sexta-feira, 19 de junho de 2020

“ Cinema é aquela conversa “ 38

- Luan do céu! - Ela disse empolgada ao entrarmos no shopping.

- É, isso é diferente. - Sorri pra ela e então subimos na escada rolante. Pouquíssimas pessoas, as lojas fechando. Recebemos alguns olhares, mas eu não larguei a mão dela. - Quer que eu solte sua mão? - Eu decidi perguntar. 

- Por que? - Ela franziu a testa. 

- Tem algumas pessoas aqui, pode ter foto. - Chegamos ao fim da escada rolante e começamos a caminhar. 

- Não. Você solta se você quiser. - Eu sorri com o que ela pode estar pensando. 

- Não quero soltar, loirinha. - Ela me olhou, buscando verdade e eu tentei passar isso pelo meu olhar.
O cinema é pra cá. - Ela disse, apontando para as placas.

|| Lavínia ||

Ao chegarmos ao cinema, vimos algumas pessoas. Pouquíssimas. Porém, todas quiseram foto. Me afastei e vi ele atender todo mundo. Mantive um sorrisinho bobo no rosto ao ver o quanto as pessoas gostam dele, o quanto ele é carismático.

Depois disso, compramos nossos ingressos e os funcionários pediram fotos. Dei o espaço necessário, ele fez o atendimento, enquanto eu escolhi os combos para comermos. Logo recebemos e já fomos convidados a entrar e aguardar o início do filme lá dentro. Cerca de seis pessoas permaneceram fora, esperando o horário exato. 

- Bora lá pra cima. 

- Você não vai me agarrar o filme todo. - Avisei e ele riu despreocupado. 

- Vou sim. 

- Não, eu quero assistir. - Ele continuou despreocupado. 

- Aqui. - Escolheu a penúltima fileira. Fomos para o cantinho da parede. 

- Luan, é sério. - Eu repreendi. 

- Relaxa, pô. - Me olhou. E me entregou o balde de pipoca. Segurei e bebi um pouco do meu refrigerante. Peguei a pipoca e ele ficou estranhamente quieto. 

- Não vai querer a pipoca? - Perguntei. 

- Só quando começar. - Pegou seu refri e bebeu. Ele ficou chateado com o que falei. Claramente. 

- Tá chateado? - fui direta. 

- Não. - Ele franziu a testa, me olhando. 

- Tá sim. - Ele bufou e olhou para frente. - Para de bobagem, princeso. - Ele bebeu mais refri. - Ou, olha aqui. 

- Lavínia, me deixa. Eu também quero assistir o filme. - As pessoas começaram a entrar e os trailers a rolar. 

- Luan, sua loirinha tá chamando. - Ele revirou os olhos. E me olhou. Sorri pra ele e mais uma vez senti vontade de dizer eu te amo. - Para de ficar bicudo comigo. Daqui a pouco eu tô indo, deixa de bobagem. - Ele negou com a cabeça e permaneceu quieto. Tentei me aproximar e em meio ao meu movimento, derrubei a pipoca. 

- Merda, Lavínia. - Ele sussurrou e eu ri, tentei rir baixo. 

- Merda. - Eu disse e me abaixei junto com ele. - Lá se foi nosso baldão. - Fiz bico, voltando a sentar normalmente.

- Cê é desastrada pra caramba.

- Você também. - Retruquei. 

- Fez uma sujeira das grandes. - Negou com a cabeça e eu segurei o rosto dele, aproximando o meu. - Agora cê quer beijo? 

- Eu sempre quero o teu beijo. Você que tá todo sensível. Cê acha mesmo que eu ia negar de você me agarrar? Por favor, né?! Até parece que não me conhece quando se trata de você. - Selei nossos lábios e ele correspondeu sem muita vontade. - Cê não vai me beijar, bebezinho? - Fiz voz de beber e consegui arrancar o sorriso dele. 

- Vou sentir tua falta. - Me olhou nos olhos. 

