Comemos pizza e depois sorvete. Prometi visitar minha nutricionista hoje. Apaguei no sofá.
Sentei na cama, querendo entender tudo que aconteceu. Olhei minhas roupas e vi que estou com a mesma de ontem. Levantei e me senti tonta. Oh, não, feijãozinho. Voltei a sentar, esperando a sensação ruim passar. Fechei os olhos e respirei fundo. Somente quando me senti melhor novamente, foi que levantei devagar para evitar que tudo se revire se novo. Ouvi vozes na cozinha. Minhas irmãs. Logo dei de cara com as duas tomando café, já arrumados para o trabalho.
- Bom dia, gravidinha. - Talita sorriu.
- Como você tá, irmã? - Clarissa me olhou com atenção.
- Bom dia, meninas. Eu me sinto bem. - Sorri. - Luan tá aqui? - Franzi a testa, já sentando em uma das cadeiras e as duas assentiram.
- No quarto de hóspedes. - Clarissa disse.
- Ele quem levou você até o quarto ontem. Você apagou, ninguém conseguia acordar. - Talita acrescentou. Respirei fundo. Eu estou mesmo lidando com isso. No fundo, eu estava torcendo para que fosse um sonho.
- Eu decidi que não quero mais. - Falei para as duas, que me olharam espantadas.
- Tem certeza? - Clarissa franziu a testa.
- Isso pode ser culpa dos hormônios. - Talita palpitou.
- Não. Vocês sabem o quanto ele vacilou. - Eu disse, pegando um pedaço de melancia que já estava toda cortada. - Ontem quase eu perdi meu filho. Fiquei mal feito uma filha da mãe. Não mereço isso, não preciso disso. - Eu falei, me sentindo muito decidida. - Ficar passando mal porque tô me sentindo insuficiente, insegura e ignorada.
- Ele não parece querer desistir de você. - Talita ergueu as sobrancelhas.
- Boa sorte pra ele. Eu já decidi. - Dei de ombros.
- O amor morreu? - Clarissa me olhou desconfiada.
- Não. Eu amo ele demais. Mas eu me amo mais. É mais que tudo, amo esse serzinho dentro de mim. - Acariciei minha barriga. - No começo eu sei que eu não soube lidar, mas agora eu já não imagino outra realidade. - Elas sorriram derretidas. - Ontem foi um choque pra mim. Passar pelo susto, receber a notícia de que meu bebê quase não resistiu… Me senti a pessoa mais péssima do mundo.
- Eu imagino que sim. - Talita me compreendeu.
- Luan precisa resolver as pendências profissionais dele, realizar os planos dele… quando ele pensar em ter uma família, se eu ainda estiver disponível, quem sabe… - Continuei desabafando.
- Ele ficou bem emocionada com a notícia de ser pai. - Minha irmã falou, então me contou com detalhes como aconteceu tudo. Dizer que não senti nada seria mentira, mas as reações do meu coração precisam ficar guardadas. Não posso dar espaço agora. Lhes falei sobre a surpresa que ele fez com as flores ontem e as duas ficaram derretidas. Sei que torcem por nós dois, mas sei que me apoiam independente de qualquer coisa.
Conversamos por minutos e elas levantaram quando se deram conta do atraso para o trabalho. E eu, fiquei. Porém, não me deixei abater pelo fato de que estou sendo tratada como uma inútil. É um motivo de força maior. Decidi voltar para meu quarto, fui para o banho e fiz todas as minhas higienes matinais.
Já estava batendo uma fotos, me posicionando na parede, enquanto encaixei meu celular numa ring light, quando Luan bateu na porta.
Conversamos por minutos e elas levantaram quando se deram conta do atraso para o trabalho. E eu, fiquei. Porém, não me deixei abater pelo fato de que estou sendo tratada como uma inútil. É um motivo de força maior. Decidi voltar para meu quarto, fui para o banho e fiz todas as minhas higienes matinais.
Já estava batendo uma fotos, me posicionando na parede, enquanto encaixei meu celular numa ring light, quando Luan bateu na porta.
