Retrucou, indo para a sala e vimos as meninas saindo.

- Vou sim. Se for preciso eu remarco, mas só vou quando você for.

- Tchau, galera. - Clarissa disse, rindo de nós dois.

- Tchau, fiquem na santa paz! - Talita se benzeu e saiu. Eu ri.

- Cê vê como elas tratam nós dois? - Lavínia se virou pra mim, sorrindo. Sinto falta de ver esse sorriso pra mim.

- Elas sabem que você é braba.

- Não sou, não. - Fez bico inconscientemente.

- E, aí?! Nós vamos hoje ou eu remarco? - Ergui as sobrancelhas.

- Tá, Luan. Tá. Espero que isso seja rápido. - Ela disse, já andando em direção ao quarto. Fiquei na sala aguardando e então, ela voltou com uma calça jeans e uma blusinha frouxa. Tão delicada e feminina. Eu sou rendido demais.

- Bora! - Falei animado, então fomos. Visitamos o primeiro que é imenso, fica na avenida paulista, mas segundo Lavínia é muito masculino. E mesmo diante da proposta de mobiliar tudo do jeito dela, ela pareceu não estar muito satisfeita. Então, seguimos para o segundo. Também fica na avenida paulista, uma vista incrível e um ambiente imenso. Tudo mais clear.

- Aqui é perfeito. - Ela disse encantada, parando na vista da varanda. Parei ao seu lado.

- É o lugar perfeito. Condomínio de alto patamar, moradores discretos. Como vocês gostariam. - O corretor disse.

- Você poderia escolher esse. - Ela deu de ombros e eu sorri.

- Você vai vir morar comigo. - Pisquei um olho, confiante do que falo e ela revirou os olhos. - Esse então, amigo. Negócio fechado. - Virei para o corretor e apertamos as mãos.

- Bom, eu preciso dar entrada na papelada. Se você puder assinar tudo até o final da tarde, seria ótimo.

- Posso sim. Faz o seguinte, manda pro meu escritório. Passo lá, assino e eles enviam pra você. Pode ser?

- Pode, pode sim. - E então, ele nos agradeceu. Quando voltamos para o carro, olhei as horas e vi que o relógio já marca mais de 9:00 horas da manhã.

- Tô com fome. - Lavínia reclamou, abrindo a porta do carro.

- O que você quer comer? - eu disse, entrando no automóvel.

- Não sei. - Ela franziu a testa, sentando ao meu lado.

- Cê podia ir lá pra casa e passar o dia comigo. - Pedi, olhando ela. - Minha mãe fez bolo de milho. - Argumentei.

- Não, eu quero ir pra casa mesmo. - Ela disse e colocou o cinto, eu suspirei.

- Você ainda me ama? - Perguntei, me sentindo inseguro.

- Luan, crise de autoconfiança num momento desses? Logo você? - Ela ergueu as sobrancelhas.

- Não, uai… é que você tá tão distante. Vai ver o amor acabou pra você.

- Você acha que acaba assim? Só se for no seu mundo. - Disse em tom acusatório.

- Você tá mudando o rumo do assunto. - Bufei, impaciente.

- Me leva pra casa. - Ela disse e então, ligou o som. A mensagem subliminar para que eu fique em silêncio. Assim fomos, mas eu ainda não me sinto pronto pra deixar ela e ir. Eu tô com saudade de nós. Tô me sentindo muito carente. Só queria ficar de denguinho com ela. Receber carinho. Beijo. Brincar e provocar, até ela ficar irritada. Mas ela simplesmente não permite. 

Chegamos em frente ao seu prédio e ela já foi tirando o cinto. Tratei de garantir que as portas estejam travadas.

- Você poderia dizer o que quer comer, eu te levo. - Tentei.

- Não precisa. Você tem gravação ainda hoje, não quero atrapalhar. - E então, o ciúmes estava lá.

- Psiu, loira. - Chamei e ela me olhou. - Ninguém chega aos teus pés. Você é a mais linda desse mundo inteiro, caramba. Eu sou completamente apaixonado. - Pousei minha cabeça no encosto do assento, olhando ela. - E eu tô morrendo de saudade de você. - Falei abertamente. - Do teu beijo, do… - E então, ela colocou a mão na minha boca. 

- Não. Já chega. - Eu ri e ela se agitou, querendo sair.

- Amor! - Eu continuei rindo.

- Destrava, Luan. - Ela disse autoritária.

- Não, uai. Tô conversando com você. - Eu continuei me divertindo.

- Não quero saber dessas coisas. - Franziu a testa.

- Por quê? Você sente saudade também? - Olhei ela intensamente e ela empurrou meu rosto com sua mão e eu ri. - Diz pra mim.

- Não tenho nada pra dizer. - Voltei a olhar ela daquele jeito e ela desviou o olhar.

- Me dá um beijo, loira. Só um beijinho. - Mostrei o dedo indicador e ela me olhou com desdém.

- Tá maluco mesmo. Abre isso. Eu vou gritar.

- Ninguém vai te ouvir. - Dei de ombros, mordendo meus lábios. - Vem cá. - Tentei me aproximar e ela se afastou. Então eu recuei, ainda rindo.

- Você não presta. Basta uma chance e você já vem assim. - E então, eu gargalhei diante da sua agitação. Ela tá morrendo de medo de não se segurar. Recebi um tapa no braço e então outro.

- Ou, ou! - Repreendi e ela me olhou brava.

- Abre. Isso. Agora. - Pediu séria.

- Bora fazer um acordo. - Estendi minha mão e ela cruzou os braços. - Sem acordo? É um bom acordo. - Tentei convencer.

- Larga de bobagem. Anda logo!

- Eu destravo a porta se você ficar comigo no nosso apartamento durante os dias de viagem das meninas. - Ela negou com a cabeça na mesma hora. - E mais. Quero um abraço bem gostoso. Tô carente de você. - Ela bufou.

- Não. Agora abre. - Ergueu as sobrancelhas.

- Então a gente fica aqui. Tenho o dia livre mesmo. - Dei de ombros e ela grunhiu.

- Certo. - Falou baixo.

- O que? - Fingi que não ouvi.

- Certo. Eu disse: certo. - Falou irritada.

- Então aperta minha mão e fala: Luan, eu prometo cumprir nosso acordo. - Mesmo contra a vontade ela fez:

- Luan, prometo cumprir nosso acordo. - E eu sorri.

- Então vem cá, me um abraço. - Ela veio e eu senti seu perfume tão pertinho. - Hummm. - Eu suspirei, me sentindo tão em paz. Beijei seu ombro. - Abraça direito, amor. Faz carinho. - Eu pedi, me sentindo uma criança dengosa. Eu tô realmente carente. Ela acariciou minhas costas, delicadamente. Eu sorri. Que coisa boa. - Amo muito você. Muito. Muito. - Sussurrei, falando com todo meu coração.

- Eu preciso ir. - Ela disse baixinho também. Então, liberei ela do abraço.

- Vai cumprir nosso acordo né?! Foi sua palavra.

- Luan, você acha que eu não consigo passar três dias no mesmo teto que você? - Ela me olhou debochada e eu ri.

- Não sei, uai. Cê mal consegue ficar aqui dentro comigo.

- Você tá muito enganado. Agora destrava isso. - Ela pediu e eu atendi.

- Cuida do nosso bebê. - Pedi e ela assentiu. Abriu a porta e se foi. Fiquei olhando até ela desaparecer. Como eu gostaria que estivéssemos bem. Que estivéssemos juntos. Só quero estar em paz com ela, construir nossa família e morar no nosso cantinho. Aonde ela quiser. Seja naquele apartamento, seja em qualquer outro lugar. Meu lar é ela, o resto não importa.