- Eu também. Você nem imagina o quanto. - E então eu o beijei. Desta vez fui correspondida com a mesma vontade. Suas mãos foram para meus cabelos e eu me deliciei nos lábios dele. Cada movimento, a língua, a pegada, ele. Mordeu meu lábio, lambeu, continuou o beijo, chupou minha língua e uma de suas mãos foram abaixando, pousando no meu seio. Ele apertou e eu puxei os cabelos dele. Fiquei sem fôlego e então pousei meu rosto na curvatura do seu pescoço. Enquanto ele massageia meu seio e beija meu pescoço. Mais uma vez quis dizer eu te amo. Tá ficando quase incontrolável essa vontade. A luzes apagaram e isso fez eu me afastar. 

- Eu tinha esquecido das pessoas. - Sussurrei. 

- O filme já vai começar. - Ele se ajeitou e bebeu um pouco do refri. 

- Eu queria a pipoca. - Sussurrei. 

- Cê quer ir lá? - Me olhou. 

- Não. Quero assistir o filme. 

- Pra eu ir é mais complicado. 

- Tá, vamos assistir. - passei a mão pelo peito dele e o abracei, pousando minha cabeça em seu ombro. A mão dele acariciando meu braço atravessado em seu peito. Nos concentramos. Eu realmente prestei atenção no filme, sentido o cheiro maravilhoso que ele tem, sabendo que depois vai ficar impregnado em mim. 

- Me dá um beijinho. - Ele sussurrou e eu atendi seu pedido. - Da próxima vez que a gente vier num cinema, a gente vem pra transar. - Eu ri e lhe dei um tapa de mentirinha no rosto. 

- Você é um safado. - Mordi meu lábio e ele riu, selando nossos lábios. 

- Esse filme é muito bom. 

- É mesmo. - E voltamos a atenção para o filme de ação.

|| Luan ||

O filme acabou e ela reclamou de fome. 

- Meu amor, não tem nada aberto mais. - Falei andando com ela no shopping todo vazio. 

- Mas a gente só almoçou, Luan. 

- No final da tarde já. A gente pode comer quando chegar no hotel. - Ela fez careta e eu ri. - Quer comer outra coisa? - Ela assentiu com a cabeça fazendo uma carinha de neném. Passei o braço em volta do seus ombros e então paramos em frente ao elevador, indo para o estacionamento. - Negão já tá esperando a gente, no caminho a gente procura um lugar aberto. Quer comer o que? - Entramos no elevador. 

- Hambúrguer. - Disse e me abraçou. 

- Tá, então a gente procura o hambúrguer. 

- Eu amei o filme. 

- Eu também gostei demais. Muito foda. 

- Uhum. - E ela me olhou. Tá pedindo beijo. Eu já conheço. Lhe beijei e ela correspondeu. Não gosto de pensar que ela tá indo e que depois disso acabou.

Chegamos ao estacionamento e já vi o carro com negão esperando do lado. 

- Wellington, o filme é incrível. - Ela já foi logo falando. 

- Muito foda, negão. - Ela abriu a porta e entrou. Entrei em seguida, após trocar um toque de mãos com Wellington. 

- Foda mesmo? - Ele disse ao entrar no banco do motorista. Já deu partida no carro. 

- Massa. Massa, negão. 

- Não dá spoiler pra ele. 

- Não, não vou dizer nada. - Ela segurou meu rosto e selou nossos lábios. 

- Lindo. - Ela sussurrou, mas com certeza Wellington ouviu. Sorri pra ela e cheirei seu pescoço.

- O que cê vê aberto, cê para. - Pedi. 

- Beleza. - Wellington disse. - Tinha muita gente lá com vocês?

- Quase ninguém. - Respondi. - Cê sabe, esse horário é tranquilo. 

- É muito bom ir ao cinema esse horário. - Ela disse. 

- É, eu também gosto bastante. - Ele falou do banco da frente. - Oh lá, ali é uma hamburgueria. - Disse logo que saímos do shopping. 

- Beleza, bora lá. Tenho uma mulher esfomeada pra alimentar. - Os dois riram alto e eu, claro, levei um tapinha no ombro em forma de repreensão. 

- Idiota. - Ela reclamou, enquanto Wellington já estaciona. 

- Cê vai lá? - Eu quis saber.  

- Vou sim. 

- Negão vai com você. Escolhe um seu também, negão. - Falei pra ele e tirei meu cartão de débito. - Pega. - Dei pra ela. - A senha é 1296. 