- Lavínia. - Ele chamou, com a voz rouca ainda. Respirei fundo, sabendo que vou lidar com essa situação por mais um dia.
- Oi. - Respondi.
- Eu queria pegar uma roupa aí. - Sim, ele tem pouquíssimas peças por aqui. Caminhei até a porta, abrindo em seguida e me deparei com ele recém saído do banho, com os cabelos molhados e bagunçados, a toalha enrolada na cintura. Meus hormônios gritaram com a barriguinha sarada e as tatuagens se realçando em sua pele. Tudo nele me excita. Ô, céus! Desviei o olhar e dei espaço para que ele entrasse. - Bom dia. Como você tá? - Me olhou com atenção e de repente, me senti minúscula na frente dele. Precisava ser tão alta e ter toda essa presença?
- Tô bem. - Ele sorriu, parecendo aliviado.
- Cê tá linda. - Me olhou feito bobo.
- Vou na nutricionista. - Comuniquei, não respondendo nada sobre seu elogio.
- Beleza, vou com você. - Ele disse e eu franziu a testa, ao ver minha reação ele simplesmente virou e foi para o closet. Ah, mas não vai mesmo! Peguei meu celular e para celebrar o quanto estou bem, publiquei uma das fotos que tirei:
“ Já começando o dia maquiada por aqui! E vocês? Já fizeram algo por vocês hoje? 🙆🏾♀️ “
Sentada na cama, eu vi algumas coisas das redes sociais e entre elas, notícias sobre a viagem de Natália, minha cunhada e companhia… o maior comentário é sobre Luan não ter ido. Já começaram a especular várias coisas e entre elas, a maior especulação: que eu não quis ir, teria ficado incomodada com a modelo e por isso ele evitou desconforto.
É verdade? Sim, é verdade. Em parte. Ele só ficou porque parei no hospital, porém, ele vai desmentir isso logo que possível. Não quero o mundo sabendo da minha insegurança.
Luan voltou, já vestindo uma calça de moletom, juntamente com uma camisa de mangas longas que ele ajeitou em frente do espelho, deixando na altura dos cotovelos.
- Você já viu os sites de fofoca? - Perguntei, enquanto observo ele andando livremente por meu quarto, sabendo onde fica cada coisa.
- Não, uai. O que foi? - Me olhou atento. - Não me diz que vazou você no hospital.
- Não, não. - Esclareci. - É sobre você não ter ido a viagem. Estão dizendo que foi por minha causa, ciúmes e blá, blá, blá. Você vai desmentir isso logo que possível. - Ele soltou uma risadinha, enquanto eu permaneço séria.
- Mas é verdade, uai. - Eu sei que ele tá só me provocando.
- Luan, não me faz discutir a essa hora da manhã. - Suspirei e ele riu, se concentrando em ajeitar seu cabelo. Ficamos em silêncio. Até ele falar novamente:
- Você espera eu secar meu cabelo? - Pediu.
- Eu vou sozinha. Não pedi pra você ir comigo. - Fui direta.
- Mas eu vou. É sobre nosso filho. - Ele me olhou.
- Não, não é. É sobre o meu corpo!
- No seu corpo tá quem? Nosso bebê. - Deu de ombros e virou-se novamente.
- Luan, você foi e está sendo a maior causa de estresse pra mim. Você realmente quer me ver mal? Fica Longe! - Me exaltei, levantando. Ele largou tudo que estava fazendo e em passos rápidos se aproximou de mim, colocando as mãos nas laterais do meu rosto. Ficando muito perto.
- Essa é a última coisa que eu quero. Não consigo e nem posso ficar longe, Lavínia. Você não entende? Meu maior sonho tá se realizando, não posso deixar de vivenciar isso em cada detalhe. - Ele disse olhando nos meus olhos.
- Deixa só essa folguinha acabar… quero ver como você vai vivenciar cada detalhe.
- Se você fizer questão de me incluir, vou vivenciar sim. Eu quero conversar com você numa boa, nós precisamos conversar sobre um mundo de coisas que envolve essa gravidez. - Suspirei, sabendo que ele realmente tem razão. Temos um mundo que precisa ser conversado.