Sem ter opção, acabei voltando pra casa. Aproveitei o tempo com minha família, falei sobre a escolha do apartamento e também fui ao escritório. Resolvi algumas questões de trabalho, então deu a hora de ir gravar. Vai ser mais uma gravação noturna.

|| Lavínia ||

Passei o dia entre dormir, comer e decidi me exercitar um pouco. Minha médica liberou algo bem leve, ou seja, só corri na esteira. Queria qualquer coisa que pudesse me fazer esquecer que o Luan vai passar boa parte da noite naquela gravação. Ele vem se esforçando e além de falar, ele vem mostrando. Comprar o apartamento hoje foi um grande passo. Ele afirmou por meio da sua atitude que quer estar comigo, que quer nossa família e que seja da melhor maneira pra mim. Além do mais, sinto meus hormônios gritando exaustivamente por ele. E até já sonhei com nós dois transando umas duas vezes. Eu sinto tanta falta. Mas eu tenho meu orgulho e meu amor próprio. Sei de tudo que não quero mais. E ainda mais agora, esperando um filho. Ou filha.

Hoje as meninas não me fizeram companhia. Decidiram sair com seus respectivos pares. Clarissa foi encontrar a família de Marco, falarem sobre o casamento que vai acontecer em três meses. O tempo tá voando, eles estão muito empenhados nos preparativos. Pretendo fazer um chá revelação para descobrir o sexo do bebê, ainda não conversei com Luan, mas pelo jeito, teremos tempo nos próximos dias. Eu gostaria que fosse assim, lá para o quarto mês de gestação. No mês seguinte, Clarissa se casará. Teremos muitos eventos e acontecimentos. Eu me sinto empolgada. Tirei a roupa e antes de ir pro banho, me olhei no espelho. Meus seios estão um tantinho maiores, minha barriga tá saltada. Ah, tá sim. É muito pouco, mas eu consigo perceber.

- Meu pequeno feijão, você tá crescendo hein?! - Acariciei minha barriga. - Cê viu o apê maneiro que seu pai comprou hoje? É! Eu também gostei de lá. - Suspirei, lembrando do sorriso daquele filho da mãe. Expulsa, Lavínia. Expulsa tudo isso.

(…)

Os dias se passaram, as gravações acabaram e Luan esteve presente em todos os dias. Minha mãe, meu pai, a família de Luan, todos eles estiveram em constante contato comigo para saber sobre o bebê e eu, sobre nossa saúde. Bruna inclusive veio aqui ontem, passou o dia comigo e fizemos compras no shopping. Compramos as primeiras roupinhas para o bebê, procurando tons neutros. Recebi pressão pra que ela seja a madrinha, mas foram tantas risadas e eu fiquei mais leve.

- Barbie, Luan chegou. - Ouvi a voz de Clarissa e me deu um frio na barriga. Hoje elas viajam. Irão em poucas horas e ele já chegou pra me levar ao apartamento.

- Tô indo. - Falei, me olhando no espelho pela décima vez. Eu confesso que a ida da Natália me deixou um pouco mais tranquila. Mas eu ainda tenho receios quanto a ele. A postura, a atenção… Eu realmente me magoei muito nos últimos tempos. Estar indo não quer dizer que eu voltarei, que estaremos bem. Espero que ele esteja bem ciente disso. Escolhi um conjunto de moletom preto. Calça, com uma camisa de mangas longas. Peguei a pequena malinha que fiz e segui para fora do quarto. Chegando na sala, encontrei ele de pé, conversando animadamente com as meninas. Então, me olhou e eu vi seus olhos brilhando.

- Oi, minha linda. - Sorriu abertamente.

- Oi. Você chegou cedo. - Franzi a testa.

- Uai, no horário marcado. - Abriu os braços, então o abracei. Ele beijou o alto da minha cabeça. Meu Deus, como meu coração tá acelerado. Nunca vou parar de reagir assim a ele? - Como cês tão? - Me olhou, me mantendo em seu abraço. As meninas nos olham derretida.

- Bem. - O olhei. Ele tá tão contente e eu sei que muito é pelo fato de termos três dias só nossos. Eu não faço a mínima ideia de como vai ser isso. Confesso que me sinto nervosa, receosa. Minha razão me diz para não fraquejar, o medo de me machucar logo mais… porém, meu coração e todo meu corpo pedem por ele. Eu espero seguir com minha razão, ainda não sinto que seja a hora de voltar. Apesar de sofrer pela falta dele, a paz que eu sinto hoje é bem maior do que quando eu estava no caos do nosso relacionamento.





OOOOOOIIII! cheguei rápido dessa vez! Não quero falar de coisa triste por aqui, então vamos continuar no nosso mundo de fantasias?! Sobre o capítulo: Muitos acontecimentos! Luan realmente comprou o apartamento, anda aproveitando as oportunidades. A saudade tá gritando entre os dois! Lavínia mantém o orgulho e pretende seguir assim. O clipe aconteceu, veremos como será esse lançamento hein?! Logo mais! E para o próximo capítulo, o que vocês acham que vai rolar? 👀
Comentários respondidooosss
Bjs, Jéssica ❤️

terça-feira, 2 de novembro de 2021

“ Os sentimentos que a gravidez trás “ 87

- Pai, eu já falei que não sabia.

- Não me interessa, Luan! - Ele disse, batendo a mão na mesa do escritório. - Eu sei que isso tudo que você vive hoje na música foram por conta de anos de tentativas, mas você tem uma mulher grávida lá fora, que tá claramente exausta, que tá se sentindo sozinha! Como você não percebeu isso na mulher que você ama, porra? - Ele disse alterado e eu respirei fundo, me sentindo sem forças.

- Eu tô sufocado de tanto trabalho, pai. - Falei, desabando na cadeira.

- Vocês discutiram e mesmo assim você ia viajar com uma modelo! Luan, o que você tá pensando? Eu não criei um moleque, porra! Não aja como um! Ela deve tá se sentindo insegura… - Suspirou pesado. - Eu vivi isso com a sua mãe, mas diferente de você eu percebi os sinais. Esse é o momento mais delicado que uma mulher vive. Ou você aprende a ser homem, ou vai perder sua família. - Ele disse, sentindo bem direto.

- Eu queria cancelar esse clipe! - Me exaltei, levantando novamente. - Eu pedi várias vezes.

- Só que antes disso ela não estava grávida! Isso muda tudo!

- Então vamos cancelar esse caralho! - Explodi.

- Não dá mais, Luan. - Ele me olhou. - Você vai lidar com isso feito o homem que eu ainda acredito que você seja. - Suspirou. - Ela. Precisa. Ficar. Bem. - Suspirei. - Ela e o bebê. O meu primeiro neto.

- Pai, vai dar tudo certo. - Respirei fundo. - Eu amo ela, ela sabe disso. Quero seguir tudo que foi conversado aqui. Quero trabalhar menos, no último mês eu quero folga total. Quero tá com ela. Vamos conseguir passar por isso.

- Você sempre me deu orgulho, que não seja diferente daqui pra frente. - E então, eu assenti. Ele deu as costas e saiu. Eu me senti sem chão. Ouvir tudo isso do meu pai… nunca aconteceu algo do tipo antes. Eu falhei. Falhei como parceiro. Como homem e pai. Sim, eu já falhei com nosso bebê no primeiro mês da vinda dele. Meus olhos lacrimejaram e eu deixei as lágrimas esvaziarem meu peito angustiado. Eu tirei alguns minutos para chorar livremente. Chorei, solucei, tirando todo sentindo ruim. Eu sou o homem pra essa mulher. Eu não vou desistir. Tentei me recompor, respirando fundo, limpando meu rosto. Preciso voltar. Fui ao banheiro que temos no escritório e lavei meu rosto, aliviando a vermelhidão. Funguei, tirando todo vestígio de choro. Sequei meu rosto e saí do escritório em direção a sala de refeições. Ao chegar lá, encontrei eles conversando animadamente. Algo sobre o bebê.

- Oi, filho! Senta aqui. - Minha mãe apontou para a cadeira ao lado de Lavínia. O clima pesado se instalou.

- Você tá bem? - Eu perguntei, olhando pra ela. Assentiu, me olhando de volta.

- Você tá? - Assenti também, desviando meu olhar.

- O almoço já tá vindo aí. - Meu pai disse, e logo nossa funcionária foi trazendo tudo.

- Bruna vai ficar maluca quando souber que vai ser tia. - Minha mãe disse.