- Tá. - Ela selou nossos lábios e saiu do carro. Wellington acompanhou e eu fiquei vendo os dois entrarem. O local tem as paredes todas de vidro e quando adentraram ao local, vi uma mesa de marmanjos olhando pra ela. Wellington não os intimidou. Não posso culpá-los. Ela é linda. Hoje então... Vestiu uma calça minha que ficou excessivamente maravilhosa nela. Ficou cintura alta, as barras dobradinha, ela usou um cinto e colocou uma camisa minha amarrada em um nozinho. Usou os calçados que veio de viagem. Completamente estilosa. Vi a rodinha comentando, enquanto ela e meu amigo já estão no balcão. Suspirei. Ela claramente se declarou pra mim. Deixou claro que quer mais, que sente mais. Acho que meio mundo pensaria que estou sendo no mínimo, burro. O posicionamento que tomei foi pensando mais nela, do que em mim. Ela não aguentaria a vida que eu levo. Eu não quero machucá-la. Ela claramente se incomoda com as outras, eu não culpo. Ela carrega sentimentos por mim, mas eu tenho esse tipo de contato todos os dias. Abraços exagerados, beijos mal intencionados e propostas. Muitas propostas. Lavínia merece mais que eu. Ela olhou pra trás, claramente em dúvida. E então falou com Wellington que logo veio em direção a saída. Fiquei esperando até que ele chegou próximo a mim. 

- Que foi? - Abaixei o vidro. 

- Ela pediu pra eu perguntar se cê quer a carne mal passada ou ao ponto. Ela ficou na dúvida porque você come das duas maneiras. Cê tá sendo muito mimadinho por essa mulher. - Eu ri dele, ao mesmo tempo encantado com ela. Princesa demais! 

- Vou querer ao ponto. - Ele se afastou e quando isso aconteceu eu vi um cara conversando com Ela. Olhei para a mesa dos marmanjos. Caralho! É um deles que tá lá com ela. Filho da puta! A sensação foi de um banho frio da cabeça aos e no mesmo milésimo de segundo, senti o corpo todo ferver. Ela sorria educadamente, até que Wellington chegou até eles. O viadinho disse algo mais e saiu após sorrir pros dois. Filho da puta! Meu pé ficou inquieto. Nervoso pra caramba. Ela ficou no balcão, esperando com Wellington após os dois terem sido atendidos. Senti tanta raiva, porra. Tanta raiva! O que ele queria com ela? Meu pé continuou. Soltei um grunhido torcendo que eles venham logo. Olhei os filhos da puta e eles continuam falando dela. Mas que porra! O olhar é de quem realmente tá babando. Me deu vontade de entrar lá e pedir pra ela desistir desse hamburguer. Suspirei pesado. Quantos caras vão aparecer depois que ela for? Vários! Eu vou sofrer. Eu sei. Tô fodidamente apaixonado. Mas acredito que a maior prova de ela realmente importa pra mim, é deixar ela ir. Não consigo lidar com tudo que vem com um namoro agora. Não consigo. Talvez um dia ela saiba que eu já venho trabalhando isso, talvez ela saiba que meu passado fez com que eu tenha esse receio hoje. Talvez um dia eu conte, mas ela não precisa dessa carga toda que tem meu passado. Não precisa saber que eu tenho medo de tentar por algo que aconteceu lá no início da minha carreira. Meu celular tocou. Edgar.

Eu o atendi e ele pareceu preocupado. 

- Estamos chegando. Lavínia tava com fome, estamos esperando um hambúrguer. Fiquei no carro, eles foram lá. 

- Beleza, cara. Cê fala pra ela que ela precisa ir dentro de duas horas. Logo que o jatinho voltar, nós vamos. Os voos acabaram de ser liberados. Já corri pra encaixar ela. - Mais um banho frio em mim. Desta vez muito pior. 

- Falo sim. - Minha voz quase não saiu. 

- Não falei com você antes porque era preciso agilizar. Nós vamos precisar partir logo. 

- Não, tudo bem. Cê fez certo. Valeu. Estamos chegando. 