- Te espero lá na sala. - Falei, me afastando rapidamente e saindo do quarto. Sentei no sofá e fiquei imaginando como serão os próximos dias e os próximos acontecimentos. Vamos envolver nossa família, que obviamente vai ficar sabendo da gravidez e também da minha decisão. Quero deixar tudo muito claro.
Luan não demorou tanto a aparecer.
Luan não demorou tanto a aparecer.
- Amor, tô morrendo de fome! - Ele disse espontaneamente a palavra “ amor “. Lhe mostrei um olhar mortal e ele logo pareceu entender, ficando um pouco sem graça. - Tem algo pra comer?
- Tem, ué. Procura lá. - Falei, voltando a atenção ao meu celular. Mandei mensagem para minha mãe, avisando que preciso falar sobre um assunto importante. Luan sumiu por minutos e quando voltou, parecia devidamente satisfeito. Eu não recebi resposta da minha mãe. Ele sentou ao meu lado no sofá e eu larguei o celular, dedicando minha atenção a ele, que logo começou a falar:
- Eu quero me desculpar de novo por ontem. - Ele disse, me olhando. - Fui um imbecil com você e peço perdão. - Suspirou. - Você não imagina o quanto eu me sinto mal, Lavínia. Eu entendo você querer ficar longe de mim, mas eu não vou sair de perto de você e muito menos do nosso bebê. Quero que você saiba que pode contar comigo pra tudo. Que não se sinta sozinha, sobrecarregada, triste… que não sinta nada de ruim. Eu tô com você nesse ciclo. A única diferença é que você quem tá levando nosso filho, mas eu tô vivendo isso junto com você a partir de agora, tá bom? - Eu assenti. Deixando ele falar. Suspirou e então continuou: - Eu quero estar nas consultas, vou comprar um apê pra gente aqui na capital. Pra que não fique longe do seu trabalho, que possa ficar perto das meninas quando eu estiver nos shows. O melhor pra você. - Bufei, percebendo que ele está ignorando que eu quero terminar. - Eu sei, eu sei que você quer terminar. - Ele disse ao perceber minha reação. - Mas eu falei que não vou sair do seu lado, mesmo que eu entre no apartamento sozinho, lá vai ter tudo pra nossa família. Por que eu vou te conquistar de novo, loira. Escreve o que tô te falando. - Ele disse muito decidido e eu revirei os olhos. - Essa semana vou entrar numa reunião com a equipe responsável por marcações de show e tudo mais. Quero tudo reduzido a partir de agora. Passando esse clipe, só vou cumprir minha agenda até o ano novo e depois, quero que cancelem o que for necessário, mas eu vou ficar mais tempo aqui. Com vocês e pra vocês. Eu quero comemorar seu aniversário com você, aonde você quiser. - É, meu aniversário é em dezembro e nós estávamos pensando em viajar. Porém, meus planos são outros. Apesar de ainda faltar cerca de quatro meses. - E mais uma coisa. - Ele me mostrou o dedo indicador. - Quero muito que a gente possa almoçar com minha família hoje e contar pra eles. - Me pediu feito criança com os olhos brilhando. Assenti mais uma vez. - E você? Quer me falar alguma coisa? - Perguntou compreensivo.
- Sim. - Limpei a garganta e comecei: - Eu estou certa da minha decisão quanto a você. Nos amamos, mas nem sempre é possível levar o amor adiante. Vamos ter um filho e você vai saber tudo sobre ele. Sobre ele. Quanto ao apartamento, isso é por sua conta. Vou continuar aqui e você não vai me obrigar a nada. - Falei rapidamente e então parei para respirar. - Sobre os shows, isso é com você também. Eu só quero ficar em paz e com você eu não tô conseguindo, infelizmente. Temos muitos fatores externos que atrapalham. A gente já sabia e mesmo assim, fomos teimosos ao tentar. Outro ponto: não vou fingir estar bem com você na frente da sua família. Juntamente com a notícia do bebê, quero que a gente comunique nossa atual situação. - Ele me mostrou descontento, porém, continuei: - Depois do almoço, quero reservar um tempo para que a gente fale com meus pais. - Ele assentiu. - Não contei pra ninguém, queria que você soubesse primeiro. - Revirei os olhos, lembrando do quanto fui idiota. - As meninas souberam porque descobriram junto comigo, enfim. - Dei de ombros ao perceber que estou me justificando. Foda-se o que ele pensa. - Não quero que você publique nada agora. Estou no período de risco e quero me recuperar primeiro. É isso.
