sexta-feira, 8 de outubro de 2021

“ Descobrindo a paternidade em meio ao caos “ 85

Cheguei ao hospital pela porta dos fundos, para evitar qualquer tipo de afobação. Logo uma enfermeira me levou até a salinha onde Clarissa está. Consegui passar sem ser percebido, afinal, estou todo agasalhado. Minha tática para passar o mais discreto possível pelo aeroporto e agora, para cá. 

- Eles estão aqui. Você pode aguardar, a médica já vem falar com vocês. - Ela me olhou tranquila e então abriu a porta, logo que entrei vi Clarissa e uma médica de meia idade. As palavras que saíram da boca da médica, me chocaram:

- Ela e o bebê estão bem. Já disse que pode ficar tranquila. - Disse sorridente.

- O bebê? - Franzi minha testa, sentindo meu coração ir a mil em um segundo. Só então, elas se deram conta de mim. A médica assentiu, ainda sorrindo.

- Doutora, eu posso ter um minutinho com ele. - Clarissa pediu, então, prontamente a médica nos deixou a sós. Eu não consigo me mexer. Estou completamente paralisado.

- Bebê? - Repeti, sentindo meus olhos esbugalhados. Minhas pernas estão enfraquecendo e eu sinto que posso desmaiar a qualquer momento.

- Calma, senta aqui. - Ela disse, apontando para a poltrona. Ainda em choque, eu me movo lentamente. Quando cheguei até a poltrona, me joguei nela. Aliviado por não cair duro no chão. Minha cunhada ficou agachada de frente pra mim. - Não deveria ser eu aqui pra te falar, muito menos ouvir da médica daquela jeito. Lavínia planejou muitas vezes te contar de uma forma fofa, mas ela não conseguiu. Você nunca teve tempo desde que ela descobriu. - Eu pisquei, sem acreditar que tudo que estou ouvindo é real. - Respira. Você tá pálido. - Ela se preocupou.

- Eu vou ser pai. - Eu afirmei mais pra mim do que pra ela, que assentiu com a cabeça. Levantou e pegou água que tem disponível no cantinho. Logo voltou e me entregou uma garrafinha.

- Calma. Não posso lidar com a mãe e o pai desmaiando. - Ela riu de leve. Bebi a água, seguindo a orientação dela.

- Como… - Neguei com a cabeça. - Desde quando? - Perguntei, sentindo meus neurônios fervendo. - Quando? Ela sempre se protegeu.

- Tem um mês que já descobriu, Luan. No último dia da viagem em Sidney. - Ela disse e meu mundo girou. Ela passando mal várias vezes veio à tona em minha mente. Os enjoos, a indisposição… - Hoje ela tá completando dois meses. - Clarissa foi contando devagar.

- Dois meses? - Senti meus olhos marejando. Meu peito retorcei. Meu sonho se realizando, ao mesmo tempo que meu trabalho me fez ser totalmente negligente com meu filho. Com ela. As lágrimas saltaram e eu coloquei as mãos em meu rosto, largando a garrafinha de água entre minhas pernas.

- Calma. - Clarissa acariciou meu ombro. - Ela ficou muito mal ontem depois da discussão de vocês. Hoje era a primeira consulta oficial do bebê e ela tava animada em finalmente te falar sobre a gravidez. Vocês viriam juntos para a consulta, ela já tinha planejado tudo. - Senti meu ar faltando, enquanto soluços saem do meu peito. Liberei o choro. Chorei como há anos não chorava. Então, tudo foi fazendo sentindo na minha cabeça… o comportamento dela, as reações… tudo! Eu fui um completo idiota.

- Como ela tá? - Perguntei com dificuldade.

