domingo, 7 de novembro de 2021

“ Cumprindo o acordo “ 88

Quando a gravação acabou o relógio já marcava mais de 2:00 horas da manhã. Tudo que eu mais queria era ver ela, dar um cheirinho e sentir a presença dela. Meu coração ficou apertado, pedindo e implorando. Eu sei, é muito saudade nesses últimos tempos. Porém, sabendo que não vou conseguir realizar minha vontade. Fui para casa e decidi dormir logo, apesar de me sentir empolgado com os resultados de hoje. Foram horas de trabalho, mas sinto que vai ficar incrível!

Tive a sensação de dormir apenas cinco minutos. Porém, coloquei o celular pra despertar bem cedo. Quero ir até Lavínia, convencer ela de ir comigo ver os dois apartamentos. Tomar café com ela e matar essa saudade que meu peito tanto reclama. Peguei meu carro, após encontrar a casa toda em silêncio. Ainda é cedo realmente. Segui meu caminho até o apartamento dela, no trajeto parei numa padaria e consegui ajuda de um funcionário para levar um pão recheado com queijo que eu sei que ela ama. Levei um brownie também. Levei pães comuns, queijo, presunto e porções de salgadinhos. As meninas ainda estarão em casa., muito provavelmente.

O porteiro liberou minha subida e chegando lá, toquei no pequeno botão. Esperei e então, Clarissa abriu a porta.

- Oi, Luan! - Sorriu animada.

- Trouxe o café da manhã. - Mostrei as sacolas. - Vocês não fizeram nada ainda né?! - Fiz careta.

- Nada! Lavínia tá fazendo café, Talita terminando de se vestir. Entra. - E assim fiz. Seguimos até a cozinha e encontrei ela somente de pijama. Shortinho rosa listrado com branco e a camiseta com a mesma estampa.

- Marco, foi você que me levou ontem né?! Eu apaguei, tava com tanto sono. - Ela disparou a falar, enquanto permanece de costas pra mim. Larguei as sacolas na bancada e encostei nela em seguida, cruzando os braços e observando. Meu coração já agradeceu. Clarissa riu e então Lavínia se virou sorrindo, mas logo mudou de expressão quando me viu.

- Bom dia, dorminhoca. - Eu sorri e ela virou-se novamente.

- O que você tá fazendo aqui? - Seus cabelos estão desgrenhados, o que torna ela ainda mais linda. 

- Vim tomar café com você, uai. - Dei de ombros e Clarissa riu. Então, Talita apareceu.

- Bom dia, bom dia! - Disse animada e então me viu. - 

- Cunhado! - Lavínia quase matou ela com o olhar. Já trazendo o café para a mesa.

- Tudo bem, Talitinha? - Sorri.

- Tudo! Você por aqui tão cedo. Caiu da cama? - Ela disse, já sentando na cadeira da mesa.

- Quase isso. Vim tomar café aqui e convencer Lavínia a ir visitar os apartamentos comigo. - Falei, pegando as sacolas e Clarissa foi me ajudando a colocar cada coisa em um recipiente.

- Já disse que não vou. - Lavínia falou, sentando-se também. Ela tá bem brava. Olhei Clarissa que está atrás dela e li seus lábios dizendo “ ela tá com ciúmes “. Então, segurei o sorriso entendendo tudo. As gravações de ontem fizeram essa cabecinha fértil imaginar um trilhão de coisas.

- Eu trouxe aquele pão recheado que você gosta. - Eu disse, lhe dando o pão embrulhado. Ela pegou, mas continuou emburrada.

- Vamos sentar, Luan. - Clarissa convidou e eu fiquei de frente pra Lavínia e ao lado de Talita.

- E aí, como tá o trabalho? - Olhei Talita, enquanto coloco café na xícara.

- Corrido. Nós vamos ter uma viagem… - E então, Lavínia interrompeu:

- Esse assunto, Talita? - Disse irritada. Franzi a testa, ficando curioso.

- O que houve? - Olhei Lavínia, esperando uma explicação.

- Nada que te interessa, Luan.

- Por que você tá tão grossa? - E ela me olhou pela primeira vez.

- Tô normal. Tô falando que não interessa porque não inclui o bebê. Coisas de trabalho. - Tentou justificar.

- Clarissa. - Ergui as sobrancelhas, cruzando os braços.

- Parem de falar como se eu não estivesse aqui! Você não tá me ouvindo? Acabei de explicar! - Ela esbravejou.

- Você fica calma. Não pode tá se estressando. Eu quero entender o que tá acontecendo, só isso. - Falei sério.

- Nós vamos viajar daqui uns quatro dias. Lavínia vai ficar aqui, ela não pode tá viajando. É isso. - Clarissa explicou, ficando numa saia justa.

- Você fica comigo esses dias. - Dei de ombros.

- Tá vendo só?! - Ela levantou. - Eu não sou criança! Parem de me tratar como se eu não pudesse decidir nada por conta própria! Inferno! - Esbravejou e saiu, porém voltou os passos para pegar seu pão e café. Sumiu em direção ao quarto. Respirei fundo.

- Ela tá assim desde quando?

- Desde anteontem. - Talita disse.

- O clipe tá deixando ela… insegura e essas coisas. Eu me sinto péssima de tá entregando ela assim, mas você precisa entender o que tá se passando e a situação de vocês já tá tão difícil. - Clarissa se justificou.

- A gente fica no meio do fogo cruzado. - Talita suspirou. - Ela vai se fechar mais, Luan. Você precisa de paciência com essa cabeça-dura. - Talita me olhou. 

- Eu sei. - Suspirei. - Essa mulher vai me deixar louco. - E então, continuamos conversando. Elas me falaram sobre as datas da viagem e vai coincidir com minhas folgas. Não vou deixar ela sozinha.

Nós comemos e em seguida, fui atrás da esquentada. Bati em sua porta.

- Loira, abre aqui. - Pedi com jeito.

- Luan, eu não vou visitar os apartamentos. Pode ir. E larga de insistência!

- Abre aqui. Tenho uma coisa pra você.

- Não quero, caramba! - Respirei fundo.