- Tudo bem. A gente pode fazer foto com aqueles testes quando for anunciar? - Ele pediu, sorrindo. Ele tá ignorando toda minha indiferença e isso me deixa realmente brava.
- Essa parte pública você decide como quer. - Dei de ombros.
- Eu quero assim, se você concordar.
- Tudo bem. Algo mais? - Ergui as sobrancelhas.
- Não, acho que não.
- Então vou a nutricionista.
- Vou com você e de lá, vamos pra minha casa. Pode ser? - Suspirei.
- Pode ser. - Vou ter que encarar isso mesmo. Fazer o que? Ele só vai ter dia livre até amanhã e então, esse grude todo e todas as promessas se acabam. Não queria me sentir tão desenganada, mas Luan sempre acaba quebrando alguma promessa que faz pra mim. Só estou saturada.
Levantamos, fomos no nosso carro. Fui dirigindo, ele foi mexendo no celular, cantando algumas músicas que tocavam, as vezes ficava em silêncio me olhando. Eu apenas ignorei. Quando estacionei meu celular tocou. Atendi, ainda conectado ao carro e então ele acabou ouvindo minha mãe:
Levantamos, fomos no nosso carro. Fui dirigindo, ele foi mexendo no celular, cantando algumas músicas que tocavam, as vezes ficava em silêncio me olhando. Eu apenas ignorei. Quando estacionei meu celular tocou. Atendi, ainda conectado ao carro e então ele acabou ouvindo minha mãe:
- O que tá acontecendo com você? - Ela disparou e eu sorri.
- Sobre o que exatamente? - Perguntei, enquanto Luan sorriu, me olhando.
- Você tá afastada da empresa? As meninas acabaram de me falar. Disseram que não é nada de ruim, mas que você vai precisar ficar em repouso, isso não faz sentido nenhum, Lavínia! - Ela disse, claramente angustiada.
- Mãe, eu tô bem. Tenho um compromisso agora com minha nutri e logo depois vou ver a família do Luan, mas reserva um tempo pra mim daqui algumas horas? Você e meu pai. - Pedi.
- Reservar tempo? Filha, você e suas irmãs são minha prioridade. Todo tempo do mundo! Falo com ele sim. Chamada de vídeo?
- Pode ser. - Falei, amarrando meus cabelos em um coque, Luan me observa distraidamente.
- Tá. Fica bem, se cuida. Amo muito você.
- Eu que amo você. Beijo. - E então, a ligação foi encerrada.
- Ela tá preocupada, tadinha. - Luan comentou, enquanto já começamos a sair do carro.
- Ela sabe que eu não me afastaria atoa, mas logo vamos esclarecer. - Eu disse, então seguimos para o primeiro compromisso. Luan me esperou na recepção, que por sorte não teve quase ninguém durante o tempo da minha consulta. A doutora me passou toda uma dieta pensando em mim e no bebê, na minha nova rotina e tudo mais. Foi totalmente atenciosa e eu me senti cuidada. Quando terminamos, me senti melhor comigo mesma. Como é bom dar atenção a si mesma!
Voltamos ao carro e dessa vez, ele pediu pra levar. Resultado: dormi o trajeto todo. Ando tão, tão, dorminhoca. Só acordei quando ouvi uma voz distante chamando meu nome. Acordei e vi ele me olhando todo bobo, dei um meio sorriso com a visão linda, enquanto ainda estou adormecida.