- Tá bem. Ela vomitou várias vezes e isso fez com que ela ficasse muito fraca. Ela me ligou, acabou desmaiando. - Enfim… agora tá tomando soro. - Ela disse, ainda acariciando meu braço. - Bebe mais água. - Ela pegou a garrafinha, me entregando. - Hoje tá sendo um dia difícil, você precisa ficar calmo. Vocês vão conversar… ela tá magoada. Você acabou de saber que vai ser pai. Talita tá pirando cuidando de tudo na empresa, eu aqui… tá tudo um caos. Então, nós precisamos de calma pra lidar da melhor forma possível. - Clarissa disse, sendo muito pacífica. Isso de certa forma foi útil pra mim. Funguei, limpando minhas lágrimas, tentando me recompor. Ela tem razão. Preciso ter calma. Eu tenho um mundo de vacilos para consertar. Um sorriso cruzou meu rosto quando lembrei em absoluto do fato de que vamos ter um neném. Ela vai ser a mãe do meu filho. Caralho. Deus! Caralho. É um misto de emoções. 

- Vamos ter um filho. - Eu falei, ainda sorrindo e Clarissa sorriu também.

- É… vão sim. E eu vou ser tia. Parabéns, papai! - Ela comemorou, me abraçando em seguida. - Vocês vão se resolver. Eu torço pra isso. - Afagou minhas costas.

- Ela não vai pra longe de mim nem a pau. - afirmei. Porra. Vou ser pai! Quando isso se passa por minha cabeça… é um êxtase sem igual! Sempre foi meu sonho. Sempre. Eu soube desde o primeiro dia que aquela mulher era diferente. Minha intuição estava certa. Vai ser a mãe do meu primogênito.

- Tá, se recomponha. Ela não sabe que você tá aqui, muito menos que eu quem liguei. Então, me arrisquei muito. Temos uma mamãe com as emoções a flor da pele. - Clarissa disse, desfazendo o abraço. Eu ri de leve.

- Deve tá impossível! - Clarissa concordou rindo.

- Muito raivosa e muito chorona. - Eu sorri, mas meu peito doeu por saber que eu deixei dois meses passarem sem ver isso de perto. - Só pra você saber… semana passada, estávamos com problema no sistema. Eu fico a frente disso, então ela entrou na sala feito um furacão e foi muito grossa. Em menos de dez minutos, ela voltou até minha sala chorando e se desculpando. - Eu ri, imaginando. Como eu amo aquela coisinha pequena e explosiva! - Daí, eu ri… ela ficou brava de novo, mas no fim eu domei a fera. - Piscou um olho.

- Amo demais aquela mulher. - Eu sorri, admirado até mesmo com as emoções desordenadas dela.

- Eu também amo. E ainda mais agora. - Clarissa suspirou, então levantou. - Bom, meus joelhos já não são mais os mesmos. - Fez careta e nós rimos. - Vou falar com a médica pra você ir ver ela. - Assenti e então ela saiu. Fiquei perdido em meus pensamentos. Mas a felicidade de saber que vou ser pai foi o que dominou. Vontade de gritar pro mundo. Rapidamente, Clarissa voltou e eu me senti nervoso imediatamente. - Cê pode ir. Te acompanho até lá. - Ela disse da porta e eu segui ela até pararmos em frente ao quarto de Lavínia. - Boa sorte. - Me deu um sorriso acolhedor. E então, bati na porta antes de abrir. Quando abri, meu coração foi a mil. Ver ela, sabendo que tá levando nosso bebê ampliou o meu amor. Seu rostinho limpo, ainda tomando soro. O rosto não demonstra nenhuma emoção. Mas ela me olha.

- Oi, amor. - Falei, fechando a porta atrás de mim.

- Quem te falou que eu tava aqui? - Disse friamente.

- Clarissa me ligou. Mas não fica brava com ela. - Eu disse, me aproximando. Ela negou com a cabeça, parecendo insatisfeita. Sentei na pontinha da cama, ficando perto dela. - Quase fiquei louco quando soube de você aqui. 

- Só assim pra você desistir da viagem. Você já sabe não é?! - Continuou sem expressão nenhuma. Eu nunca vi ela tão fria.

- Já sei. - Mordi meus lábios. - Ainda tô custando a acreditar. - Falei, olhando sua barriga coberta pela roupa de hospital.