- Beleza, falou. - E então desligou. Dei um soco no teto do carro e joguei minha cabeça para trás. Ela vai embora. Ela vai embora. Caralho! Senti meus olhos arderem. Engoli seco qualquer emoção que quisesse se manifestar em mim. Agora não, pô. Ela nem foi ainda, coração. Dá uma segurada. Quando olhei vi ela vindo com sacolinhas e Wellington também. Sorri ao imaginar o que ela comprou. Passou pela mesa dos viadinhos e o atrevido pareceu se despedir dela com um aceno e um sorriso. Ela sorriu de volta, educadamente. Comentou algo com Wellington, revirando os olhos e ele segurou o sorriso. Os dois saíram e então vieram até mim. Ela abriu a porta. 

- Chegou! - Toda animada. 

- O que aquele cara queria com você? - Eu quis saber. 

- Nada. - Ela quis fazer pouco caso do assunto. Wellington entrou, deu partida no carro e eu continuei olhando ela. - Eu comprei um sanduíche muito completão pra mim. Por que tava morrendo de fome e comprei um completão pra você. - Ela disse totalmente empolgada, já abrindo as sacolas. - Trouxe batata frita. Trouxe refri também. Tá com você, Wellington? - Ela perguntou. 

- Tá sim. Aqui no banco do passageiro. - E então ela se esticou toda pra pegar duas latinhas. Minha raiva quis ir embora. Por ela ser encantadora, por saber que me resta pouquíssimo tempo com ela. 

- Não vai esperar chegar no hotel? 

- Eu tô com fome. - Me olhou ofendida. 

- Tá. Então come. Eu só vou comer lá. - E então ela começou a comer em silêncio. Depois de alguns minutinhos em um silêncio total, eu disse: - Edgar marcou sua ida. Daqui umas duas horas. - Me olhou surpresa. - Acabaram de liberar os voos. Vamos precisar ir logo depois que o Jatinho voltar. - Ela somente assentiu, sua boca completamente cheia. Ela sentiu o impacto. Eu percebo que sentiu. Assim como eu também. Continuou em silêncio e eu respirei fundo. O clima pesou dentro do carro. Wellington ligou o som na tentativa de amenizar a situação estranha. Olhei ela comendo e pensei: ela não teve culpa dos caras comendo ela com os olhos. Eu ainda quero saber o que o filho da mãe queria, mas essa mulher vai embora daqui a pouquinho e eu quero aproveitar a presença dela. Passei o dedo por uma mecha dos seus cabelos e coloquei atrás da orelha. Ela olhou pra mim e o canto da sua boca está sujo de molho. Sorri e me aproximei, lambendo o local e ela selou nossos lábios. 

- Come pelo menos a batata, Luan. Vai ficar fria e murcha. - Fez careta. 

- Só no hotel, loirinha. - E então ela me ofereceu seu refrigerante. Aceitei e bebi um gole. 

- Geladinho né?! - Assenti sorrindo. - Seu cartão tá no meu bolso, chegando no hotel eu te dou. Tô muito ocupada agora, acho que você me entende. - Me mostrou o hambúrguer pela metade e eu ri. Desta vez, Wellington não se segurou também.

Ela continuou comendo até chegarmos ao hotel. Comeu a porção dela de batatinha e comeu a minha. 

- Tô tão cheia. - Ela disse quando entramos no elevador. 

- Estranho seria se não tivesse... - Falei. 

- Acho que quero vomitar. - Ela fez careta. Wellington e eu nos afastamos. - Tô brincando. Seus medrosos! - Ela riu. 

- Você é ridícula. - Eu disse e ela me olhou ofendida. 

- Cê sabe que isso tudo é sentimento, né?! - Ela olhou pra Wellington e eu sorri. Tá muito convencida! 

- Não tenho dúvida. - Negão respondeu. Ela sorriu abertamente. Coisa mais gostosa!

Chegamos ao nosso andar e então nos despedimos temporariamente de Wellington. Ele vai deixar ela no aeroporto.

Entramos no quarto. 

- Tenho quanto tempo? Até eu ir? - Ela perguntou. 

- Não sei bem. Vou mandar mensagem pro Edgar. 