- Chocolate, loira. - Tentei, segurando o brownie.

- Pode deixar lá, depois eu pego.

- Eu quero te ver, poxa. - Pedi manhoso.

- Não tem nada de diferente. Eu só tô cada vez mais inchada. - Ela disse um pouco melancólica e então abriu a porta. Vestindo um shortinho e uma camisa minha. Ela pegou quando a gente só ficava e se apossou. Eu sorri.

- Camiseta bonita. - Elogiei e só então ela se deu conta.

- Ah, é que é confortável. - Se justificou. Está somente com um coque. Continuei sorrindo e lhe entreguei o brownie. Ela pegou.

- Posso entrar? - Lhe olhei com a carinha mais doce que eu poderia.

- Pode. - Disse baixo, se rendendo. Me deu espaço e então, fui até sua cama. Vi ela pegando umas roupas na poltrona e levando até o closet. Fiquei acompanhando com os olhos. Como é gata! 

- Bora comigo, amor. - Inclinei minha cabeça pro lado, observando ela voltar.

- Amor, Luan? Cê acha que isso tá certo? - Ela pegou um perfume no criado mudo.

- Tá sim. Você é meu amor. - Sorri e ela bufou.

- Quando você vai anunciar nosso término?

- Não vou anunciar. Larga de coisa. Seus pais nem sabem a verdade, esqueceu? - Ela suspirou, indo até o closet de novo.

- Infelizmente. Eles não receberam bem a notícia da gravidez, enlouqueceriam ao saber que eu engravidei e separei, tudo em dois meses de namoro. - Ela disse e então, apareceu novamente.

- Só tá assim porque você quer. - Lhe olhei intensamente e ela desviou. Eu adoro flertar com ela.

- E então, você já me viu. - Ela me expulsou. Eu ri de leve.

- Você é tão grossa. Vem cá, senta aqui. Você não parou desde que entrei.

- Minha atividades domésticas. Pelo menos organizar meu quarto, eu posso. - Resmungou.

- Vem cá. - Chamei de novo. Que vontade de abraçar e beijar bem muito essa minha coisinha pequena e impossível. Ela suspirou e então, veio em minha direção. Sentou-se. - Como você tá? - Olhei seu rosto de pertinho e meu coração se aqueceu.

- Tô bem. - Deu de ombros.

- Pode ser bem detalhista. - Eu ri de leve.

- Tô bem. Não enjoei, só me senti um pouco tonta. É isso. O último enjoo tem três dias já. E eu acho que minha barriga cresceu um pouquinho. - Eu fiquei fascinado, enquanto ela me falava.

- Foi? Me mostra. - Pedi.

- Eu acho que você não vai perceber. - E então, ficou de pé e levantou a camiseta. E eu não achei diferença. - Tá conseguindo perceber? - Me olhou.

- Não, amor. - Falei intrigado. - Vem mais pra perto. - Chamei e ela se aproximou.

- Não é nada de muito diferente, Luan. Só um tantinho de nada. Parece que eu comi e tô de barriga cheia. - Eu ri com seu exemplo. Segurei sua cintura e trouxe ela mais pra perto, virando-a de frente pra mim, ficando entre minhas pernas. Acariciei a barriguinha pela primeira vez. E foi mágico. O fruto do nosso amor tá aqui. Beijei sua barriga repetidas vezes, carinhosamente. Percebi ela arrepiar.

- Cê vai ficar tão linda com um barrigão. - Sorri, olhando ela e pousando minhas mãos em seus quadris. Ela apenas suspirou, como quem não acredita muito no que eu falo. - Vai sim. - Reforcei. - E vai ficar mais linda se deixar de ser tão braba. - Ela bufou, se afastando, mas eu segurei sua mão antes. - Sabe a primeira coisa que eu quis fazer depois das gravações ontem? Vir aqui. Te ver, te cheirar… meu coração implorou. Fui dormir angustiado, porque eu sinto sua falta. - Ela ficou me olhando sem expressão nenhuma.

- E aí, beijou muito? - E de tudo que eu falei, ela só focou no clipe. Eu ri, levantando e segurei as laterais do seu rosto.

- Por que você é tão ciumenta? - Falei entredentes, enquanto sorrio. Ela revirou os olhos. - Só quero beijar uma boca. - E então, me aproveitei do momento e abracei ela. Afastando seus cabelos antes, cherei seu pescoço, enchendo meus pulmões com seu perfume delicioso. Meu corpo todo reagiu. Tanto tempo sem ela! Senti ela entregue e então beijei seu pescoço repetidas vezes, demoradamente. Ela pousou as mãos na minha cintura e eu já sabia que iria me afastar.

- Para. Você é aproveitador demais! - Reclamou, indo em direção a porta e eu sorri, acompanhando ela.

- Cê vai comigo ver os apartamentos?

- Você vai passar o dia me enchendo? - Retrucou, indo para a sala e vimos as meninas saindo.

- Vou sim. Se for preciso eu remarco, mas só vou quando você for.

- Tchau, galera. - Clarissa disse, rindo de nós dois.

- Tchau, fiquem na santa paz! - Talita se benzeu e saiu. Eu ri.

- Cê vê como elas tratam nós dois? - Lavínia se virou pra mim, sorrindo. Sinto falta de ver esse sorriso pra mim.

- Elas sabem que você é braba.

- Não sou, não. - Fez bico inconscientemente.

- E, aí?! Nós vamos hoje ou eu remarco? - Ergui as sobrancelhas.

- Tá, Luan. Tá. Espero que isso seja rápido. - Ela disse, já andando em direção ao quarto. Fiquei na sala aguardando e então, ela voltou com uma calça jeans e uma blusinha frouxa. Tão delicada e feminina. Eu sou rendido demais.

- Bora! - Falei animado, então fomos. Visitamos o primeiro que é imenso, fica na avenida paulista, mas segundo Lavínia é muito masculino. E mesmo diante da proposta de mobiliar tudo do jeito dela, ela pareceu não estar muito satisfeita. Então, seguimos para o segundo. Também fica na avenida paulista, uma vista incrível e um ambiente imenso. Tudo mais clear.