- É… eu também custei. Não imaginava que essa notícia fosse dada assim, mas é isso. - Vi um relance de decepção em seus olhos. 

- Me desculpa. Fui um completo imbecil esse tempo inteiro. Eu tinha muito trabalho… não imaginava, nem de longe. 
Você sempre tomou tudo certinho… eu realmente não tinha como saber.

- É, você foi um imbecil. Um grande imbecil. - Ela ergueu as sobrancelhas.

- De agora em diante, eu tô com você. Vou compensar esses dois meses. Prometo pra você.

- Não promete o que não pode cumprir. - Respondeu de imediato. - Nós sabemos que eu tô bem sozinha nessa.

- Não tá. - Respondi de imediato também. - Eu tô aqui pra vocês. Vamos formar nossa família, amor. Você sabe que eu sempre sonhei em ser pai… você vai ser a mãe… é muito surreal.

- Não é bem assim, Luan. Eu não quero assim. - Ela disse e eu franzi a testa, sentindo minha pulsação acelerar.

- Tira essa ideia da cabeça. - Pedi.

- Você sabe por que eu vim parar aqui? Olha só o que essa relação tá fazendo com a minha gravidez. Meu filho é a maior prioridade a partir de agora.

- Nosso filho. - enfatizei. - Não vou deixar você ir. - Eu disse, ficando desesperado.

- Você não vai me impedir. Quero ficar longe de você e de toda essa loucura que envolve sua vida. Resolva seus trabalhos…

- Você tá mesmo me dizendo isso? Você sabe que meus maiores traumas foram causados… - E ela me interrompeu.

- Eu estou priorizando minha gravidez. Só isso. Respeita o meu tempo. Eu tentei, juro que tentei. - Ela continuou falando sem expressão e eu nunca fiquei tão assustado.

- Você vai desistir na primeira dificuldade? Nós sabemos que não ia ser fácil.

- É… mas eu não sabia que ia ter esse clipe quente, você atuando como se fosse solteiro, nem sabia que isso iria me incomodar tanto. Não sabia que no meio disso tudo eu ia ficar grávida, namorando apenas um mês com você. Eu não sabia de muita coisa.

- Você é propósito de Deus na minha vida, Lavínia. Essa gravidez é a maior prova disso tudo. Eu errei. E garanto que vou errar mais vezes, não sou perfeito, nunca amei tanto… Mas de uma coisa eu sei: você é meu sonho. Eu não desisto dos meus sonhos. - Falei com muita certeza, olhando pra ela. Ela revirou os olhos, suspirando alto.

- Olha, acho que você precisa rever muita coisa. Não precisamos ficar juntos por causa do bebê. Você sempre vai ser o pai, independente de qualquer coisa.

- O que você tá querendo? Me deixar louco? Eu entro numa casa com você agora, se você quiser. O bebê só antecipou tudo que eu já queria com você. E eu te amo, Lavínia. Te amo tanto que não consigo nem explicar o quanto. - Ela abaixou o olhar. Olhei sua barriga e então toquei. - Você acha mesmo que eu vou ficar longe dessa coisinha? Longe de você? Esqueceu que é o amor da minha vida? - Falei, acariciando sua barriga.

- Suas palavras já não significam muita coisa, Luan. Atitudes fazem a diferença. - Ela me olhou, com os olhos lagrimejando.

- Certo. Como você quiser. - Foi o que eu disse, ainda acariciando sua barriga. Ela quer atitudes? Ela vai ter atitudes. Ficamos em silêncio por alguns segundos. Ela ficou me olhando, enquanto eu acaricio sua barriga. Eu vou ser pai. Em meio ao caos da nossa relação, me permiti sorrir por essa dádiva. - Quando aconteceu? - Eu quis saber. Ela bufou.

- Você é perturbador. - Resmungou. Eu sei que me quer longe, mas eu apenas não consigo. Não agora.

- Me fala, uai. Tenho direito de saber. - Ela me olhou brava. As expressões voltando!