- Nem me fale… ela vai entra na disputa pra ser madrinha junto com Clarissa e Talita. - Eu ri, juntamente com meus pais. Foi quando começamos a nos servir.

- Espera só pra cê ver quando os meninos souberem… - Eu disse, olhando pra ela.

- Boa sorte pra vocês. - Minha mãe disse. Eu sei que mereço tudo isso. A indiferença dela, as verdades de meu pai, apesar de ser humano e me sentir machucado por ouvir isso, mas sei que mereço. Eu fiz por onde.

Durante o almoço o clima foi ficando mais agradável e minha mãe já começou a fazer planos sobre o quarto do bebê. Lavínia sempre com os olhos brilhando e eu gostei de ver ela feliz. Até que minha mãe arrastou ela para o quarto, dizendo que iria mostrar fotos minhas de quando era bebê e também umas roupinhas que ela guarda até hoje.

- Já era o tempo com sua mulher. - Meu pai disse e eu suspirei. - Cerveja?

- Bora! - Eu disse e então levantamos, pegamos cerveja e fomos indo para o jardim. Chegando lá, sentando no sofá que fica na parte coberta.

- E aí, cê vai querer ajuda com corretor pra encontrar seu apê? - Ele me olhou.

- Quero. Mas não tenho tantas exigência não. Só precisa ser um prédio seguro, na capital e com o maior espaço possível.

- Cobertura? - Ele me olhou.

- Pode ser. - Concordei.

- Vou ver com a equipe e te passo os melhores Contatos. Uma casa você não quer? - Ele franziu a testa.

- Na capital? Fica meio impossível ter tranquilidade. Quando souberem que é a nossa casa… adeus paz.

- Tem razão. Nem acredito ainda que vou ser avô. - Ele riu de leve. E eu o olhei. - Eu tinha um medo grande de você engravidar qualquer uma. Nunca imaginei que a notícia de ser avô fosse me deixar tão leve.

- Eu me cuidava, pai. - Me defendi.

- Pra cima de mim? Nunca fez sem camisinha? Não vem com essa. - Ele bebeu sua cerveja e eu bebi também, sem conseguir negar. Confesso que já fiz. Pouquíssimas vezes, mas sim, já aconteceu.

- Ainda bem que foi com ela. - Suspirei.

- Essa mulher é diferente. Eu soube desde o início, quando ela veio aqui no seu aniversário. - Eu ri, relembrando. Foi a primeira vez dela na minha casa. Arrastei ela pro carro e convenci de a gente transar. Sempre tive tanto tesão nela. Deixei meus próprios convidados, no meu aniversário só pra foder com ela.

- É… eu também senti o mesmo na primeira vez que vi ela. - Comentei. Relembrando da fim de semana na casa de praia. Quando eu vi aquele rostinho… acabou comigo. Eu só conseguia pensar em fazer tudo com ela.

- E vou te falar mais: não vai ser fácil viu?! - Ele se referiu ao fato de ela me perdoar.

- Eu sei. Conheço aquela danada. Mas não vou desistir. - Respirei fundo.

- Vai dar tudo certo, filho. - Ele bateu em meu joelho, então, continuamos conversando. Ele começou a falar sobre minha mãe, quando ela engravidou de mim e que eles também passaram um momento delicado no casamento naquele período por serem muito jovens e tudo mais. Foi bom ouvir de alguém que é meu exemplo, que também já esteve na minha pele.




Nem percebi o tempo passar, quando de repente, Lavínia apareceu. E eu já fiquei bobo só de ver ela.

- Luan, a gente pode fazer a chamada com meus pais? - Falou educadamente.

- Agora, meu bem. - Sorri, levantando imediatamente. O que era pra ser uma cerveja com meu pai, se tornou três. E eu já me sinto um pouquinho diferente. Lavínia apenas revirou os olhos, se virando. Pude ouvir a risada baixa do meu pai. Olhei seu rebolado e fiquei impressionado como a bunda dela fica linda em qualquer roupa. Mas sem roupa fica espetacular.

- Onde a gente vai fazer? - Ela olhou pra trás e me pegou no flagra. - Para de olhar minha bunda! - Reclamou, parando de frente pra mim e eu prendi meus lábios, evitando sorrir.

- Desculpa, força do hábito. - Ela bufou e voltou a andar. - Lá no meu quarto, daí a gente tem mais privacidade. - E em silêncio, ela seguiu para meu quarto, já conhecendo o caminho. Abriu a porta e entrou como quem manda ali. Eu sorri, observando o quanto é bravinha.

- E aí, aonde? - Se virou de novo, ficando de braços cruzados.

- Aonde o que? - Tentei brincar.

- A chamada, Luan. - Começou a bater o pé no chão, impaciente.

- Você não pode ficar irritada. - Relembrei.

- Para de me chantagear com isso toda vez que eu ficar irritada com você. - Franziu a testa.

- Só tô te lembrando. - Falei, olhando em seus olhos.

- Você bebeu? - Me olhou desconfiada.

- Só três cervejas, enquanto minha mãe te sequestrou. - Falei, sentando na cama.

- Você não tá bêbado né?! - Ela continuou desconfiada, me olhando. 

- O que cê acha, Lavínia?! - Bufei, sorrindo em seguida.

- Tô te achando com os olhos muito alegres.

- É porque tô te olhando. Linda pra caramba. - Ela ergueu as sobrancelhas e sem me dar nenhuma moral, sentou-se na cama e deu início a chamada. Me aproximei sentindo seu cheiro que me deixou fraco. É tão difícil ficar perto e não poder tocar, cheirar, beijar… Meus sogros apareceram na tela e eu logo fiquei tenso.

- Oi, gente! Que saudade! - Lavínia disse.

- Oi, meu amor. - Sua mãe sorriu.

- Tô quase no início de um ataque cardíaco. - O pai dela disse, em português e nós rimos.

- Calma, pai. Não é nada grave. - Ela os tranquilizou.

- Oi, sogros. - Dei tchauzinho e eles sorriram.

- Oi, Luan! Como você está? - Meu sogro disse.

- Tô bem. - Falei educadamente.

- Cê tá corado. - Minha sogra observou.

- Tava na beira da piscina, mesmo na sombra o sol faz estrago. - Eu disse, então, Lavínia me olhou. Seu rosto tão pertinho e eu não me contive em olhar sua boca. Logo ela desviou.

- Bom, vou direto ao assunto.

- Ok. - Seus pais responderam juntos.

- Eu estou grávida. - Ela disse, simplesmente. Sua mãe ficou boquiaberta imediatamente e seu pai franziu a testa.

- O que? Puta que pariu! - Ele disse, ainda sério.

- Pai! - Ela o repreendeu.

- Você? Como assim? Vocês estão juntos a pouquíssimo tempo. - Minha sogra disse, ainda muito surpresa.

- Não foi planejado. Mas estamos felizes. - Eu disse.

- É, estamos. - Lavínia falou, mas percebi ela aflita pela reação dos seus pais.

- Parabéns! - Minha sogra finalmente falou, mas ainda muito surpresa. - Eu não sei o que pensar direito… vou ser avó! - Riu incrédula. - Vocês só tem pouco mais de um mês de namoro. - Ela suspirou.

- Filha, você tem tanto trabalho, como vai ser isso? - Seu pai se preocupou.

- Nós vamos dar um jeito. - Percebi Lavínia com a voz embargada. Então, tomei a frente:

- Vou dar uma reduzida nos shows, minha mãe se dispôs estar sempre com a Lavinia por aqui. Ela vai conseguir. Vai ser a melhor mãe desse mundo. - Falei, enquanto acariciei seu cabelo, tentando lhe passar confiança.

- Claro! Eu só fico preocupada de você estar aí… gravidez é tão delicado. - Sua mãe franziu a testa. - Mas você é dedicada, com certeza vai conseguir dar conta de tudo. - Ela tentou acalentar.

- Você acha mesmo? - Lavínia se mostrou vulnerável.

- Claro, filha. - Sua mãe lhe passou confiança.

- Você quer vir passar um tempo aqui? Pelo menos nesse início? - O pai dela perguntou.