- Aqui é perfeito. - Ela disse encantada, parando na vista da varanda. Parei ao seu lado.

- É o lugar perfeito. Condomínio de alto patamar, moradores discretos. Como vocês gostariam. - O corretor disse.

- Você poderia escolher esse. - Ela deu de ombros e eu sorri.

- Você vai vir morar comigo. - Pisquei um olho, confiante do que falo e ela revirou os olhos. - Esse então, amigo. Negócio fechado. - Virei para o corretor e apertamos as mãos.

- Bom, eu preciso dar entrada na papelada. Se você puder assinar tudo até o final da tarde, seria ótimo.

- Posso sim. Faz o seguinte, manda pro meu escritório. Passo lá, assino e eles enviam pra você. Pode ser?

- Pode, pode sim. - E então, ele nos agradeceu. Quando voltamos para o carro, olhei as horas e vi que o relógio já marca mais de 9:00 horas da manhã.

- Tô com fome. - Lavínia reclamou, abrindo a porta do carro.

- O que você quer comer? - eu disse, entrando no automóvel.

- Não sei. - Ela franziu a testa, sentando ao meu lado.

- Cê podia ir lá pra casa e passar o dia comigo. - Pedi, olhando ela. - Minha mãe fez bolo de milho. - Argumentei.

- Não, eu quero ir pra casa mesmo. - Ela disse e colocou o cinto, eu suspirei.

- Você ainda me ama? - Perguntei, me sentindo inseguro.

- Luan, crise de autoconfiança num momento desses? Logo você? - Ela ergueu as sobrancelhas.

- Não, uai… é que você tá tão distante. Vai ver o amor acabou pra você.

- Você acha que acaba assim? Só se for no seu mundo. - Disse em tom acusatório.

- Você tá mudando o rumo do assunto. - Bufei, impaciente.

- Me leva pra casa. - Ela disse e então, ligou o som. A mensagem subliminar para que eu fique em silêncio. Assim fomos, mas eu ainda não me sinto pronto pra deixar ela e ir. Eu tô com saudade de nós. Tô me sentindo muito carente. Só queria ficar de denguinho com ela. Receber carinho. Beijo. Brincar e provocar, até ela ficar irritada. Mas ela simplesmente não permite. 

Chegamos em frente ao seu prédio e ela já foi tirando o cinto. Tratei de garantir que as portas estejam travadas.

- Você poderia dizer o que quer comer, eu te levo. - Tentei.

- Não precisa. Você tem gravação ainda hoje, não quero atrapalhar. - E então, o ciúmes estava lá.

- Psiu, loira. - Chamei e ela me olhou. - Ninguém chega aos teus pés. Você é a mais linda desse mundo inteiro, caramba. Eu sou completamente apaixonado. - Pousei minha cabeça no encosto do assento, olhando ela. - E eu tô morrendo de saudade de você. - Falei abertamente. - Do teu beijo, do… - E então, ela colocou a mão na minha boca. 

- Não. Já chega. - Eu ri e ela se agitou, querendo sair.

- Amor! - Eu continuei rindo.

- Destrava, Luan. - Ela disse autoritária.

- Não, uai. Tô conversando com você. - Eu continuei me divertindo.

- Não quero saber dessas coisas. - Franziu a testa.

- Por quê? Você sente saudade também? - Olhei ela intensamente e ela empurrou meu rosto com sua mão e eu ri. - Diz pra mim.

- Não tenho nada pra dizer. - Voltei a olhar ela daquele jeito e ela desviou o olhar.

- Me dá um beijo, loira. Só um beijinho. - Mostrei o dedo indicador e ela me olhou com desdém.

- Tá maluco mesmo. Abre isso. Eu vou gritar.

- Ninguém vai te ouvir. - Dei de ombros, mordendo meus lábios. - Vem cá. - Tentei me aproximar e ela se afastou. Então eu recuei, ainda rindo.

- Você não presta. Basta uma chance e você já vem assim. - E então, eu gargalhei diante da sua agitação. Ela tá morrendo de medo de não se segurar. Recebi um tapa no braço e então outro.

- Ou, ou! - Repreendi e ela me olhou brava.

- Abre. Isso. Agora. - Pediu séria.

- Bora fazer um acordo. - Estendi minha mão e ela cruzou os braços. - Sem acordo? É um bom acordo. - Tentei convencer.

- Larga de bobagem. Anda logo!

- Eu destravo a porta se você ficar comigo no nosso apartamento durante os dias de viagem das meninas. - Ela negou com a cabeça na mesma hora. - E mais. Quero um abraço bem gostoso. Tô carente de você. - Ela bufou.

- Não. Agora abre. - Ergueu as sobrancelhas.

- Então a gente fica aqui. Tenho o dia livre mesmo. - Dei de ombros e ela grunhiu.

- Certo. - Falou baixo.

- O que? - Fingi que não ouvi.

- Certo. Eu disse: certo. - Falou irritada.

- Então aperta minha mão e fala: Luan, eu prometo cumprir nosso acordo. - Mesmo contra a vontade ela fez:

- Luan, prometo cumprir nosso acordo. - E eu sorri.

- Então vem cá, me um abraço. - Ela veio e eu senti seu perfume tão pertinho. - Hummm. - Eu suspirei, me sentindo tão em paz. Beijei seu ombro. - Abraça direito, amor. Faz carinho. - Eu pedi, me sentindo uma criança dengosa. Eu tô realmente carente. Ela acariciou minhas costas, delicadamente. Eu sorri. Que coisa boa. - Amo muito você. Muito. Muito. - Sussurrei, falando com todo meu coração.

- Eu preciso ir. - Ela disse baixinho também. Então, liberei ela do abraço.

- Vai cumprir nosso acordo né?! Foi sua palavra.

- Luan, você acha que eu não consigo passar três dias no mesmo teto que você? - Ela me olhou debochada e eu ri.

- Não sei, uai. Cê mal consegue ficar aqui dentro comigo.

- Você tá muito enganado. Agora destrava isso. - Ela pediu e eu atendi.