Voltamos ao carro e dessa vez, ele pediu pra levar. Resultado: dormi o trajeto todo. Ando tão, tão, dorminhoca. Só acordei quando ouvi uma voz distante chamando meu nome. Acordei e vi ele me olhando todo bobo, dei um meio sorriso com a visão linda, enquanto ainda estou adormecida.
- Chegamos, preguicinha. - Ele apertou meu nariz, fazendo com que eu despertasse totalmente. Me ajeitei no assento, enquanto ele me observa. O que tanto olha hoje? Suspirei. - Você tá dormindo muito? - Perguntou.
- Me sinto menos disposta na maior parte do tempo. - Fui sincera.
- Nosso bebê é dorminhoco.
- Igual a você. - Eu disse antes de sair, pude ouvir a risada dele. Vi sua mansão, parece que não venho aqui há um século! Logo ele colocou sua digital, destravando a porta de entrada. Na sala de estar, vimos seu pai assistindo futebol. Levantou animado, logo que nos viu.
- Aô, rapaz! Que bom ver vocês! - Ele sorriu, abrindo os braços para mim, primeiramente. O abracei de volta. - Como você tá? Soube da ida ao hospital.
- Tô bem, já passou. - Eu sorri, me sentindo acarinhada. Como eu amo essa família e a forma como eles me tornaram família também.
- Certeza? - Ele desfez o abraço, mas olhou em meu rosto. Amarildo tem um jeito mais sério, na maior parte do tempo. Mas sempre que pode solta uma piada e quando está em toda de viola, vira um grande contador de histórias engraçadas.
- Certeza! - Sorri.
- Então, bora comer! - Ele passou o braço em volta do meu ombro, de forma acolhedora. Ao mesmo tempo, apertou a mão de Luan, perguntando como ele estava. Enquanto estávamos caminhando para a cozinha, ele falou sobre a ligação da minha sogra contando sobre o almoço de última hora. Acabou largando tudo no escritório, vindo até em casa.
Foi quando chegamos até a cozinha, vi minha sogra juntamente com uma ajudante, funcionária da casa, preparando tudo.
Foi quando chegamos até a cozinha, vi minha sogra juntamente com uma ajudante, funcionária da casa, preparando tudo.
- Oi! - Falei animada e ela me olhou rápido.
- Ah, meu Deus! Chegaram! - Ela sorriu, enxugando as mãos num paninho, antes de vir até nós. Fui a primeira a ser recebida também. - Como você tá, meu amor? - Suas mãos pousaram em cada lado do meu rosto.
- Tô bem. E você? Senti saudade. - Então, ela me puxou para um abraço forte.
- Você nunca vem me ver.
- Tenho muito trabalho, me desculpa, sogra. - Sorri.
- Eu entendo completamente. Fiquei assustada ontem com a ida ao hospital. - Ela disse, desfazendo o abraço.
- É sobre isso que queremos falar. - Luan disse, e então, ela foi até ele, lhe beijando no rosto e o abraçando em seguida.
- Bora pro escritório? - Amarildo sugeriu.
- Pode ser. - Luan disse. E fomos para o escritório que eles tem em casa. Entramos e sentamos nas poltronas. Luan sentou no encosto da mesmo poltrona que eu, ficando ao meu lado.
- E então? É algo ruim? - Marizete franziu a testa preocupada.
- Eu começo ou você? - Luan me olhou com atenção. Eu realmente gosto quando ele me olha assim. Respirei fundo.
- Tô nervosa. - Eu ri, realmente me sentindo ansiosa.
- Tudo bem, então eu falo. - Ele disse.
- Ah, meu Deus! - Marizete já colocou as mãos na boca, com os olhos brilhando. Ela já imagina o que seja…
- Lavínia e eu estamos esperando nosso primeiro filho, ou filha. - Luan sorriu, sendo bem direto e Marizete soltou um som como quem não acredita. Amarildo sorriu, levantando e abraçando seu filho.
- Parabéns, filhão! Agora você vai saber o que é ser um pai e tudo que isso representa.