- Não posso. - Ela suspirou. - Estou em um período de risco, preciso ficar de repouso. - E então, as expressão foram de absoluto espanto.

- Você tá bem? O que houve? - A mãe dela disparou. Enquanto seu pai bebeu água.

- Eu tô bem. É só… - Ela suspirou. - Muito estresse, por isso me afastei do trabalho e tudo mais.

- Meu bebê… você precisa tomar cuidado. - O pai dela disse, agora em inglês.

- Eu tô cuidando de tudo, pai. - Ela disse.

- Nós estamos. - Corrigi. E pude perceber que ela não citou nossa atual situação. Tadinha, já está claramente mexida com a reação dos pais e não quer deixar tudo pior.

- Quero parabenizar vocês dois, dizer que agora precisam estar mais juntos do que nunca e que meu coração tá na boca. - Meu sogro disse e eu ri de leve. - Não deixe nada acontecer com minha filha. - Ele me pediu e eu me senti culpado, por saber que já tenho uma parcela em tudo isso que tá acontecendo.

- Prometo. Não se preocupa, sogro. - Falei firme.

- Você precisa de mim? - A mãe dela perguntou e eu percebi que a qualquer momento Lavínia iria desabar no choro.

- Não, mãe. Você não pode largar tudo. Eu só preciso ficar um mês de repouso, logo depois tudo volta ao normal. Assim eu espero. Daí vou ver vocês, passo um tempo aí. - Meu coração parou e eu olhei ela aflito. De jeito nenhum que vai pra tão longe com meu filho na barriga, enquanto carrega ódio de mim. Essa não é uma combinação agradável.

- Vem, vem mesmo. - Minha sogra sorriu. E então, continuaram com perguntas que Lavínia e eu nos intercalamos para responder. Até que veio a tão esperada pergunta:

- Vocês vão morar juntos, casar? Como vai ser isso? - Meu sogro foi quem perguntou e eu olhei pra ela, lhe dando total abertura para falar o que preferir.

- Luan tá olhando uns apartamentos. A gente vai morar juntos. - Ela mentiu. Em partes. Sei que não vai comigo agora, mas também não quis dizer aos pais que estamos separados. Eles já estão claramente aflitos de uma gravidez em um namoro tão recente, com um cantor que não para em casa, enquanto eles estão em outro continente. É a filha deles, afinal. É a Lavínia. A que cuida da maior parte da empresa no país, acabaram de iniciar uma nova fase do negócio por aqui e ela já vai precisar se afastar. Eu imagino a preocupação. Acredito que Lavínia os entende também.

- Mas logo a gente vai casar. Eu quero isso. - Falei e ela me olhou com um sorriso falso e um olhar significante. Ela quer me asfixiar agora.

- Ah, que lindos! - Minha sogra se derreteu.

- Mãe, eu preciso ir agora. Meu celular tá descarregando. Lavínia mentiu novamente. - Pai, um beijo. Não se preocupa, estamos bem. - Ela sorriu, lhe passando segurança. Então, eles se despediram nos recomendando cuidados. Logo que a ligação encerrou, ela virou-se pra mim: - Você para de ficar enfeitando tudo.

- Eu quero casar com você. - Eu disse, decidido.

- Mas eu não quero. - Ela respondeu de imediato.

- Então conta a verdade pra eles também, ué. - Dei de ombros.

- Você viu a aflição deles. Não vou contar que o pai do meu filho… - Ela suspirou. - Enfim, não vou repetir tudo. Tô cansada disso. - Passou a mão pelo rosto, impaciente.

- Pai do teu filho errou pra caramba, mas tá correndo atrás do erro. - Procurei sua mão, segurança em seguida. - O pai do teu filho te ama mais que tudo. - Suspirei. - Não vai desistir. - Beijei sua mão e logo ela puxou.

- Muito papo. Sempre muito papo. - Bufou, levantando-se. - Quero ir embora. 

- Beleza. Te levo. - Levantei também, colocando meu celular no bolso.

- Não. Vou de Uber. Você já volta a trabalhar amanhã. - Começou com desculpinhas, então eu parei de frente pra ela e coloquei as mãos no cós da minha calça.

- Você quer mesmo ficar longe de mim né?!

- Luan, eu só preciso respirar. Na boa. Por favor. - E então, eu assenti, sabendo que já abusei muito da minha sorte.

- Então compartilha a corrida comigo. Fico acompanhando. - Ela assentiu.

- Vou me despedir dos seus pais. - Ela avisou.

- Tá, mas antes vem aqui. Rapidinho. - Pedi, voltando a sentar na cama. Ela me avaliou e então, ao ver que é sério, ela sentou. - Amanhã eu preciso voltar para ao trabalho, as gravações do clipe vão começar nos próximos dias… mas por favor, por favor, me fala se houver algum problema. Quero tá junto nas consultas, vou tá sempre em contato com você. Vou tá procurando um apê nesse meio tempo também. Quero mudar o quanto antes pra mais perto de você e sigo na esperança de que logo mais você esteja comigo. - Ela apenas assentiu. - Promete pra mim que vai cumprir isso? Qualquer coisa, loira. - Pedi, quase implorando. - Minha mãe tá aqui pra você também, pro nosso bebê. - Falei olhando em seus olhos.

- Prometo. Obrigada. - Ela disse, mas permaneceu séria.

- Me dá um abraço? - Abri os braços e ela avaliou a possibilidade, me olhando. - Só um abraço. - Apelei, sorrindo de lado e ela suspirou. Passou os braços em volta do meu pescoço, enquanto eu acariciei sua cintura, suas costas, sentindo ela o máximo que eu posso. - Amo você. Esse bebê é um presente. Vocês são as duas coisas mais importante da minha vida hoje. - Beijei seu ombro. - Obrigada por ser a geradora do meu sonho. - Beijei novamente e então, ela se afastou. - Vai dar tudo certo. Confia? - Lhe passei segurança.

- Vai sim. - Ela suspirou.

- Não fica com medo. Você é uma mulher foda. Nosso bebê não vai querer ir embora. - Sorri, tentando deixar tudo mais descontraído.

- Obrigada. - Ela sorriu de lado. Beijei suas duas mãos, em seguida ela levantou. - Agora vou indo. Vou falar com seus pais e já peço o Uber. - Assenti. Levantei e segui ela até a saída. Meus pais lhe deram mais apoio, minha mãe se mostrou estar 100% disponível para o que fosse preciso. Meu pai, a mesma coisa. Não consegui fazer ela ficar mais. Realmente se despediu, o Uber não demorou a chegar e meu coração doeu mais dessa vez. As despedidas dela nunca são boas, mas ela indo, grávida, de mal comigo… fez tudo se tornar pior. De repente, me senti triste e vazio. Não quis mais conversar por hoje e fui para meu quarto. Devo encarar a chegada da minha irmã daqui umas horas e lhe contar a mais nova novidade.

Sozinho, na cama, me permiti imaginar o rostinho do nosso bebê. Tem que vir com os olhos dela. Com a boca também. O narizinho. Sorri sozinho ao perceber que eu quero que tenha tudo dela. Parece uma boneca de tão perfeita. Parando pra conhecer se torna ainda mais impressionante. Linda. Linda. Vai ser um menino. Eu sinto isso. Torço pra isso. Uma mini Lavínia, iria torrar meus neurônios. Eu Geni frustrado ao perceber que serei um pai ciumento caso tenhamos uma menininha. Que Deus me ajude!

(…)

Dias depois

Começamos hoje as gravações do clipe. Teremos gravações noturnas, amanhã vou decidir entre dois apartamentos. Venho insistindo bastante para que Lavínia venha visitar comigo. Nosso contato é muito breve, e só existe por insistência minha. Nunca vi ela tão irredutível. Nos encontramos dois dias atrás, me recebeu com uma carinha de choro e imediatamente eu fiquei preocupado. Então, ela me disse que estava assistindo o filme e que gostaria de comer um pote de sorvete, mas que não pode. Teria que seguir a dieta para o bem do bebê, mas que não comer sorvete deixava ela triste. E ela estava chorando por isso. Eu tive que segurar meu riso e acolher seu momento. Então, lhe disse que um pote não seria possível, mas ela poderia dar uma colheradas e que nesse equilíbrio ela se sentiria melhor. Coloquei um tantinho de sorvete numa caneca e levei até seu quarto. Ela comeu, enquanto eu sentei ao seu lado na cama. O choro cessou. Eu vi uma criancinha ali. Frágil, sensível. Saber da gravidez dela me fez amá-la ainda mais. É incomum e eu simplesmente não consigo explicar. Eu apenas amo mais. Mais e mais.