- Cuida do nosso bebê. - Pedi e ela assentiu. Abriu a porta e se foi. Fiquei olhando até ela desaparecer. Como eu gostaria que estivéssemos bem. Que estivéssemos juntos. Só quero estar em paz com ela, construir nossa família e morar no nosso cantinho. Aonde ela quiser. Seja naquele apartamento, seja em qualquer outro lugar. Meu lar é ela, o resto não importa.

Sem ter opção, acabei voltando pra casa. Aproveitei o tempo com minha família, falei sobre a escolha do apartamento e também fui ao escritório. Resolvi algumas questões de trabalho, então deu a hora de ir gravar. Vai ser mais uma gravação noturna.

|| Lavínia ||

Passei o dia entre dormir, comer e decidi me exercitar um pouco. Minha médica liberou algo bem leve, ou seja, só corri na esteira. Queria qualquer coisa que pudesse me fazer esquecer que o Luan vai passar boa parte da noite naquela gravação. Ele vem se esforçando e além de falar, ele vem mostrando. Comprar o apartamento hoje foi um grande passo. Ele afirmou por meio da sua atitude que quer estar comigo, que quer nossa família e que seja da melhor maneira pra mim. Além do mais, sinto meus hormônios gritando exaustivamente por ele. E até já sonhei com nós dois transando umas duas vezes. Eu sinto tanta falta. Mas eu tenho meu orgulho e meu amor próprio. Sei de tudo que não quero mais. E ainda mais agora, esperando um filho. Ou filha.

Hoje as meninas não me fizeram companhia. Decidiram sair com seus respectivos pares. Clarissa foi encontrar a família de Marco, falarem sobre o casamento que vai acontecer em três meses. O tempo tá voando, eles estão muito empenhados nos preparativos. Pretendo fazer um chá revelação para descobrir o sexo do bebê, ainda não conversei com Luan, mas pelo jeito, teremos tempo nos próximos dias. Eu gostaria que fosse assim, lá para o quarto mês de gestação. No mês seguinte, Clarissa se casará. Teremos muitos eventos e acontecimentos. Eu me sinto empolgada. Tirei a roupa e antes de ir pro banho, me olhei no espelho. Meus seios estão um tantinho maiores, minha barriga tá saltada. Ah, tá sim. É muito pouco, mas eu consigo perceber.

- Meu pequeno feijão, você tá crescendo hein?! - Acariciei minha barriga. - Cê viu o apê maneiro que seu pai comprou hoje? É! Eu também gostei de lá. - Suspirei, lembrando do sorriso daquele filho da mãe. Expulsa, Lavínia. Expulsa tudo isso.

(…)

Os dias se passaram, as gravações acabaram e Luan esteve presente em todos os dias. Minha mãe, meu pai, a família de Luan, todos eles estiveram em constante contato comigo para saber sobre o bebê e eu, sobre nossa saúde. Bruna inclusive veio aqui ontem, passou o dia comigo e fizemos compras no shopping. Compramos as primeiras roupinhas para o bebê, procurando tons neutros. Recebi pressão pra que ela seja a madrinha, mas foram tantas risadas e eu fiquei mais leve.

- Barbie, Luan chegou. - Ouvi a voz de Clarissa e me deu um frio na barriga. Hoje elas viajam. Irão em poucas horas e ele já chegou pra me levar ao apartamento.

- Tô indo. - Falei, me olhando no espelho pela décima vez. Eu confesso que a ida da Natália me deixou um pouco mais tranquila. Mas eu ainda tenho receios quanto a ele. A postura, a atenção… Eu realmente me magoei muito nos últimos tempos. Estar indo não quer dizer que eu voltarei, que estaremos bem. Espero que ele esteja bem ciente disso. Escolhi um conjunto de moletom preto. Calça, com uma camisa de mangas longas. Peguei a pequena malinha que fiz e segui para fora do quarto. Chegando na sala, encontrei ele de pé, conversando animadamente com as meninas. Então, me olhou e eu vi seus olhos brilhando.

- Oi, minha linda. - Sorriu abertamente.

- Oi. Você chegou cedo. - Franzi a testa.

- Uai, no horário marcado. - Abriu os braços, então o abracei. Ele beijou o alto da minha cabeça. Meu Deus, como meu coração tá acelerado. Nunca vou parar de reagir assim a ele? - Como cês tão? - Me olhou, me mantendo em seu abraço. As meninas nos olham derretida.

- Bem. - O olhei. Ele tá tão contente e eu sei que muito é pelo fato de termos três dias só nossos. Eu não faço a mínima ideia de como vai ser isso. Confesso que me sinto nervosa, receosa. Minha razão me diz para não fraquejar, o medo de me machucar logo mais… porém, meu coração e todo meu corpo pedem por ele. Eu espero seguir com minha razão, ainda não sinto que seja a hora de voltar. Apesar de sofrer pela falta dele, a paz que eu sinto hoje é bem maior do que quando eu estava no caos do nosso relacionamento.





OOOOOOIIII! cheguei rápido dessa vez! Não quero falar de coisa triste por aqui, então vamos continuar no nosso mundo de fantasias?! Sobre o capítulo: Muitos acontecimentos! Luan realmente comprou o apartamento, anda aproveitando as oportunidades. A saudade tá gritando entre os dois! Lavínia mantém o orgulho e pretende seguir assim. O clipe aconteceu, veremos como será esse lançamento hein?! Logo mais! E para o próximo capítulo, o que vocês acham que vai rolar? 👀
Comentários respondidooosss
Bjs, Jéssica ❤️

terça-feira, 2 de novembro de 2021

“ Os sentimentos que a gravidez trás “ 87

- Pai, eu já falei que não sabia.

- Não me interessa, Luan! - Ele disse, batendo a mão na mesa do escritório. - Eu sei que isso tudo que você vive hoje na música foram por conta de anos de tentativas, mas você tem uma mulher grávida lá fora, que tá claramente exausta, que tá se sentindo sozinha! Como você não percebeu isso na mulher que você ama, porra? - Ele disse alterado e eu respirei fundo, me sentindo sem forças.

- Eu tô sufocado de tanto trabalho, pai. - Falei, desabando na cadeira.