- Tá. Vou ligar pra Talita. Pra ela ir me pegar no aeroporto. - Nós dois sentamos na cama, após eu largar à sacolinha com meu hamburguer e Refri na mesinha ao lado da cama. Cada um com seus celulares. Ouvi ela falar: - Oi, desculpa te acordar. As coisas melhoraram aqui. Já tô voltando. - Ouve uma pausa, enquanto leio a resposta do Edgar dizendo que ela tem pouco mais de uma hora. - Cê pode ir? Tá na casa dele? - Me olhou surpresa. E eu franzi a testa. - Tudo bem, amiga. Eu chamo um uber. - Ouviu algo e então disse: - Tudo bem, sem problemas. Quando eu chegar a gente conversa. Beijo. - E então desligou. - A Talita tá na casa do Keven! - Ela disse muito empolgada. 

- Porra! Sério? - Fiquei surpreso e empolgado também. 

- Seríssimo. Caramba, ela ainda não tinha dormido lá. - Sorriu. 

- Eles vão dar muito certo. Escuta o que tô te falando. 

- Eu também acho que sim. - Ela me olhou e suspirou. - E eu? Ainda tenho quanto tempo? 

- Pouco mais de uma hora. 

- Beleza. - Ela bateu uma mão na outra. - Me ajuda com a mala? - Ela brincou. 

- Vai levar minhas coisas? - Eu zoei e ela gargalhou. 

- Essa foi a viagem mais imprevisível da minha vida. Em todos os sentidos. - E então nossos sorrisos foram sumindo. Mordi meu lábio inferior. 

- Tá decidido mesmo? Tem certeza que não quer repensar? 

- Você não quer repensar? - Ela devolveu a pergunta. 

- É complicado, Lavínia. - Ela riu sem humor. 

- Cê acha que pra mim não é?! Eu tô apaixonada por você, me declarei e me abri totalmente pra você. Eu recebi um não seu. Depois eu transei e transei e beijei e beijei você loucamente. Eu perdi toda minha dignidade. - Ela riu de leve. - Então acredite, eu mais do que ninguém posso falar que é complicado. 

- Não é bem assim, Lavínia. - Tentei me explicar. Se ela soubesse... 

- É sim, Luan. Não tem problema nenhum. Você não quer repensar, eu não quero repensar. Então continuamos como ficou decidido. - Levantou-se. 

- Cê tá judiando comigo. Nossa, demais, cara! - Franzi a testa e ela suspirou. 

- Não vamos mais falar sobre isso. É péssimo pra mim essa situação. Agora cê vai comer e eu vou tomar um banho. 

- Banho de novo? - Cedi ao fim da conversa. 

- Sim, de novo. Vai, come logo. 

- Tá. Vou comer o que sobrou. - Alfinetei e ela riu, me mostrando o dedo do meio. Entrou no banheiro, enquanto eu comi o sanduíche. Pensando no que está acontecendo. Nem parece real. Não parece que ela vai mesmo. Não parece que acabou. Fiquei totalmente perdido em pensamentos, na minha confusão mental, até ela sair. Só de calcinha. Me permiti admirar uma última vez. Suas curvas, o rebolar enquanto ela caminha. A bunda empinadinha, os seio igualmente empinados. Cintura estreita, os quadris largos. As tatuagens espalhadas pelo seu corpo. Eu já beijei cada uma delas. Ela pegou o vestido que usou na festa. 

- Será que tá fedido? - Ela cheirou, me olhando. 

- Claro que não. - Eu respondi ao engolir um pedaço do sanduíche. 

- Cheira só. - Ela se aproximou de mim, ficando entre minhas pernas. Fiz como ela pediu. 

- Cheiroso demais. - Fechei os olhos. - Perfume e bebida. - Ela riu se afastando. 

- Vou vestir ele. - Deu de ombros. - A opção que restou. - Fiquei olhando ela vestir e lembrei do filho da puta da hamburgueria. 

- O que aquele cara tava falando com você no balcão? - Decidi perguntar e então ela se enrolou toda com o vestido que ficou acima de seus seios e ela não conseguia tirar ele do lugar. 
 
- Me ajuda. - Ela pediu um pouco desesperada. 