Ao chegar no local das gravações, encontrei Natália e a equipe do clipe. Serão três dias de gravação, hoje teremos a explosão do carro e algumas cenas de sedução entre nós dois. Amanhã teremos um cena no banheiro, onde vai ser a parte mais quente. Nudez e beijos. Só consigo pensar em Lavínia. A reação vai ser péssima. Para minha sorte, o lançamento só acontecerá após um mês. Nesse tempo, ela vai já ter passado da fase de risco da gravidez. O que não diminui o estrago da reação dela, mas pelo menos nosso bebê estará bem.

|| Lavínia ||

As meninas chegaram e trouxeram sushi pra mim. Eu me senti tão tocada com o pequeno gesto. Eu ando assim ultimamente. Hormônios em uma grande loucura. Eu sei que hoje Luan já está nas gravações do clipe e estou tentando não pensar nisso. Meu bebê não precisa disso. Elas sentaram comigo, na mesa da cozinha e então, Clarissa disse:

-Nós vamos precisar ir em Sidney. - Ela comunicou e eu franzi a testa.

- Nós duas. Você não pode. Só pra esclarecer. - Talita disse e eu senti o mundo afundar. Como vou ficar aqui sem elas?

- Quando? - Perguntei.

- Daqui uns quatro dias. Você poderia ficar com a família do Luan durante esse tempo. Vamos precisar de três dias, resolver coisas da empresa.

- O que tá acontecendo com a empresa? - Me preocupei.

- Nada demais. Apenas uma nova estratégia de marketing. Vou precisar me reunir com a equipe pessoalmente e sua mãe quer a presença da Clarissa em uma visita no laboratório que estão fabricando os novos blushs. Segundo ela, precisa ser pessoalmente. - Talita explicou e eu suspirei.

- É isso, irmã. Talita fica em Sidney, eu viajo com a mamãe para Nova Zelândia, para fazer a visita. Acredito que no máximo três dias estaremos aqui. - Bufei e comecei a comer.

- Você vai pra casa do Luan? - Talita perguntou cuidadosa.

- Não tô morta. Sei me virar sozinha. Vou ficar aqui. - Dei de ombros. E elas se olharam. Nem fodendo eu vou pra casa da família do Luan. Eu os amo, sei que estão disponíveis, mas eu realmente não quero me sentir mais inútil do que agora. Sem contar que estou me roendo de ciúmes sobre esse clipe em cada vez que eu penso sobre.

- As gravações do clipe começaram hoje? - Clarissa perguntou cuidadosa. 

- Sim. - Revirei os olhos. - Mas o que isso tem haver? - Franzi a testa.

- Você tá irritada desde ontem. - Talita me alertou e eu respirei fundo.

- Eu tô com ciúmes, é isso. - Assumi, bufando. - Eu tô ficando inchada e só sei chorar… aquela mulher é espetacular. - Falei, realmente desabafando.

- Mas ele ama você. - Clarissa disse.

- Ah, é! - Talita concordou. Suspirei. Nem sei se ama tanto assim.

- E o seu casamento? - Perguntei a Clarissa, querendo mudar para um assunto mais leve. Ela tá conciliando trabalho com seus planos para o casório que vai acontecer em poucos meses. Será numa igreja no interior de São Paulo, cidade onde Marco nasceu. Vai ser algo bem intimista, mas minha irmã já garantiu que será uma grande festa. Eu até imagino… ela sempre sonhou com esse dia.

- Tá uma loucura. Vou provar docinhos semana que vem. Quero a ajuda de vocês. - Ela sorriu e logo nós concordamos. Eu tento fazer dieta, mas realmente tá difícil não ceder a tudo que eu gostaria de comer. E então, a porta abriu.

- Ô de casa! - Marco gritou. É, ele e Keven tem entrada livre por aqui.

- Cadê as Marias? - Keven berrou. Nós rimos. Logo eles se juntaram a nós e tivemos uma noite tranquila, me fazendo distrair de tudo. Nem lembro quando apaguei.





OOOOOOIIII! Quem tá querendo me matar comenta aqui só pra eu ver um negócio 👀😂 Gente, acho que uns 20 dias longe né?! Pra quem tá no grupo, já expliquei tudo, pra quem não tá, vou explicar de novo: comecei um novo trabalho, com uma nova rotina, então ainda estou me adaptando. Fiquei sem energia pra escrever. Mas consegui! E no feriadinho, tô aqui com capítulo pra vocês. CHEEEEIO de acontecimentos! Os pais da Lavínia ficaram preocupados, ela mentiu pra eles. Gravação do clipe tá aí, Luan continua tentando com ela e ela, com seu ciúmes conhecidíssimo! E ainda, teremos viagem das meninas. E aí? O que vai rolar? 👀 


Comentários respondidoooooosssss 🥰
Bjs, Jéssica ❤️

domingo, 17 de outubro de 2021

“ Contando a família “ 86

Acordei ainda sentindo muito sono. Olhei as horas no celular e percebi que ainda é muito cedo. O famoso relógio biológico. E então, minha mente foi captando tudo que rolou até eu dormir. Luan descobriu que tô grávida. Eu quis terminar. Ele tá insistindo com uma cara de pau sem tamanho. Ficou aqui ontem. Aqui!

Comemos pizza e depois sorvete. Prometi visitar minha nutricionista hoje. Apaguei no sofá.

Sentei na cama, querendo entender tudo que aconteceu. Olhei minhas roupas e vi que estou com a mesma de ontem. Levantei e me senti tonta. Oh, não, feijãozinho. Voltei a sentar, esperando a sensação ruim passar. Fechei os olhos e respirei fundo. Somente quando me senti melhor novamente, foi que levantei devagar para evitar que tudo se revire se novo. Ouvi vozes na cozinha. Minhas irmãs. Logo dei de cara com as duas tomando café, já arrumados para o trabalho.

- Bom dia, gravidinha. - Talita sorriu.

- Como você tá, irmã? - Clarissa me olhou com atenção.

- Bom dia, meninas. Eu me sinto bem. - Sorri. - Luan tá aqui? - Franzi a testa, já sentando em uma das cadeiras e as duas assentiram.

- No quarto de hóspedes. - Clarissa disse.

- Ele quem levou você até o quarto ontem. Você apagou, ninguém conseguia acordar. - Talita acrescentou. Respirei fundo. Eu estou mesmo lidando com isso. No fundo, eu estava torcendo para que fosse um sonho.

- Eu decidi que não quero mais. - Falei para as duas, que me olharam espantadas.

- Tem certeza? - Clarissa franziu a testa.

- Isso pode ser culpa dos hormônios. - Talita palpitou.

- Não. Vocês sabem o quanto ele vacilou. - Eu disse, pegando um pedaço de melancia que já estava toda cortada. - Ontem quase eu perdi meu filho. Fiquei mal feito uma filha da mãe. Não mereço isso, não preciso disso. - Eu falei, me sentindo muito decidida. - Ficar passando mal porque tô me sentindo insuficiente, insegura e ignorada. 

- Ele não parece querer desistir de você. - Talita ergueu as sobrancelhas.

- Boa sorte pra ele. Eu já decidi. - Dei de ombros.

- O amor morreu? - Clarissa me olhou desconfiada.

- Não. Eu amo ele demais. Mas eu me amo mais. É mais que tudo, amo esse serzinho dentro de mim. - Acariciei minha barriga. - No começo eu sei que eu não soube lidar, mas agora eu já não imagino outra realidade. - Elas sorriram derretidas. - Ontem foi um choque pra mim. Passar pelo susto, receber a notícia de que meu bebê quase não resistiu… Me senti a pessoa mais péssima do mundo.