- Vocês discutiram e mesmo assim você ia viajar com uma modelo! Luan, o que você tá pensando? Eu não criei um moleque, porra! Não aja como um! Ela deve tá se sentindo insegura… - Suspirou pesado. - Eu vivi isso com a sua mãe, mas diferente de você eu percebi os sinais. Esse é o momento mais delicado que uma mulher vive. Ou você aprende a ser homem, ou vai perder sua família. - Ele disse, sentindo bem direto.

- Eu queria cancelar esse clipe! - Me exaltei, levantando novamente. - Eu pedi várias vezes.

- Só que antes disso ela não estava grávida! Isso muda tudo!

- Então vamos cancelar esse caralho! - Explodi.

- Não dá mais, Luan. - Ele me olhou. - Você vai lidar com isso feito o homem que eu ainda acredito que você seja. - Suspirou. - Ela. Precisa. Ficar. Bem. - Suspirei. - Ela e o bebê. O meu primeiro neto.

- Pai, vai dar tudo certo. - Respirei fundo. - Eu amo ela, ela sabe disso. Quero seguir tudo que foi conversado aqui. Quero trabalhar menos, no último mês eu quero folga total. Quero tá com ela. Vamos conseguir passar por isso.

- Você sempre me deu orgulho, que não seja diferente daqui pra frente. - E então, eu assenti. Ele deu as costas e saiu. Eu me senti sem chão. Ouvir tudo isso do meu pai… nunca aconteceu algo do tipo antes. Eu falhei. Falhei como parceiro. Como homem e pai. Sim, eu já falhei com nosso bebê no primeiro mês da vinda dele. Meus olhos lacrimejaram e eu deixei as lágrimas esvaziarem meu peito angustiado. Eu tirei alguns minutos para chorar livremente. Chorei, solucei, tirando todo sentindo ruim. Eu sou o homem pra essa mulher. Eu não vou desistir. Tentei me recompor, respirando fundo, limpando meu rosto. Preciso voltar. Fui ao banheiro que temos no escritório e lavei meu rosto, aliviando a vermelhidão. Funguei, tirando todo vestígio de choro. Sequei meu rosto e saí do escritório em direção a sala de refeições. Ao chegar lá, encontrei eles conversando animadamente. Algo sobre o bebê.

- Oi, filho! Senta aqui. - Minha mãe apontou para a cadeira ao lado de Lavínia. O clima pesado se instalou.

- Você tá bem? - Eu perguntei, olhando pra ela. Assentiu, me olhando de volta.

- Você tá? - Assenti também, desviando meu olhar.

- O almoço já tá vindo aí. - Meu pai disse, e logo nossa funcionária foi trazendo tudo.

- Bruna vai ficar maluca quando souber que vai ser tia. - Minha mãe disse.

- Nem me fale… ela vai entra na disputa pra ser madrinha junto com Clarissa e Talita. - Eu ri, juntamente com meus pais. Foi quando começamos a nos servir.

- Espera só pra cê ver quando os meninos souberem… - Eu disse, olhando pra ela.

- Boa sorte pra vocês. - Minha mãe disse. Eu sei que mereço tudo isso. A indiferença dela, as verdades de meu pai, apesar de ser humano e me sentir machucado por ouvir isso, mas sei que mereço. Eu fiz por onde.

Durante o almoço o clima foi ficando mais agradável e minha mãe já começou a fazer planos sobre o quarto do bebê. Lavínia sempre com os olhos brilhando e eu gostei de ver ela feliz. Até que minha mãe arrastou ela para o quarto, dizendo que iria mostrar fotos minhas de quando era bebê e também umas roupinhas que ela guarda até hoje.

- Já era o tempo com sua mulher. - Meu pai disse e eu suspirei. - Cerveja?

- Bora! - Eu disse e então levantamos, pegamos cerveja e fomos indo para o jardim. Chegando lá, sentando no sofá que fica na parte coberta.

- E aí, cê vai querer ajuda com corretor pra encontrar seu apê? - Ele me olhou.

- Quero. Mas não tenho tantas exigência não. Só precisa ser um prédio seguro, na capital e com o maior espaço possível.

- Cobertura? - Ele me olhou.

- Pode ser. - Concordei.

- Vou ver com a equipe e te passo os melhores Contatos. Uma casa você não quer? - Ele franziu a testa.

- Na capital? Fica meio impossível ter tranquilidade. Quando souberem que é a nossa casa… adeus paz.

- Tem razão. Nem acredito ainda que vou ser avô. - Ele riu de leve. E eu o olhei. - Eu tinha um medo grande de você engravidar qualquer uma. Nunca imaginei que a notícia de ser avô fosse me deixar tão leve.

- Eu me cuidava, pai. - Me defendi.

- Pra cima de mim? Nunca fez sem camisinha? Não vem com essa. - Ele bebeu sua cerveja e eu bebi também, sem conseguir negar. Confesso que já fiz. Pouquíssimas vezes, mas sim, já aconteceu.

- Ainda bem que foi com ela. - Suspirei.

- Essa mulher é diferente. Eu soube desde o início, quando ela veio aqui no seu aniversário. - Eu ri, relembrando. Foi a primeira vez dela na minha casa. Arrastei ela pro carro e convenci de a gente transar. Sempre tive tanto tesão nela. Deixei meus próprios convidados, no meu aniversário só pra foder com ela.

- É… eu também senti o mesmo na primeira vez que vi ela. - Comentei. Relembrando da fim de semana na casa de praia. Quando eu vi aquele rostinho… acabou comigo. Eu só conseguia pensar em fazer tudo com ela.

- E vou te falar mais: não vai ser fácil viu?! - Ele se referiu ao fato de ela me perdoar.

- Eu sei. Conheço aquela danada. Mas não vou desistir. - Respirei fundo.

- Vai dar tudo certo, filho. - Ele bateu em meu joelho, então, continuamos conversando. Ele começou a falar sobre minha mãe, quando ela engravidou de mim e que eles também passaram um momento delicado no casamento naquele período por serem muito jovens e tudo mais. Foi bom ouvir de alguém que é meu exemplo, que também já esteve na minha pele.