- Obrigado, pai. - Luan disse. Marizete veio em minha direção com os olhos marejados e logo eu fiquei na mesma situação. Hormônios!
- Ah, minha filha! - Ela sorriu, me abraçando em seguida. - Parabéns! Você vai ser uma grande mãe. Você tá realizando um sonho meu! Que Deus te dê todo discernimento.
- Obrigada, Marizete! - Eu sorri. Logo em seguida ela desfez o abraço e olhou minha barriga, tocando-a. Aquilo me emocionou.
- Vou ser vovó! - Ela sorriu.
- Quanto tempo? - Amarildo perguntou, já vindo em minha direção, enquanto invertemos os abraços.
- Dois meses. - Respondi, enquanto ouço Marizete pulando e abraçando Luan.
- Parabéns, Lavínia. Esse bebê já é muito abençoado e muito amado. Que vocês sejam uma família muito feliz. - Ele desejou. Não sabe ainda de um grande detalhe. Porém, cada assunto por vez.
- Obrigada, Amarildo! - Falei, enquanto desfizemos o abraço. Então, começaram as perguntas deles:
- Vocês só descobriram agora? - Marizete perguntou.
- Eu descobri antes. Fazia um tempo que eu tentava contar pro Luan, mas nunca dava. - Amarildo franziu a testa tentando entender.
- Muito trabalho. - Luan complementou.
- Não imaginava que um neto ia vir assim tão cedo! - Amarildo riu e nós também.
- Ninguém imaginou. Eu entrei em pânico, mas agora já assimilei. - Comentei, então sentamos novamente.
- E agora? O que pretendem fazer? - Marizete perguntou. Olhei Luan, esperando ele falar o outro detalhe sobre tudo isso.
- Eu quero comprar um apartamento lá na capital mesmo, próximo de onde fica o das meninas. Quero que Lavínia tenha acesso fácil ao trabalho e a elas também, quando eu estiver viajando. - Olhei sua tremenda cara de pau. - Pai, quero diminuir a carga de shows, trabalhos. Ao invés de passar cerca de 20 dias na estrada, quero passar no máximo 15. Pelo menos metade de cada mês quero tá tranquilo, com ela e o bebê. - Seu pai assentiu em concordância.
- É… além disso tudo, Luan não falou um detalhezinho. Nós escolhemos ficar como amigos por enquanto. - e então, recebi o olhar estranho dos dois. - Eu ando muito estressada e sobrecarregada. Soube da gravidez um mês atrás, tive que lidar com isso e com trabalho, muito trabalho. Eu venho passando mal na maioria dos dias. Luan tá na vida corrida de shows e clipes… enfim. Eu me senti um pouco sozinha e ainda mais estressada… - E então, Luan me interrompeu.
- Mas isso vai mudar a partir de agora. - O olhei, e então voltei a falar.
- Não pedi pra ele fazer nada disso porque não quero atrapalhar a carreira dele de modo algum. Conversei com ele e sinto que isso é o melhor agora. Ontem eu passei mal, depois de uma discussão nossa… - Suspirei. É ruim se expor assim. - E foi só por isso que ele cancelou a viagem e só assim soube da gravidez. - Vi o pai dele o repreender com o olhar. - A doutora disse que minha gravidez é de risco, devo me resguardar de qualquer sentimento estressante ou angustiante pelo menos até o próximo mês, quando eu fizer três meses. - Suspirei de novo. - E eu disse ao Luan que não deixaria a família de fora da nossa atual situação. Então, já estou deixando vocês cientes de tudo. - Sorri de lado. Os pais dele o olharam.
- Ela quer isso. - Ele disse. - Eu não quero, não. - Suspirou.
- Olha, vocês dois levam uma vida realmente complicada… mas a gente vê o amor daqui. - Marizete disse. - Eu espero que essa criança tenha uma família incrível, que vocês estejam juntos e consigam passar por isso. Amor é paciência. Vocês acham que é fácil levar um casamento? Temos muitos momentos em que da vontade de jogar tudo pro ar, mas quando percebemos que o amor é maior, reconhecemos, pedimos desculpas e seguimos. - Eu assenti, apesar de estar firme da minha decisão.