- Eu imagino que sim. - Talita me compreendeu. 

- Luan precisa resolver as pendências profissionais dele, realizar os planos dele… quando ele pensar em ter uma família, se eu ainda estiver disponível, quem sabe… - Continuei desabafando.

- Ele ficou bem emocionada com a notícia de ser pai. - Minha irmã falou, então me contou com detalhes como aconteceu tudo. Dizer que não senti nada seria mentira, mas as reações do meu coração precisam ficar guardadas. Não posso dar espaço agora. Lhes falei sobre a surpresa que ele fez com as flores ontem e as duas ficaram derretidas. Sei que torcem por nós dois, mas sei que me apoiam independente de qualquer coisa.

Conversamos por minutos e elas levantaram quando se deram conta do atraso para o trabalho. E eu, fiquei. Porém, não me deixei abater pelo fato de que estou sendo tratada como uma inútil. É um motivo de força maior. Decidi voltar para meu quarto, fui para o banho e fiz todas as minhas higienes matinais.

Já estava batendo uma fotos, me posicionando na parede, enquanto encaixei meu celular numa ring light, quando Luan bateu na porta.

- Lavínia. - Ele chamou, com a voz rouca ainda. Respirei fundo, sabendo que vou lidar com essa situação por mais um dia.

- Oi. - Respondi.

- Eu queria pegar uma roupa aí. - Sim, ele tem pouquíssimas peças por aqui. Caminhei até a porta, abrindo em seguida e me deparei com ele recém saído do banho, com os cabelos molhados e bagunçados, a toalha enrolada na cintura. Meus hormônios gritaram com a barriguinha sarada e as tatuagens se realçando em sua pele. Tudo nele me excita. Ô, céus! Desviei o olhar e dei espaço para que ele entrasse. - Bom dia. Como você tá? - Me olhou com atenção e de repente, me senti minúscula na frente dele. Precisava ser tão alta e ter toda essa presença?

- Tô bem. - Ele sorriu, parecendo aliviado.

- Cê tá linda. - Me olhou feito bobo.

- Vou na nutricionista. - Comuniquei, não respondendo nada sobre seu elogio.

- Beleza, vou com você. - Ele disse e eu franziu a testa, ao ver minha reação ele simplesmente virou e foi para o closet. Ah, mas não vai mesmo! Peguei meu celular e para celebrar o quanto estou bem, publiquei uma das fotos que tirei:

 “ Já começando o dia maquiada por aqui! E vocês? Já fizeram algo por vocês hoje? 🙆🏾‍♀️ “ 

Sentada na cama, eu vi algumas coisas das redes sociais e entre elas, notícias sobre a viagem de Natália, minha cunhada e companhia… o maior comentário é sobre Luan não ter ido. Já começaram a especular várias coisas e entre elas, a maior especulação: que eu não quis ir, teria ficado incomodada com a modelo e por isso ele evitou desconforto.

É verdade? Sim, é verdade. Em parte. Ele só ficou porque parei no hospital, porém, ele vai desmentir isso logo que possível. Não quero o mundo sabendo da minha insegurança.

Luan voltou, já vestindo uma calça de moletom, juntamente com uma camisa de mangas longas que ele ajeitou em frente do espelho, deixando na altura dos cotovelos.

- Você já viu os sites de fofoca? - Perguntei, enquanto observo ele andando livremente por meu quarto, sabendo onde fica cada coisa.

- Não, uai. O que foi? - Me olhou atento. - Não me diz que vazou você no hospital.

- Não, não. - Esclareci. - É sobre você não ter ido a viagem. Estão dizendo que foi por minha causa, ciúmes e blá, blá, blá. Você vai desmentir isso logo que possível. - Ele soltou uma risadinha, enquanto eu permaneço séria.

- Mas é verdade, uai. - Eu sei que ele tá só me provocando.

- Luan, não me faz discutir a essa hora da manhã. - Suspirei e ele riu, se concentrando em ajeitar seu cabelo. Ficamos em silêncio. Até ele falar novamente:

- Você espera eu secar meu cabelo? - Pediu.

- Eu vou sozinha. Não pedi pra você ir comigo. - Fui direta.

- Mas eu vou. É sobre nosso filho. - Ele me olhou.

- Não, não é. É sobre o meu corpo!

- No seu corpo tá quem? Nosso bebê. - Deu de ombros e virou-se novamente.

- Luan, você foi e está sendo a maior causa de estresse pra mim. Você realmente quer me ver mal? Fica Longe! - Me exaltei, levantando. Ele largou tudo que estava fazendo e em passos rápidos se aproximou de mim, colocando as mãos nas laterais do meu rosto. Ficando muito perto.

- Essa é a última coisa que eu quero. Não consigo e nem posso ficar longe, Lavínia. Você não entende? Meu maior sonho tá se realizando, não posso deixar de vivenciar isso em cada detalhe. - Ele disse olhando nos meus olhos.

- Deixa só essa folguinha acabar… quero ver como você vai vivenciar cada detalhe.

- Se você fizer questão de me incluir, vou vivenciar sim. Eu quero conversar com você numa boa, nós precisamos conversar sobre um mundo de coisas que envolve essa gravidez. - Suspirei, sabendo que ele realmente tem razão. Temos um mundo que precisa ser conversado. 

- Te espero lá na sala. - Falei, me afastando rapidamente e saindo do quarto. Sentei no sofá e fiquei imaginando como serão os próximos dias e os próximos acontecimentos. Vamos envolver nossa família, que obviamente vai ficar sabendo da gravidez e também da minha decisão. Quero deixar tudo muito claro.

Luan não demorou tanto a aparecer.

- Amor, tô morrendo de fome! - Ele disse espontaneamente a palavra “ amor “. Lhe mostrei um olhar mortal e ele logo pareceu entender, ficando um pouco sem graça. - Tem algo pra comer?

- Tem, ué. Procura lá. - Falei, voltando a atenção ao meu celular. Mandei mensagem para minha mãe, avisando que preciso falar sobre um assunto importante. Luan sumiu por minutos e quando voltou, parecia devidamente satisfeito. Eu não recebi resposta da minha mãe. Ele sentou ao meu lado no sofá e eu larguei o celular, dedicando minha atenção a ele, que logo começou a falar:

- Eu quero me desculpar de novo por ontem. - Ele disse, me olhando. - Fui um imbecil com você e peço perdão. - Suspirou. - Você não imagina o quanto eu me sinto mal, Lavínia. Eu entendo você querer ficar longe de mim, mas eu não vou sair de perto de você e muito menos do nosso bebê. Quero que você saiba que pode contar comigo pra tudo. Que não se sinta sozinha, sobrecarregada, triste… que não sinta nada de ruim. Eu tô com você nesse ciclo. A única diferença é que você quem tá levando nosso filho, mas eu tô vivendo isso junto com você a partir de agora, tá bom? - Eu assenti. Deixando ele falar. Suspirou e então continuou: - Eu quero estar nas consultas, vou comprar um apê pra gente aqui na capital. Pra que não fique longe do seu trabalho, que possa ficar perto das meninas quando eu estiver nos shows. O melhor pra você. - Bufei, percebendo que ele está ignorando que eu quero terminar. - Eu sei, eu sei que você quer terminar. - Ele disse ao perceber minha reação. - Mas eu falei que não vou sair do seu lado, mesmo que eu entre no apartamento sozinho, lá vai ter tudo pra nossa família. Por que eu vou te conquistar de novo, loira. Escreve o que tô te falando. - Ele disse muito decidido e eu revirei os olhos. - Essa semana vou entrar numa reunião com a equipe responsável por marcações de show e tudo mais. Quero tudo reduzido a partir de agora. Passando esse clipe, só vou cumprir minha agenda até o ano novo e depois, quero que cancelem o que for necessário, mas eu vou ficar mais tempo aqui. Com vocês e pra vocês. Eu quero comemorar seu aniversário com você, aonde você quiser. - É, meu aniversário é em dezembro e nós estávamos pensando em viajar. Porém, meus planos são outros. Apesar de ainda faltar cerca de quatro meses. - E mais uma coisa. - Ele me mostrou o dedo indicador. - Quero muito que a gente possa almoçar com minha família hoje e contar pra eles. - Me pediu feito criança com os olhos brilhando. Assenti mais uma vez. - E você? Quer me falar alguma coisa? - Perguntou compreensivo. 