Nem percebi o tempo passar, quando de repente, Lavínia apareceu. E eu já fiquei bobo só de ver ela.

- Luan, a gente pode fazer a chamada com meus pais? - Falou educadamente.

- Agora, meu bem. - Sorri, levantando imediatamente. O que era pra ser uma cerveja com meu pai, se tornou três. E eu já me sinto um pouquinho diferente. Lavínia apenas revirou os olhos, se virando. Pude ouvir a risada baixa do meu pai. Olhei seu rebolado e fiquei impressionado como a bunda dela fica linda em qualquer roupa. Mas sem roupa fica espetacular.

- Onde a gente vai fazer? - Ela olhou pra trás e me pegou no flagra. - Para de olhar minha bunda! - Reclamou, parando de frente pra mim e eu prendi meus lábios, evitando sorrir.

- Desculpa, força do hábito. - Ela bufou e voltou a andar. - Lá no meu quarto, daí a gente tem mais privacidade. - E em silêncio, ela seguiu para meu quarto, já conhecendo o caminho. Abriu a porta e entrou como quem manda ali. Eu sorri, observando o quanto é bravinha.

- E aí, aonde? - Se virou de novo, ficando de braços cruzados.

- Aonde o que? - Tentei brincar.

- A chamada, Luan. - Começou a bater o pé no chão, impaciente.

- Você não pode ficar irritada. - Relembrei.

- Para de me chantagear com isso toda vez que eu ficar irritada com você. - Franziu a testa.

- Só tô te lembrando. - Falei, olhando em seus olhos.

- Você bebeu? - Me olhou desconfiada.

- Só três cervejas, enquanto minha mãe te sequestrou. - Falei, sentando na cama.

- Você não tá bêbado né?! - Ela continuou desconfiada, me olhando. 

- O que cê acha, Lavínia?! - Bufei, sorrindo em seguida.

- Tô te achando com os olhos muito alegres.

- É porque tô te olhando. Linda pra caramba. - Ela ergueu as sobrancelhas e sem me dar nenhuma moral, sentou-se na cama e deu início a chamada. Me aproximei sentindo seu cheiro que me deixou fraco. É tão difícil ficar perto e não poder tocar, cheirar, beijar… Meus sogros apareceram na tela e eu logo fiquei tenso.

- Oi, gente! Que saudade! - Lavínia disse.

- Oi, meu amor. - Sua mãe sorriu.

- Tô quase no início de um ataque cardíaco. - O pai dela disse, em português e nós rimos.

- Calma, pai. Não é nada grave. - Ela os tranquilizou.

- Oi, sogros. - Dei tchauzinho e eles sorriram.

- Oi, Luan! Como você está? - Meu sogro disse.

- Tô bem. - Falei educadamente.

- Cê tá corado. - Minha sogra observou.

- Tava na beira da piscina, mesmo na sombra o sol faz estrago. - Eu disse, então, Lavínia me olhou. Seu rosto tão pertinho e eu não me contive em olhar sua boca. Logo ela desviou.

- Bom, vou direto ao assunto.

- Ok. - Seus pais responderam juntos.

- Eu estou grávida. - Ela disse, simplesmente. Sua mãe ficou boquiaberta imediatamente e seu pai franziu a testa.

- O que? Puta que pariu! - Ele disse, ainda sério.

- Pai! - Ela o repreendeu.

- Você? Como assim? Vocês estão juntos a pouquíssimo tempo. - Minha sogra disse, ainda muito surpresa.

- Não foi planejado. Mas estamos felizes. - Eu disse.

- É, estamos. - Lavínia falou, mas percebi ela aflita pela reação dos seus pais.

- Parabéns! - Minha sogra finalmente falou, mas ainda muito surpresa. - Eu não sei o que pensar direito… vou ser avó! - Riu incrédula. - Vocês só tem pouco mais de um mês de namoro. - Ela suspirou.

- Filha, você tem tanto trabalho, como vai ser isso? - Seu pai se preocupou.

- Nós vamos dar um jeito. - Percebi Lavínia com a voz embargada. Então, tomei a frente:

- Vou dar uma reduzida nos shows, minha mãe se dispôs estar sempre com a Lavinia por aqui. Ela vai conseguir. Vai ser a melhor mãe desse mundo. - Falei, enquanto acariciei seu cabelo, tentando lhe passar confiança.

- Claro! Eu só fico preocupada de você estar aí… gravidez é tão delicado. - Sua mãe franziu a testa. - Mas você é dedicada, com certeza vai conseguir dar conta de tudo. - Ela tentou acalentar.

- Você acha mesmo? - Lavínia se mostrou vulnerável.

- Claro, filha. - Sua mãe lhe passou confiança.

- Você quer vir passar um tempo aqui? Pelo menos nesse início? - O pai dela perguntou.

- Não posso. - Ela suspirou. - Estou em um período de risco, preciso ficar de repouso. - E então, as expressão foram de absoluto espanto.

- Você tá bem? O que houve? - A mãe dela disparou. Enquanto seu pai bebeu água.

- Eu tô bem. É só… - Ela suspirou. - Muito estresse, por isso me afastei do trabalho e tudo mais.

- Meu bebê… você precisa tomar cuidado. - O pai dela disse, agora em inglês.

- Eu tô cuidando de tudo, pai. - Ela disse.

- Nós estamos. - Corrigi. E pude perceber que ela não citou nossa atual situação. Tadinha, já está claramente mexida com a reação dos pais e não quer deixar tudo pior.

- Quero parabenizar vocês dois, dizer que agora precisam estar mais juntos do que nunca e que meu coração tá na boca. - Meu sogro disse e eu ri de leve. - Não deixe nada acontecer com minha filha. - Ele me pediu e eu me senti culpado, por saber que já tenho uma parcela em tudo isso que tá acontecendo.

- Prometo. Não se preocupa, sogro. - Falei firme.

- Você precisa de mim? - A mãe dela perguntou e eu percebi que a qualquer momento Lavínia iria desabar no choro.