- Você é lerda demais. - Levantei, deixando meu alimento de lado e indo até ela. Ajudei. Pelo fato de o vestido ser muito colado e o tecido grossinho, foi um pouquinho complicado. Quando deixei no lugarzinho certo, lhe dei um tapa na bunda. - O que tem de gostosa, tem de lerda. - Ela riu.

- Vai se ferrar, cara. - Voltei a sentar e ela amarrou os cabelos em um coque. 

- Responde minha pergunta. - Mordi meu sanduíche. 

- Coisa sem importância, Luan. - Ela revirou os olhos. Continuei olhando, esperando. Ela grunhiu e sentou-se ao meu lado, passando creme nas pernas. - Quis saber se eu tava acompanhada pelo Wellington. 

- Cê disse o que? - Quis saber, bebendo um gole de refri. 

- Que não. - Ela me olhou. - Não ia inventar. - Voltou a passar o creme.

- Poderia. - Retruquei. 

- Nem vem. - Ela me olhou debochada. E então sua atenção voltou-se para suas pernas. - Perguntou meu telefone, eu disse que não tava interessada. Ele me elogiou e voltou pra mesa. - Franzi a testa, prestando atenção. Ela tá me contando bem por cima. Nada de muito detalhe. Até parece que ele não insistiu. 

- Entendi. - Me contentei. 

- Satisfeito? - Usou um tom irônico e eu fiquei calado, terminando de comer. Ela parou e me olhou. Suspirou e ficou me olhando. Olhei de volta e então ela me abraçou. - Vou sentir sua falta. - Afaguei seus cabelos. 

- Eu também vou sentir de você. - Fechei meus olhos. Ela se afastou e então nos olhamos novamente. Terminei meu hambúrguer e bebi o restante do refrigerante. 

- Agora cê some de vez da minha vida. - Riu sem humor. 

- Que papo é esse?  

- Cê já sumia antes, agora então... não tem mais motivo né?! 

- Tá maluca se acha que vai me ver longe da tua vida. E nem vem, porque você. É, você mesma. Era expert em sumir. 

- Por causa do trabalho. Motivos diferentes. 

- Vamos discutir de novo? Não imaginava assim a nossa despedida. 

- Não, eu tô só comentando. - Deu de ombros e olhou pra frente. Joguei ela na cama e deitei junto. Segurei seu rosto e fiz ela olhar pra mim. 

- Escuta só: eu não vou deixar de manter contato com você. Nem se você quisesse. Você é importante pra mim. Cê sabe disso. Eu sinto... - Decidi me conter. - É diferente com você. Sempre foi, por mais que você questione e eu entendo seus questionamentos. Mas tô falando de peito aberto. Sempre foi diferente pra mim. - Nossos olhares sempre um no outro. Ela assentiu e então disse: 

- A gente tá parando com nosso lance de uma forma madura. Então nós podemos ser amigos. Nós temos amigos em comum. Meu ciclo de amizade em São Paulo, é o seu ciclo. Então é meio impossível a gente não se ver em algum momento, mas eu quero que você saiba que eu sigo muito mais forte que antes. Mesmo! Você foi essencial pra que eu pudesse deixar o luto pelo Bernardo. O que a gente teve foi a coisa mais louca que já fiz. - Ela riu de leve e eu sorri. - Não sou muito de aventuras. Cê já sabe disso. Foi muito bom ter você como parceiro nessa. Hoje eu me sinto melhor. Apaixonada por você? Sim. Mesmo sabendo que não vamos continuar junto? É. Mas ainda sim, melhor. - Se calou e meu coração pulou no peito. 

- Você é a coisa mais linda que já vi. - Ela sorriu. - Só de pensar que eu não vou mais ver esses olhinhos verdes assim tão de perto. Que coisa mais gostosa! Eu fico mal. 

- Não vai ver porque não quer. - Me alfinetou. 

- Lavínia, me entende. - Pedi. 

- Tá, tá. - E então continuei a falar: 

- Essa tua boca. Porra. Eu sou apaixonado na tua boca. Não tem outra nesse mundo. Só a tua e cê tá me fodendo. Você é uma mulher maravilhosa. Maravilhosa pra caramba! Sortudo daquele que tiver você. 