- Quando eu viajei pra ver você, depois do clipe que você fez pra mim. - Eu sorri, lembrando daquela noite.

- Então foi ali… - Olhei ela, intensamente. Não foi proposital. Eu apenas não consigo me segurar. Ela desviou o olhar do meu, sem me dar muita abertura. - Mesmo com o anticoncepcional… - E ela me interrompeu:

- Eu esqueci naquela noite. Tinha acabado de mudar o método, então não estava acostumada. Foi só aquela vez. A chance era mínima… mas enfim, aconteceu. - Eu sorri.

- Tô muito feliz que essa chance mínima aconteceu. - Fui sincero e ela suspirou mais uma vez. A médica apareceu, então, fomos interrompidos.

- Opa, desculpem. - Ela sorriu, segurando uns exames nas mãos.

- Tudo bem, doutora. - Eu sorri.

- Preciso conversar com vocês. - Ela se aproximou, tomando seriedade. E eu não gostei do que vi.

- O bebê tá bem? - Lavínia disparou, parecendo preocupada.

- Está bem. - Lavínia e eu respiramos aliviados. - Mas… preciso conversar muito sério com os dois. Você teve picos altos de estresse nos últimos meses.

- É, eu sei… meu trabalho estava uma loucura, nós dois também vivemos dias agitados. - Lavínia disse.

- É… a vida é muito conturbada, mas eu preciso ser bem direta com vocês. Lavínia, você não pode mais se estressar tanto, se entristecer… Sua gravidez está em uma situação delicada. Você chegou aqui com um início de sangramento. - Ela disse e eu senti o baque em meu coração. As lágrimas brotaram nos olhos da Lavínia. - Devemos segurar esse bebezinho aí dentro por pelo menos mais um mês. Até o terceiro mês tudo é mais arriscado. E você já estourou a cota de risco, se é que me entende. - Ela disse de maneira compassiva. - Recomendo repouso pra você. Se desligar dos problemas, evitar muitas emoções. Procure somente estar em paz e tranquila. O neném precisa disso. Tudo que você sente, ele sente também. Absolutamente.

- Eu sei. - Lavínia disse já chorando. E eu me aproximei mais dela, acariciando seus cabelos.

-  Nós vamos fazer dar certo. - Eu disse, na maior certeza de que minha família está sendo formada e que está precisando de mim.

- Posso contar com vocês? - A doutora disse por fim. Lavínia assentiu, se derramando em lágrimas.

- Pode, pode sim. - Falei.

- Ok. Volto em cinco minutos para retirar o soro e vocês poderão ir para casa.

- Certo. - Eu disse e então ela saiu. Lavínia começou a chorar mais, e eu lhe abracei. - Calma… vai ficar tudo bem. - Eu disse, beijando o alto da sua cabeça, enquanto ela soluça em meu peito.

- Não posso falhar com ele. - Ela disse em meio ao choro.

- Você não vai. Você é forte. Tô aqui, meu amor. - Lhe tranquilizei, mesmo sentindo meu peito apertando. Vou lutar pelos dois. Vou lutar pela minha família. É… minha família. Surreal! Saber que eu tenho uma parcela de culpa nisso tudo, me faz ficar fraco, mas eu vou recompensar tudo. Ela vai me perdoar. Ela permaneceu chorando, eu abraçando ela, nós dois em silêncio. Esse é o momento em que, na cabeça dela, passa muita coisa e na minha também. Então, sozinho eu fui lembrando de todas as vezes que ela insistiu pra me ver, querendo um tempo comigo e eu nunca consegui. Agora tudo faz sentido. Ela deve ter se sentido muito, muito sozinha. Bateram na porta e em seguida, Clarissa entrou. 

- Oi, gente. - Ela disse cuidadosa. - Conversei com a doutora agorinha. - Ela suspirou.