- Não, mãe. Você não pode largar tudo. Eu só preciso ficar um mês de repouso, logo depois tudo volta ao normal. Assim eu espero. Daí vou ver vocês, passo um tempo aí. - Meu coração parou e eu olhei ela aflito. De jeito nenhum que vai pra tão longe com meu filho na barriga, enquanto carrega ódio de mim. Essa não é uma combinação agradável.

- Vem, vem mesmo. - Minha sogra sorriu. E então, continuaram com perguntas que Lavínia e eu nos intercalamos para responder. Até que veio a tão esperada pergunta:

- Vocês vão morar juntos, casar? Como vai ser isso? - Meu sogro foi quem perguntou e eu olhei pra ela, lhe dando total abertura para falar o que preferir.

- Luan tá olhando uns apartamentos. A gente vai morar juntos. - Ela mentiu. Em partes. Sei que não vai comigo agora, mas também não quis dizer aos pais que estamos separados. Eles já estão claramente aflitos de uma gravidez em um namoro tão recente, com um cantor que não para em casa, enquanto eles estão em outro continente. É a filha deles, afinal. É a Lavínia. A que cuida da maior parte da empresa no país, acabaram de iniciar uma nova fase do negócio por aqui e ela já vai precisar se afastar. Eu imagino a preocupação. Acredito que Lavínia os entende também.

- Mas logo a gente vai casar. Eu quero isso. - Falei e ela me olhou com um sorriso falso e um olhar significante. Ela quer me asfixiar agora.

- Ah, que lindos! - Minha sogra se derreteu.

- Mãe, eu preciso ir agora. Meu celular tá descarregando. Lavínia mentiu novamente. - Pai, um beijo. Não se preocupa, estamos bem. - Ela sorriu, lhe passando segurança. Então, eles se despediram nos recomendando cuidados. Logo que a ligação encerrou, ela virou-se pra mim: - Você para de ficar enfeitando tudo.

- Eu quero casar com você. - Eu disse, decidido.

- Mas eu não quero. - Ela respondeu de imediato.

- Então conta a verdade pra eles também, ué. - Dei de ombros.

- Você viu a aflição deles. Não vou contar que o pai do meu filho… - Ela suspirou. - Enfim, não vou repetir tudo. Tô cansada disso. - Passou a mão pelo rosto, impaciente.

- Pai do teu filho errou pra caramba, mas tá correndo atrás do erro. - Procurei sua mão, segurança em seguida. - O pai do teu filho te ama mais que tudo. - Suspirei. - Não vai desistir. - Beijei sua mão e logo ela puxou.

- Muito papo. Sempre muito papo. - Bufou, levantando-se. - Quero ir embora. 

- Beleza. Te levo. - Levantei também, colocando meu celular no bolso.

- Não. Vou de Uber. Você já volta a trabalhar amanhã. - Começou com desculpinhas, então eu parei de frente pra ela e coloquei as mãos no cós da minha calça.

- Você quer mesmo ficar longe de mim né?!

- Luan, eu só preciso respirar. Na boa. Por favor. - E então, eu assenti, sabendo que já abusei muito da minha sorte.

- Então compartilha a corrida comigo. Fico acompanhando. - Ela assentiu.

- Vou me despedir dos seus pais. - Ela avisou.

- Tá, mas antes vem aqui. Rapidinho. - Pedi, voltando a sentar na cama. Ela me avaliou e então, ao ver que é sério, ela sentou. - Amanhã eu preciso voltar para ao trabalho, as gravações do clipe vão começar nos próximos dias… mas por favor, por favor, me fala se houver algum problema. Quero tá junto nas consultas, vou tá sempre em contato com você. Vou tá procurando um apê nesse meio tempo também. Quero mudar o quanto antes pra mais perto de você e sigo na esperança de que logo mais você esteja comigo. - Ela apenas assentiu. - Promete pra mim que vai cumprir isso? Qualquer coisa, loira. - Pedi, quase implorando. - Minha mãe tá aqui pra você também, pro nosso bebê. - Falei olhando em seus olhos.

- Prometo. Obrigada. - Ela disse, mas permaneceu séria.

- Me dá um abraço? - Abri os braços e ela avaliou a possibilidade, me olhando. - Só um abraço. - Apelei, sorrindo de lado e ela suspirou. Passou os braços em volta do meu pescoço, enquanto eu acariciei sua cintura, suas costas, sentindo ela o máximo que eu posso. - Amo você. Esse bebê é um presente. Vocês são as duas coisas mais importante da minha vida hoje. - Beijei seu ombro. - Obrigada por ser a geradora do meu sonho. - Beijei novamente e então, ela se afastou. - Vai dar tudo certo. Confia? - Lhe passei segurança.

- Vai sim. - Ela suspirou.

- Não fica com medo. Você é uma mulher foda. Nosso bebê não vai querer ir embora. - Sorri, tentando deixar tudo mais descontraído.

- Obrigada. - Ela sorriu de lado. Beijei suas duas mãos, em seguida ela levantou. - Agora vou indo. Vou falar com seus pais e já peço o Uber. - Assenti. Levantei e segui ela até a saída. Meus pais lhe deram mais apoio, minha mãe se mostrou estar 100% disponível para o que fosse preciso. Meu pai, a mesma coisa. Não consegui fazer ela ficar mais. Realmente se despediu, o Uber não demorou a chegar e meu coração doeu mais dessa vez. As despedidas dela nunca são boas, mas ela indo, grávida, de mal comigo… fez tudo se tornar pior. De repente, me senti triste e vazio. Não quis mais conversar por hoje e fui para meu quarto. Devo encarar a chegada da minha irmã daqui umas horas e lhe contar a mais nova novidade.

Sozinho, na cama, me permiti imaginar o rostinho do nosso bebê. Tem que vir com os olhos dela. Com a boca também. O narizinho. Sorri sozinho ao perceber que eu quero que tenha tudo dela. Parece uma boneca de tão perfeita. Parando pra conhecer se torna ainda mais impressionante. Linda. Linda. Vai ser um menino. Eu sinto isso. Torço pra isso. Uma mini Lavínia, iria torrar meus neurônios. Eu Geni frustrado ao perceber que serei um pai ciumento caso tenhamos uma menininha. Que Deus me ajude!