- Sim. - Limpei a garganta e comecei: - Eu estou certa da minha decisão quanto a você. Nos amamos, mas nem sempre é possível levar o amor adiante. Vamos ter um filho e você vai saber tudo sobre ele. Sobre ele. Quanto ao apartamento, isso é por sua conta. Vou continuar aqui e você não vai me obrigar a nada. - Falei rapidamente e então parei para respirar. - Sobre os shows, isso é com você também. Eu só quero ficar em paz e com você eu não tô conseguindo, infelizmente. Temos muitos fatores externos que atrapalham. A gente já sabia e mesmo assim, fomos teimosos ao tentar. Outro ponto: não vou fingir estar bem com você na frente da sua família. Juntamente com a notícia do bebê, quero que a gente comunique nossa atual situação. - Ele me mostrou descontento, porém, continuei: - Depois do almoço, quero reservar um tempo para que a gente fale com meus pais. - Ele assentiu. - Não contei pra ninguém, queria que você soubesse primeiro. - Revirei os olhos, lembrando do quanto fui idiota. - As meninas souberam porque descobriram junto comigo, enfim. - Dei de ombros ao perceber que estou me justificando. Foda-se o que ele pensa. - Não quero que você publique nada agora. Estou no período de risco e quero me recuperar primeiro. É isso.

- Tudo bem. A gente pode fazer foto com aqueles testes quando for anunciar? - Ele pediu, sorrindo. Ele tá ignorando toda minha indiferença e isso me deixa realmente brava.

- Essa parte pública você decide como quer. - Dei de ombros.

- Eu quero assim, se você concordar.

- Tudo bem. Algo mais? - Ergui as sobrancelhas.

- Não, acho que não.

- Então vou a nutricionista.

- Vou com você e de lá, vamos pra minha casa. Pode ser? - Suspirei.

- Pode ser. - Vou ter que encarar isso mesmo. Fazer o que? Ele só vai ter dia livre até amanhã e então, esse grude todo e todas as promessas se acabam. Não queria me sentir tão desenganada, mas Luan sempre acaba quebrando alguma promessa que faz pra mim. Só estou saturada.

Levantamos, fomos no nosso carro. Fui dirigindo, ele foi mexendo no celular, cantando algumas músicas que tocavam, as vezes ficava em silêncio me olhando. Eu apenas ignorei. Quando estacionei meu celular tocou. Atendi, ainda conectado ao carro e então ele acabou ouvindo minha mãe:

- O que tá acontecendo com você? - Ela disparou e eu sorri.

- Sobre o que exatamente? - Perguntei, enquanto Luan sorriu, me olhando.

- Você tá afastada da empresa? As meninas acabaram de me falar. Disseram que não é nada de ruim, mas que você vai precisar ficar em repouso, isso não faz sentido nenhum, Lavínia! - Ela disse, claramente angustiada. 

- Mãe, eu tô bem. Tenho um compromisso agora com minha nutri e logo depois vou ver a família do Luan, mas reserva um tempo pra mim daqui algumas horas? Você e meu pai. - Pedi.

- Reservar tempo? Filha, você e suas irmãs são minha prioridade. Todo tempo do mundo! Falo com ele sim. Chamada de vídeo? 

- Pode ser. - Falei, amarrando meus cabelos em um coque, Luan me observa distraidamente.

- Tá. Fica bem, se cuida. Amo muito você.

- Eu que amo você. Beijo. - E então, a ligação foi encerrada.

- Ela tá preocupada, tadinha. - Luan comentou, enquanto já começamos a sair do carro.

- Ela sabe que eu não me afastaria atoa, mas logo vamos esclarecer. - Eu disse, então seguimos para o primeiro compromisso. Luan me esperou na recepção, que por sorte não teve quase ninguém durante o tempo da minha consulta. A doutora me passou toda uma dieta pensando em mim e no bebê, na minha nova rotina e tudo mais. Foi totalmente atenciosa e eu me senti cuidada. Quando terminamos, me senti melhor comigo mesma. Como é bom dar atenção a si mesma!

Voltamos ao carro e dessa vez, ele pediu pra levar. Resultado: dormi o trajeto todo. Ando tão, tão, dorminhoca. Só acordei quando ouvi uma voz distante chamando meu nome. Acordei e vi ele me olhando todo bobo, dei um meio sorriso com a visão linda, enquanto ainda estou adormecida.

- Chegamos, preguicinha. - Ele apertou meu nariz, fazendo com que eu despertasse totalmente. Me ajeitei no assento, enquanto ele me observa. O que tanto olha hoje? Suspirei. - Você tá dormindo muito? - Perguntou.

- Me sinto menos disposta na maior parte do tempo. - Fui sincera.

- Nosso bebê é dorminhoco.

- Igual a você. - Eu disse antes de sair, pude ouvir a risada dele. Vi sua mansão, parece que não venho aqui há um século! Logo ele colocou sua digital, destravando a porta de entrada. Na sala de estar, vimos seu pai assistindo futebol. Levantou animado, logo que nos viu.

- Aô, rapaz! Que bom ver vocês! - Ele sorriu, abrindo os braços para mim, primeiramente. O abracei de volta. - Como você tá? Soube da ida ao hospital.

- Tô bem, já passou. - Eu sorri, me sentindo acarinhada. Como eu amo essa família e a forma como eles me tornaram família também.

- Certeza? - Ele desfez o abraço, mas olhou em meu rosto. Amarildo tem um jeito mais sério, na maior parte do tempo. Mas sempre que pode solta uma piada e quando está em toda de viola, vira um grande contador de histórias engraçadas.

- Certeza! - Sorri.

- Então, bora comer! - Ele passou o braço em volta do meu ombro, de forma acolhedora. Ao mesmo tempo, apertou a mão de Luan, perguntando como ele estava. Enquanto estávamos caminhando para a cozinha, ele falou sobre a ligação da minha sogra contando sobre o almoço de última hora. Acabou largando tudo no escritório, vindo até em casa.

Foi quando chegamos até a cozinha, vi minha sogra juntamente com uma ajudante, funcionária da casa, preparando tudo.

- Oi! - Falei animada e ela me olhou rápido.

- Ah, meu Deus! Chegaram! - Ela sorriu, enxugando as mãos num paninho, antes de vir até nós. Fui a primeira a ser recebida também. - Como você tá, meu amor? - Suas mãos pousaram em cada lado do meu rosto.

- Tô bem. E você? Senti saudade. - Então, ela me puxou para um abraço forte.

- Você nunca vem me ver.

- Tenho muito trabalho, me desculpa, sogra. - Sorri.

- Eu entendo completamente. Fiquei assustada ontem com a ida ao hospital. - Ela disse, desfazendo o abraço.

- É sobre isso que queremos falar. - Luan disse, e então, ela foi até ele, lhe beijando no rosto e o abraçando em seguida.

- Bora pro escritório? - Amarildo sugeriu.

- Pode ser. - Luan disse. E fomos para o escritório que eles tem em casa. Entramos e sentamos nas poltronas. Luan sentou no encosto da mesmo poltrona que eu, ficando ao meu lado.

- E então? É algo ruim? - Marizete franziu a testa preocupada.

- Eu começo ou você? - Luan me olhou com atenção. Eu realmente gosto quando ele me olha assim. Respirei fundo.

- Tô nervosa. - Eu ri, realmente me sentindo ansiosa.

- Tudo bem, então eu falo. - Ele disse.

- Ah, meu Deus! - Marizete já colocou as mãos na boca, com os olhos brilhando. Ela já imagina o que seja…

- Lavínia e eu estamos esperando nosso primeiro filho, ou filha. - Luan sorriu, sendo bem direto e Marizete soltou um som como quem não acredita. Amarildo sorriu, levantando e abraçando seu filho.