- Clarissa… - Lavínia disse, com a voz muito embargada, então eu desfiz meu abraço. Uma ideia passou por minha cabeça. Preciso resolver isso. Levantei da cama e dei espaço para sua irmã. Enquanto elas conversam, peguei meu celular e falei com Edgar para que tu seja preparado. Lavínia, se prepare para ser mimada. Nunca mais vou fazer com que você fique assim.

Levamos alguns minutos para acalmar Lavínia. Clarissa argumentou que suas emoções podem afetar o bebê. Isso foi o suficiente pra que ela parasse de chorar. O nariz ficou vermelhinho, mas ela se conteve. A doutora voltou, lhe dei permissão para voltar pra casa. Eu fui junto com elas. Clarissa foi dirigindo e nós dois fomos atrás.

- Clarissa, cê pode ir trabalhar tranquila. Eu fico com ela. - Eu disse.

- Gente, eu não tô doente. Posso ficar sozinha. - Me deu uma patada, mas não me importei. Ando merecendo mesmo.

- Se você não precisa de mim, nosso bebê precisa. - Argumentei.

- Tudo bem. Deixo vocês em casa, mas nada de discussão. Caso contrário eu não sei o que sou capaz de fazer… - Ela nos avisou, olhando pelo retrovisor interno.

- Não, nós vamos ficar bem. Pelo bebê. - Falei e Lavínia olhou pela janela, me evitando. É… não vai ser nada fácil.

Seguimos em silêncio. Todos ainda tentando entender todos os acontecimentos do dia. Foi um dia e tanto! E ainda estamos no meio da tarde.

Chegamos ao aeroporto e Clarissa não subiu. Tem muito trabalho pra fazer, afinal, Lavínia vai ficar alheia a tudo. Pelo menos por hoje. E no que depender de mim, durante todo o tempo necessário. Entramos no elevador e ela não me olha. Meu celular tocou, minha mãe.

- Oi, filho. - Ela disse. - Como tá a Lavínia? - Perguntou. Com certeza Bruna passou o recado do que havia acontecido.

- Oi, xum. Ela tá bem. Foi um mal estar. Quero conversar com vocês logo que possível. - Eu disse, evitando dar a notícia por telefone.

- Claro. Mas tá tudo bem?

- Tá sim. Vou ficar aqui hoje. - Eu disse e vi os olhos esbugalhados de Lavínia em mim. Sim, você não vai ficar livre de mim tão fácil. Bufou em seguida.

- Tá ok, filho. Qualquer coisa me liga. Diz pra ela que mandei um abraço e desejo melhoras.

- Tá, eu falo sim. - Eu disse, e então nos despedimos. - Minha mãe mandou um abraço e desejou melhoras. - Lhe repassei o recado.

- Você não vai ficar aqui, Luan. - Ela disse, bem brava.

- Vou sim. - E ela me olhou incrédula.

- Você tá ficando completamente sem noção de tudo. - Disse irritada, cruzando os braços. - Eu não quero mais, velho. Já falei que não quero.

- Já falei que não vou desistir.

- Você não respeita minha decisão? - Ela esbravejou.

- O bebê, Lavínia. - Lhe lembrei e ela respirou fundo, me dando as costas. Foi então, que o elevador abriu. E eu me senti ansioso. Espero que ela goste da surpresa. Caminhamos até a sua porta e ela logo abriu. Até eu me surpreendi com o que vi. Eu pedi pra não poupar capricho e isso foi levado a sério. Buquês de flores espalhados em lindos jarros por toda a sala. Flores coloridas e alegres. Ela paralisou e eu confesso que eu também admirei tudo aquilo. - Pedi pra prepararem isso pra vocês. De agora em diante, você vai ser tão alegre quando as cores dessas flores. E vai ter tanta paz quando essa visão a nossa frente trás. - Ela permaneceu em silêncio, olhando tudo.