(…)

Dias depois

Começamos hoje as gravações do clipe. Teremos gravações noturnas, amanhã vou decidir entre dois apartamentos. Venho insistindo bastante para que Lavínia venha visitar comigo. Nosso contato é muito breve, e só existe por insistência minha. Nunca vi ela tão irredutível. Nos encontramos dois dias atrás, me recebeu com uma carinha de choro e imediatamente eu fiquei preocupado. Então, ela me disse que estava assistindo o filme e que gostaria de comer um pote de sorvete, mas que não pode. Teria que seguir a dieta para o bem do bebê, mas que não comer sorvete deixava ela triste. E ela estava chorando por isso. Eu tive que segurar meu riso e acolher seu momento. Então, lhe disse que um pote não seria possível, mas ela poderia dar uma colheradas e que nesse equilíbrio ela se sentiria melhor. Coloquei um tantinho de sorvete numa caneca e levei até seu quarto. Ela comeu, enquanto eu sentei ao seu lado na cama. O choro cessou. Eu vi uma criancinha ali. Frágil, sensível. Saber da gravidez dela me fez amá-la ainda mais. É incomum e eu simplesmente não consigo explicar. Eu apenas amo mais. Mais e mais.


Ao chegar no local das gravações, encontrei Natália e a equipe do clipe. Serão três dias de gravação, hoje teremos a explosão do carro e algumas cenas de sedução entre nós dois. Amanhã teremos um cena no banheiro, onde vai ser a parte mais quente. Nudez e beijos. Só consigo pensar em Lavínia. A reação vai ser péssima. Para minha sorte, o lançamento só acontecerá após um mês. Nesse tempo, ela vai já ter passado da fase de risco da gravidez. O que não diminui o estrago da reação dela, mas pelo menos nosso bebê estará bem.

|| Lavínia ||

As meninas chegaram e trouxeram sushi pra mim. Eu me senti tão tocada com o pequeno gesto. Eu ando assim ultimamente. Hormônios em uma grande loucura. Eu sei que hoje Luan já está nas gravações do clipe e estou tentando não pensar nisso. Meu bebê não precisa disso. Elas sentaram comigo, na mesa da cozinha e então, Clarissa disse:

-Nós vamos precisar ir em Sidney. - Ela comunicou e eu franzi a testa.

- Nós duas. Você não pode. Só pra esclarecer. - Talita disse e eu senti o mundo afundar. Como vou ficar aqui sem elas?

- Quando? - Perguntei.

- Daqui uns quatro dias. Você poderia ficar com a família do Luan durante esse tempo. Vamos precisar de três dias, resolver coisas da empresa.

- O que tá acontecendo com a empresa? - Me preocupei.

- Nada demais. Apenas uma nova estratégia de marketing. Vou precisar me reunir com a equipe pessoalmente e sua mãe quer a presença da Clarissa em uma visita no laboratório que estão fabricando os novos blushs. Segundo ela, precisa ser pessoalmente. - Talita explicou e eu suspirei.

- É isso, irmã. Talita fica em Sidney, eu viajo com a mamãe para Nova Zelândia, para fazer a visita. Acredito que no máximo três dias estaremos aqui. - Bufei e comecei a comer.

- Você vai pra casa do Luan? - Talita perguntou cuidadosa.

- Não tô morta. Sei me virar sozinha. Vou ficar aqui. - Dei de ombros. E elas se olharam. Nem fodendo eu vou pra casa da família do Luan. Eu os amo, sei que estão disponíveis, mas eu realmente não quero me sentir mais inútil do que agora. Sem contar que estou me roendo de ciúmes sobre esse clipe em cada vez que eu penso sobre.

- As gravações do clipe começaram hoje? - Clarissa perguntou cuidadosa. 

- Sim. - Revirei os olhos. - Mas o que isso tem haver? - Franzi a testa.

- Você tá irritada desde ontem. - Talita me alertou e eu respirei fundo.

- Eu tô com ciúmes, é isso. - Assumi, bufando. - Eu tô ficando inchada e só sei chorar… aquela mulher é espetacular. - Falei, realmente desabafando.

- Mas ele ama você. - Clarissa disse.

- Ah, é! - Talita concordou. Suspirei. Nem sei se ama tanto assim.

- E o seu casamento? - Perguntei a Clarissa, querendo mudar para um assunto mais leve. Ela tá conciliando trabalho com seus planos para o casório que vai acontecer em poucos meses. Será numa igreja no interior de São Paulo, cidade onde Marco nasceu. Vai ser algo bem intimista, mas minha irmã já garantiu que será uma grande festa. Eu até imagino… ela sempre sonhou com esse dia.

- Tá uma loucura. Vou provar docinhos semana que vem. Quero a ajuda de vocês. - Ela sorriu e logo nós concordamos. Eu tento fazer dieta, mas realmente tá difícil não ceder a tudo que eu gostaria de comer. E então, a porta abriu.

- Ô de casa! - Marco gritou. É, ele e Keven tem entrada livre por aqui.

- Cadê as Marias? - Keven berrou. Nós rimos. Logo eles se juntaram a nós e tivemos uma noite tranquila, me fazendo distrair de tudo. Nem lembro quando apaguei.





OOOOOOIIII! Quem tá querendo me matar comenta aqui só pra eu ver um negócio 👀😂 Gente, acho que uns 20 dias longe né?! Pra quem tá no grupo, já expliquei tudo, pra quem não tá, vou explicar de novo: comecei um novo trabalho, com uma nova rotina, então ainda estou me adaptando. Fiquei sem energia pra escrever. Mas consegui! E no feriadinho, tô aqui com capítulo pra vocês. CHEEEEIO de acontecimentos! Os pais da Lavínia ficaram preocupados, ela mentiu pra eles. Gravação do clipe tá aí, Luan continua tentando com ela e ela, com seu ciúmes conhecidíssimo! E ainda, teremos viagem das meninas. E aí? O que vai rolar? 👀 


Comentários respondidoooooosssss 🥰
Bjs, Jéssica ❤️