- Tô olhando pro sortudo. - Me interrompeu de novo. E eu ri de leve. Ela mexe com meu coração. 

- Para, loirinha. Me deixa falar de você. 

- Deixo. - Mordeu os lábios e eu olhei pra eles. Desejei na hora. Fechei os olhos por um segundo e ela sorriu. Percebeu. Safada! 

- Cê merece um cara foda. Totalmente diferente de mim. Eu sei que o sentimento existe, mas quando a realidade chega, fica uma disputa grande e desgasta nós dois. Você, principalmente. 

- Mas seria outra situação. - Ela ergueu as sobrancelhas. 

- Ainda seria difícil. E eu tenho muitas questões também. Eu sei que você não tá preparada pra enfrentar tudo que vem comigo e eu não tô preparado pra namorar ninguém. Porque eu sei como vai acabar, acredite. 

- Você não tem como prever, Luan. - Suspirou. - Mas tudo bem. É o que você quer. 

- Só quero que entenda que você é espetacular. Eu, com certeza, sempre vou ter uma quedona por você. - Fiz careta e ela riu. 

- Você é muito gostoso! - Ela me beijou. E eu retribui. Foi um beijo com sentimento. Meu e dela. Muito sentimento. Meu peito quase explodiu e meu ar faltou. Eu perdi isso. Já era. 

- Me perdoa. - Olhei em seus olhos, pedindo baixinho. - Nunca quis te magoar, fazer você se sentir usada, uma qualquer. Nunca. Nunca quis te desrespeitar. Em hipótese alguma! Pelo contrário, eu sempre tentei mostrar o quando eu me importo e o quando é especial pra mim. Pelo jeito eu sou meio errado com isso. Tento, mas só faço errado. Então eu realmente não queria te magoar. Cê me perdoa?
 
- Tá. Eu perdoo sim. Agora vamos parar com esse papo? - Ela levantou. - Você desfez o meu coque. Tô toda descabelada. - Ele me olhou. 

- Nada disso. Mentirosa. 

- É verdade sim. - Ela sorriu e então levantou indo para o banheiro. Suspirei e fechei meus olhos. Que conversa intensa. Mas eu me sinto mais leve. - Luan! - Ela me chamou animada. - Já ia esquecendo minha máscara. - Voltou com um potinho não mão. 

- Cê levou pro banheiro? Nem vi você usando máscara.

- Eu pretendia. Mas não deu. Posso passar agora. Rapidinho. 

- Pra quê serve isso? 

- Tira as impurezas e rejuvenesce. Vou passar em você também. 

- Não, não. 

- Vamos, vai. Ela é dourada, bobo. 

- Belo argumento, mas não muda nada pra mim. - Eu ri. 

- Por favor. Sua loirinha tá pedindo. 

- Cê pode parar de usar isso pra me convencer de tudo. - Ela mordeu os lábios. 

- Vou passar no banheiro e depois venho passar em você. 

- Eu não vou passar.

Eu passei. Ela voltou, sentou em cima de mim e passou a tal máscara. Quis bater uma foto nossa. Uma das fotos mais bobas que já fiz. Ficamos abraçados, na cama. Ela me convenceu a ir deixá-la no aeroporto e disse que odeia clima de despedida. Então pediu pra que agisse naturalmente. Isso me fez rir. Pediu pra eu avisar quando chegar na cidade do próximo show e eu pedi pra ela avisar quando chegar em casa. Ficamos entre esses assuntos aleatórios. Passou-se 10 minutos e nós tiramos a máscara. Fizemos uma lambança no banheiro e ela molhou minha camisa toda. Riu de mim feito criança. 

- Cê fez isso de propósito. 

- Não. Eu juro que não. - Ela disse se acabando de rir. Não acredito que não vou ter mais isso.