- Essa foi tua primeira tentativa? - Finalmente falou, sem mostrar nenhuma emoção. Eu me senti frustrado. - Dá um jeito de limpar essa sala. - Ela disse sem me olhar, caminhando em direção ao seu quarto e simplesmente ignorando minha surpresa. Frustrado é muito pouco. Engoli seco. Liguei para o porteiro e pedi sua ajuda para que pudéssemos limpar tudo. Não tive outra escolha. Ela não se importou com o que fiz. Pelo jeito, eu estou realmente numa situação difícil.

A limpeza levou minutos, longos minutos. Ela não voltou para a sala. Então, sentei no sofá e liguei a TV. Esperei. Ela vai ter que sair do quarto em algum momento. E isso não demorou para acontecer. Ela passou para a cozinha me ignorando completamente. Olhei seu andar. Eu babei em seu corpo. Os quadris largos, a cintura estreita, o shortinho curto mostrando a polpa da bunda… Senti meu coração acelerar. Os cabelos soltou e molhados, uma blusinha curta. Gostosa. Muito. Gostosa. Uma gostosa que não quer me ver nem pintado de ouro. Uma gostosa que tá carregando nosso filho. Meu primeiro filho. Suspirei alto e fiquei observando ela descaradamente. Está preparando um sanduíche.

- Você almoçou? - Eu quis saber. Ela me olhou e então, me ignorou. - Vai ficar sem me responder? Temos uma criança por aqui. - Provoquei.

- Já. Vê se para de me encher. - Reclamou, voltando sua atenção ao sanduíche.

- Aonde você comeu?

- Hospital. - E então, ela saiu do meu campo de visão e eu ouvi o barulho da geladeira sendo aberta. Levantei e fui para a cozinha. Encostei na bancada e fiquei observando ela se movimentar de um lado pro outro, totalmente imune a mim, enquanto eu me sinto completamente afetado por ela. O reboladinho, o rosto concentrado, sério… Eu amo tudo. Sou apaixonado em tudo. Louco, louco por ela. Sua barriguinha tá normal, mas fiquei imaginando quando crescer. Vai ficar linda demais! Terminou seu lanche e então, saiu da cozinha. Segui ela feito uma sombra. Sentou-se no sofá e mudou o canal, colocando em uma série que eu não conheço. Sentei ao lado dela, olhando seu rosto.

- Para de me olhar. - Disse, com os olhos vidrados na TV.

- Não dá. - Sorri.

- Luan. - Ela me olhou. - Eu não quero mais isso. De verdade. - Voltou a falar.

- Eu não vou deixar você grávida.

- Eu que estou escolhendo ir.

- Não, Lavínia. Não. - Me recusei a aceitar. - Vou procurar um lugar pra nós. Vamos morar juntos, passar por esse momento difícil.

- Não. Eu não vou. - Ela riu sem humor. - Eu vou ficar aqui com minhas irmãs. Elas têm que ajudado muito.

- Eu sou o pai do bebê. - Tentei argumentar.

- E daí? - Ela ergueu as sobrancelhas. 

- Vou estar o tempo inteiro com você. Se acostume com isso. - Disse com convicção.

- E você vai ter minha indiferença o tempo inteiro. Acostume com isso. - E então, voltou a me ignorar. Tentei interagir, mas não consegui nada. As horas foram se passando e ela comeu além do que normalmente come, sem largar da série. Até eu acabei me envolvendo na história. E então, que suas irmãs chegaram.

Talita entrou afobada, preocupada com Lavínia.

- Como você tá, irmã? - Ela sentou-se ao lado de Lavínia.

- Bem, amiga. - Ela sorriu. Saudade de ter esse sorriso pra mim.

- Oi, Luan. - Clarissa sorriu, parecendo exausta.
Nunca mais me dá um susto desses. - Talita continuou.

- Comeu direitinho, irmã? - Clarissa se preocupou.

- Comi, comi sim. - Ela continuou sorrindo. Senti meu peito doendo. Nunca doeu tanto. - Como foi o trabalho?

- Assunto proibido pra você. - Talita disse. - E aí, Luan. - Finalmente falou comigo. Eu apenas sorri. - Parabéns, tá? - Ela sorriu.