- Parabéns, filhão! Agora você vai saber o que é ser um pai e tudo que isso representa.

- Obrigado, pai. - Luan disse. Marizete veio em minha direção com os olhos marejados e logo eu fiquei na mesma situação. Hormônios!

- Ah, minha filha! - Ela sorriu, me abraçando em seguida. - Parabéns! Você vai ser uma grande mãe. Você tá realizando um sonho meu! Que Deus te dê todo discernimento.

- Obrigada, Marizete! - Eu sorri. Logo em seguida ela desfez o abraço e olhou minha barriga, tocando-a. Aquilo me emocionou.

- Vou ser vovó! - Ela sorriu.

- Quanto tempo? - Amarildo perguntou, já vindo em minha direção, enquanto invertemos os abraços.

- Dois meses. - Respondi, enquanto ouço Marizete pulando e abraçando Luan.

- Parabéns, Lavínia. Esse bebê já é muito abençoado e muito amado. Que vocês sejam uma família muito feliz. - Ele desejou. Não sabe ainda de um grande detalhe. Porém, cada assunto por vez.

- Obrigada, Amarildo! - Falei, enquanto desfizemos o abraço. Então, começaram as perguntas deles:

- Vocês só descobriram agora? - Marizete perguntou.

- Eu descobri antes. Fazia um tempo que eu tentava contar pro Luan, mas nunca dava. - Amarildo franziu a testa tentando entender.

- Muito trabalho. - Luan complementou.

- Não imaginava que um neto ia vir assim tão cedo! - Amarildo riu e nós também.

- Ninguém imaginou. Eu entrei em pânico, mas agora já assimilei. - Comentei, então sentamos novamente.

- E agora? O que pretendem fazer? - Marizete perguntou. Olhei Luan, esperando ele falar o outro detalhe sobre tudo isso.

- Eu quero comprar um apartamento lá na capital mesmo, próximo de onde fica o das meninas. Quero que Lavínia tenha acesso fácil ao trabalho e a elas também, quando eu estiver viajando. - Olhei sua tremenda cara de pau. - Pai, quero diminuir a carga de shows, trabalhos. Ao invés de passar cerca de 20 dias na estrada, quero passar no máximo 15. Pelo menos metade de cada mês quero tá tranquilo, com ela e o bebê. - Seu pai assentiu em concordância.

- É… além disso tudo, Luan não falou um detalhezinho. Nós escolhemos ficar como amigos por enquanto. - e então, recebi o olhar estranho dos dois. - Eu ando muito estressada e sobrecarregada. Soube da gravidez um mês atrás, tive que lidar com isso e com trabalho, muito trabalho. Eu venho passando mal na maioria dos dias. Luan tá na vida corrida de shows e clipes… enfim. Eu me senti um pouco sozinha e ainda mais estressada… - E então, Luan me interrompeu.

- Mas isso vai mudar a partir de agora. - O olhei, e então voltei a falar.

- Não pedi pra ele fazer nada disso porque não quero atrapalhar a carreira dele de modo algum. Conversei com ele e sinto que isso é o melhor agora. Ontem eu passei mal, depois de uma discussão nossa… - Suspirei. É ruim se expor assim. - E foi só por isso que ele cancelou a viagem e só assim soube da gravidez. - Vi o pai dele o repreender com o olhar. - A doutora disse que minha gravidez é de risco, devo me resguardar de qualquer sentimento estressante ou angustiante pelo menos até o próximo mês, quando eu fizer três meses. - Suspirei de novo. - E eu disse ao Luan que não deixaria a família de fora da nossa atual situação. Então, já estou deixando vocês cientes de tudo. - Sorri de lado. Os pais dele o olharam.

- Ela quer isso. - Ele disse. - Eu não quero, não. - Suspirou.

- Olha, vocês dois levam uma vida realmente complicada… mas a gente vê o amor daqui. - Marizete disse. - Eu espero que essa criança tenha uma família incrível, que vocês estejam juntos e consigam passar por isso. Amor é paciência. Vocês acham que é fácil levar um casamento? Temos muitos momentos em que da vontade de jogar tudo pro ar, mas quando percebemos que o amor é maior, reconhecemos, pedimos desculpas e seguimos. - Eu assenti, apesar de estar firme da minha decisão.

- Você se cuide, Lavínia. Você e o bebê. - Amarildo disso. - Nós tínhamos um sonho antigo de ser avós, não quero que nada aconteça com vocês. Se isso inclui se afastar do Luan, então, que seja necessário. - Eu assenti novamente.

- Obrigada. A gente vai manter uma relação amigável, vamos ter um filho afinal. - Falei.

- Quero falar com você. - Amarildo disse, olhando para Luan.

- Vem, meu amor. Tem delícia de abacaxi na geladeira. - Marizete me chamou. Algo me diz que a conversa entre pai e filho vai ser séria. Fomos até a cozinha em silêncio, quando chegamos lá, Marizete me serviu. Quando experimentei, foi como ter um pedacinho do céu.

- Foi você que fez? - Meu olhos brilharam.

- Foi sim. - Ela sorriu.

- Isso tá maravilhoso. - Eu disse, voltando a comer. É realmente incrível e eu poderia ter isso todos os dias em casa. Na verdade não, tenho uma dieta pra seguir que eu já acabei de quebrar. O interfone tocou e então, a funcionário se afastou para atender.

- Você realmente tá bem, minha linda? - Marizete perguntou, ficando ao meu lado no balcão.

- Já estive pior. - Ri de leve. - Foi um susto quando soube da gravidez. Agora me sinto mais leve.

- Tudo que eu menos quero é ver vocês dois separados, mas que você e o bebê estejam bem acima de tudo. Sei o quanto o meu filho é louco por você. Enfrentou traumas do passado, nunca desistiu e ele fica realmente afetado quando tá mal com você. Eu sei que ele não vai desistir. - Ela disse.

- Luan é insistente e eu sei muito bem disso. Ele insistiu comigo até eu acabar ficando bom ele, depois acabei aceitando namorar… e aí tudo aconteceu muito rápido. As vezes eu não consigo lidar com toda essa distância, sabe? - Olhei ela. - Sempre tive as pessoas próximas de mim. De repente, mudo de país, vivo uma rotina louca de trabalho, começo a namorar um cantor que quase não para em casa e pra completar engravido dele. - Suspirei, desabafando.

- Quando a gente ama não tem jeito. - Marizete acariciou meu ombro. - Posso te dizer uma coisa? - Me olhou e eu assenti. - Você tem muito mais poder do que imagina. Ainda mais agora… não fica insegura, não. Nunca vi meu filho tão apaixonado por alguém, em outros tempos ele ia enlouquecer por saber que vai ser pai e mesmo sendo cedo entre vocês, ele tá tão feliz! Então, Lavínia, você é muito poderosa. Eu sei que a carência bate, a saudade bate. Vocês são um casa jovem e pouco se veem, mas vão ter que ceder aqui e ali. Não vai ser tão fácil, mas se tiverem dedicação vão passar por cima de tudo. - Ela disse e eu já comecei a ficar com os olhos marejados. - Vem cá. - Ela me abraçou forte. - Quando precisar conversar com uma mãe, eu estou aqui. Sei que a sua tá um pouco distante fisicamente e sei o quanto isso mexe com uma mulher grávida. Além de sua sogra, sou uma segunda mãe da vida pra você. Tá? - Ela disse, enquanto as lágrimas já rolam em meu rosto.

- Obrigada. Mesmo. - Foi o que eu consegui dizer. Como faz diferença ter apoio. Gravidez causa medo, as vezes pânico, agora com uma rede de apoio maior eu me sinto como se o peso das minhas costas fossem divididos entre nós. Sei que ela me quer com o filho, ainda mais agora que vamos ter um bebê, mas eu continuo bem certo do que quero. Chega de ficar naquela situação. Eu realmente não aguento lidar com isso agora.




OIEEEEE! Capítulo tranquilinho pra vocês. E aí? Como vai ser daqui pra frente? Já quero vocês cheia de ideias e palpites hahaha 
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Bjs, Jéssica ❤️