Oiiiiii princesas! Dessa vez eu não demorei, vocês comentaram com vontade hein?!!!! Fiquei comovida com os comentários!!! Vocês são lindas, obrigada!!!! Vamos pra história? Esse capítulo foi uma mistura de fofice com tristeza. Que conversa sincera eles tiveram né?! Luan tentou se justificar... Lavinia sem rodeios quanto aos seus sentimentos. O que vocês acham? Digo mais: Luan tem um motivo. Pronto, falei! Masss me calei. Em breve saberão. Já quero ver vocês chutando tudo que é coisa 😂 Ainda teve ciúmes deleeeeee!!! Quem também adorou????
Espero voltar logo! Tô escrevendo horrores, morta de empolgada com a história 😍 Vocês também? 
Bjs, Jéssica ❤️

22 comentários:

  1. Mulheeer o Luan só pode ter um amor mal resolvido no passado por que né possível que seja tão burro AAAAAAAAAAAAAAAAAA conta logo o que é 🙏🙏🙏

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  2. MEU DEUS LUAAAN PRECISA FALAR PRA ELA SOBRE OS SENTIMENTOS, EU QUERO ELES JUNTOS LOGO!!!!

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  3. Na vida eu sou o Luan, besta e com medo dos sentimentos kkkkk. A cada capítulo eu ficou mais ansiosa ainda, fico imaginando o que pode acontecer kkk. Esses dois tem que ficar juntos logo!!!
    Contiinuaa que tá perfeito 😌👏

    Bjinhos// Rafa

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  4. Oi não sei se lembra de mim mais ou leitora bem antiga do tempo que tinha grupo no Whatsapp inclusive saudades kkk fui no blog pra reler entrelaçados e me deparei com essa fic maravilhosa que em menos de uma semana eu já li tudo e já quero mais,e sobre o capítulo quero o namorado ela logo kkk continua por favor

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  5. Ahh chorei com esse capitulo muito lindo e triste Luan vai se arrepender dessa escolha pq quando ela for viajar ela pode encontrar alguem e ele vai ficar chupando dedo continua

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  6. Que capítulo foi esse Braseeeel. Ansiosa pra vê esses dois juntos.
    Volta logo.

    Beijooos, Ana Carol.

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  7. Tô entendendo mais nada, quer e não quer. Tô é curiosa pra saber pra saber esse motivo que fez ele cometer essa burrice, mas já quero eles juntos namorando kkkkkk volta logo.

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  8. Jéssicaaaa do céu, menina estou chorando horrores!! Volta logo com próximoooo ❤️

    Quero o Luan sentindo falta da Lavínia, aaaa fica enrolando kkkk
    E quero eles juntos logo, amoooo. Você arrasa sempre Jéssica ❤️❤️

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  9. Amar é deixar ir né Luan? Aaaai, que capítulo triste, quase chorei daqui

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  10. Acho q luan tece um amor mal resolvido no passado
    Continuaaaa

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  11. Que capituloooo maaaaaraaaaa!

    Meu coraçãozinho doeu , eles são muito uns amorzinhos ... Porém , confesso que as vezes da uma vontade de pegar o Luan pelos cabelos e mostrar que ele tá errando , que ele vai sofrer de saudades mais na frente ... PORRA LUAAAN

    Tô deveras anciosa pro próximo cap ... Jeeh , volta logo , tá ?!

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  12. Amaaar é deixar ir, é saber sair de cena... Aí Luan assim não dá pra te defender né more? Kkk
    Continua amor .. que dó ver eles assim, mas o Luan não facilita e tem que morrer de saudades kkkk
    //Carol

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  13. Cadê voooooocê mulher??

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  14. Meninas tenham mais um pouquinho de paciência tá ?
    A Jeeh trabalha muuuuuuuitooooo e a vida dela é uma correria louca , então ( às novas leitoras ) tenham um pouquinho mais de paciência , as vezes demora alguns diazinhos , mas quando ela volta MEU AMOOOORRR

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  15. Como o Luan É difícil kkkk ai não vejo a hora de ele se declarar que está totalmente apaixonado por ela. Ela vai viajar bem que poderia rolar umas fotos dela com alguns amigos e o Luan fica se remoendo de ciúmes kkkkkkkkkkk continua 🙏🙏🙏🙏

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  16. Você poderia fazer um grupo no Whatsapp né??

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  17. Ansiosaaaaaaa para os próximos capítulos.
    Vim na esperança de ter mais um kkk.

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  18. Cadê tú mulher? Me mata não kkkkkkk
    Super ansiosa.
    Bjs Dalva

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