- Obrigado. - Lavínia continua sem me olhar.

- Tá feliz? - Ela continuou e Lavínia bufou.

- Muito. - Eu sorri.

- Cê precisava ver como ele chorou quando soube. - Clarissa riu de mim.

- Ah, gente! - Talita se derreteu e Lavínia finalmente me olhou, me avaliando. Olhei ela de volta e houve uma tensão entre nós. O clima estava lá por um momento. Existe amor. Isso é quase palpável. Então, ela quebrou o contato.

- O que vamos jantar? - Lavínia mudou de assunto.

- Você comeu tem pouco tempo. - Eu comentei e ela me ignorou.

- Tá comendo pelos cotovelos. - Talita entregou ela.

- Talita! - Ela repreendeu. Clarissa riu. Finalmente tivemos um momento mais leve. - Preciso alimentar meu pequeno feijão. - Ela acariciou sua barriga e eu me encantei. Vejo a maternidade nela. Vai ser uma grande mãe!

- Pequeno feijão? - Eu perguntei.

- O nome do meu afilhado por enquanto. - Talita disse.

- Afilhado não. Sobrinho. Vai ser meu afilhado. Na verdade, afilhada. Teremos uma menina. - Clarissa disse com muita convicção.

- Essa briga de novo não. Não posso me estressar. - Lavínia chantageou as meninas, que riram.

- Bruna vai querer entrar nessa briga. - Eu disse e as duas logo começaram a falar algo, cada uma defendendo o motivo de ser a escolhida pra ser madrinha. Lavínia gargalhou pela primeira vez no dia, isso aliviou um pouco meu coração. Me fazendo liberar uma risada alta.

- Chega! Não vai ser ninguém, pronto! - Lavínia disse, ainda sorrindo. - E agora me digam, o que vamos jantar?

- O que cê tá querendo comer? - Perguntei cuidadoso e ela me olhou.

- Não tô falando com você, Luan. - E o clima tenso voltou.

- E… cês tão nesse nível? - Talita fez careta.

- Ela tá nesse nível. - Neguei com a cabeça.

- Você me fez ficar nesse nível. E você sabe que quero um tempo meu. - Suspirei, olhando ela.

- Ok! Vamos pedir pizza! - Clarissa berrou, enquanto nós dois ficamos olhando. Vamos ver quem é mais teimoso. Ter uma família sempre esteve entre os meus maiores sonhos. Lavínia é a mulher que eu sempre quis. Ela não vai tão fácil. Nem que pra isso eu precise mover montanhas. Nosso amor vai superar.








OOOOOOIIIII! Resultado de comentários e ansiedade de vocês é ter capítulo rápido HAHAHAHA minha gente, Luan descobriu. Lavínia quer terminar. Luan tá agindo com uma cara de pau tremenda… Bebê tá correndo risco…  E aí? O que acham que vai acontecer nos próximos capítulo??? 
Comentários muito bem respondidosssss
Obrigadaaaa
Bjs, Jéssica ❤️

11 comentários:

  1. Eita bagaceiraaaaaa

    Já aguardando ansiosa pelo próximo kkkkkk
    Luanzito segue firme kkkkk

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  2. Ai mds q bom q ela n perdeu o bebê ah luan q sofra agora e ainda ta pouco viu,ele q cancele o clipe agora pq se ele fizer vai piorar tudo e to gostando desse gelo e tomara esse gelo demore muito tempo pra passar pq ele merece amando continuaaaa

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  3. Não sei se tenho pena de Luan ou acho épouco por tudo que ele fez com Lavínia colocando ela em segundo plano… só sei que estou amandoooo 😍😍

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  4. Meu filho aprontou, mas agora eu já estou com dó dele kkkkkkkkkkkkkkk

    Quero vê essa briga das dindas e dos dindos kkkk

    Não demora:P

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  5. Só acho que feriado podia ter maratona kkk

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    1. Aproveitei pra descansar, amiga kkkk mas finalzinho de domingo aqui pra vcs ❤️

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