- Você se cuide, Lavínia. Você e o bebê. - Amarildo disso. - Nós tínhamos um sonho antigo de ser avós, não quero que nada aconteça com vocês. Se isso inclui se afastar do Luan, então, que seja necessário. - Eu assenti novamente.
- Obrigada. A gente vai manter uma relação amigável, vamos ter um filho afinal. - Falei.
- Quero falar com você. - Amarildo disse, olhando para Luan.
- Vem, meu amor. Tem delícia de abacaxi na geladeira. - Marizete me chamou. Algo me diz que a conversa entre pai e filho vai ser séria. Fomos até a cozinha em silêncio, quando chegamos lá, Marizete me serviu. Quando experimentei, foi como ter um pedacinho do céu.
- Foi você que fez? - Meu olhos brilharam.
- Foi sim. - Ela sorriu.
- Isso tá maravilhoso. - Eu disse, voltando a comer. É realmente incrível e eu poderia ter isso todos os dias em casa. Na verdade não, tenho uma dieta pra seguir que eu já acabei de quebrar. O interfone tocou e então, a funcionário se afastou para atender.
- Você realmente tá bem, minha linda? - Marizete perguntou, ficando ao meu lado no balcão.
- Já estive pior. - Ri de leve. - Foi um susto quando soube da gravidez. Agora me sinto mais leve.
- Tudo que eu menos quero é ver vocês dois separados, mas que você e o bebê estejam bem acima de tudo. Sei o quanto o meu filho é louco por você. Enfrentou traumas do passado, nunca desistiu e ele fica realmente afetado quando tá mal com você. Eu sei que ele não vai desistir. - Ela disse.
- Luan é insistente e eu sei muito bem disso. Ele insistiu comigo até eu acabar ficando bom ele, depois acabei aceitando namorar… e aí tudo aconteceu muito rápido. As vezes eu não consigo lidar com toda essa distância, sabe? - Olhei ela. - Sempre tive as pessoas próximas de mim. De repente, mudo de país, vivo uma rotina louca de trabalho, começo a namorar um cantor que quase não para em casa e pra completar engravido dele. - Suspirei, desabafando.
- Quando a gente ama não tem jeito. - Marizete acariciou meu ombro. - Posso te dizer uma coisa? - Me olhou e eu assenti. - Você tem muito mais poder do que imagina. Ainda mais agora… não fica insegura, não. Nunca vi meu filho tão apaixonado por alguém, em outros tempos ele ia enlouquecer por saber que vai ser pai e mesmo sendo cedo entre vocês, ele tá tão feliz! Então, Lavínia, você é muito poderosa. Eu sei que a carência bate, a saudade bate. Vocês são um casa jovem e pouco se veem, mas vão ter que ceder aqui e ali. Não vai ser tão fácil, mas se tiverem dedicação vão passar por cima de tudo. - Ela disse e eu já comecei a ficar com os olhos marejados. - Vem cá. - Ela me abraçou forte. - Quando precisar conversar com uma mãe, eu estou aqui. Sei que a sua tá um pouco distante fisicamente e sei o quanto isso mexe com uma mulher grávida. Além de sua sogra, sou uma segunda mãe da vida pra você. Tá? - Ela disse, enquanto as lágrimas já rolam em meu rosto.
- Obrigada. Mesmo. - Foi o que eu consegui dizer. Como faz diferença ter apoio. Gravidez causa medo, as vezes pânico, agora com uma rede de apoio maior eu me sinto como se o peso das minhas costas fossem divididos entre nós. Sei que ela me quer com o filho, ainda mais agora que vamos ter um bebê, mas eu continuo bem certo do que quero. Chega de ficar naquela situação. Eu realmente não aguento lidar com isso agora.
OIEEEEE! Capítulo tranquilinho pra vocês. E aí? Como vai ser daqui pra frente? Já quero vocês cheia de ideias e palpites hahaha
Comentários respondidos!!!
Bjs, Jéssica ❤️